A vida de um comandante

O início de uma carreira

  Piloto comercial: uma profissão considerada de luxo, o que tecnicamente é, se contarmos com as viagens em todos ( por alguma razão se chama avião, é porque viaja) os dias, e com os hotéis nas viagens internacionais. O problema é o caminho para se chegar lá,  mas não vou estar a maçar esta gente com discursos, por isso vamos logo ao que importa.

    Hoje em dia trabalho como um dos privilegiados que trabalham nos maiores e nos mais recentes aviões comerciais, mas o mais interessante foi mesmo o inicio da minha carreira aquando de tirar o curso de piloto comercial.

 Estava eu a tentar entrar numa companhia aérea, depois de ter feito o curso de piloto privado, para fazer, nessa companhia, o curso de piloto comercial. A TAP, a companhia aérea de bandeira portuguesa, não era das mais atrativas, logo, fui espreitar as ofertas de outras companhias aéreas, e reparei que a Lufthansa  tinha ofertas atrativas, incluindo o inicio de carreira, com o curso de piloto comercial incluído, o que me salvava de ter de gastar dinheiro nesse curso, que não é muito barato.  Entrei lá e, então, tive a sorte de ser dos sortudos que tiveram a oportunidade de fazer o curso na América, numa das melhores escolas de aviação do mundo, que formava imensos pilotos para várias companhias de vários países.   Lá viajei para Alemanha, depois de fazer um curso intensivo de alemão, e embarquei num avião até Nova Iorque, onde ficava a escola. Durante as primeiras semanas/meses, não havia nada interessante para contar, dade que eram só literalmente aulas teóricas, e, obviamente, estávamos todos, interessados numa coisa: o primeiro voo. E esse dia lá chegou, o dia em que  iriamos fazer o primeiro voo, com um instrutor de voo.  Mas  ai não foi o mais interessante, por isso, vou passar logo para o que é interessante. Estávamos todos à espera do primeiro voo a solo, e esse dia lá chegou, e então levaram-me até ao avião que me estava destinado, um piper cherokee 140 da escola, o avião em que voávamos na formação (avião na imagem acima), e então dirigi-me para a pista em serviço, e descolei.  Ao fim de algumas descolagens e aterragens, estava eu no procedimento de aterragem, quando me informam que tenho de abortar a aterragem, (acionar potência de descolagem e dar a volta ao aeroporto), porque havia um avião a passar na pista, e então fui há volta. Curioso, logo quando estava a subir para dar a volta ao aeroporto, o motor falhou, e aí é que as coisas se complicaram, pois não tínhamos aprendido nada sobre falhas de motor durante a descolagem/aborto de pouso, ou seja, estava entregue à minha sorte. Vi que ainda tinha alguma pista em baixo de mim (o avião estava no inicio da pista) e então , como tinha altitude suficiente baixa para isso, desci o nariz e aterrei na pista que tinha, e puxei os travões ao máximo, e consegui parar no fim da pista. 

Quando saí do avião, pedi que alguém me viesse buscar, pois não podia sair dali sozinho.

O meu maior medo era perder a melhor oportunidade da minha vida por causa daquele voo.