Paris, a cidade do Amor, sentimento que se estende de Norte ao Sul pelo pequeno município. Sentimento que preenche os recintos mais vazios, mas que também esvazia qualquer espaço em que possam duas almas se encontrar. Sentimento que amorna os corações mais gelados, mas que também esfria os mais aquecidos. E quando se põe a desafoguear, não há nada que o impeça.
Assim se encontrava a Capital Francesa naquela noite. A escuridão era intensa e o vento brando levava a friagem a passear pelas ruas da cidade. Poucas pessoas se encontravam nas ruas, mas um uniforme vermelho de bolinhas pretas não podia passar despercebido em meio a calma noite parisiense.
Já fazia parte da rotina de Ladybug fazer a ronda noturna da cidade todos os dias. A mesma sabia que podia contar com seu parceiro Chat Noir para isso, mas, por conta do frio, se oferecera para patrulhar sozinha naquela noite. Até porque a garota aproveitava cada minuto em que podia vaguear pelos telhados da cidade e se isentar das responsabilidades de sua vida pessoal.
Ao percorrer o olhar por uma das praças ao redor, notou um vulto atípico passar pelo local. Aproximou-se devagar para se certificar de que estava tudo certo, mas não demorou muito para que a garota reparasse no típico cabelo de pontas azuis que, para ela, de desconhecido não tinha nada. Isso é porque a heroína conhecia muito bem o dono dos cabelos azulados, Luka Couffaine.
- O que faz aqui tão tarde? - perguntou a menina.
- Ladybug? Você me assustou!
- Desculpa chegar assim de repente - disse rindo.
- Tudo bem - soltou uma risada fraca - Gosto de caminhar por aqui para me inspirar e respirar ar puro. Paris é linda à noite - disse Luka olhando as luzes que tomavam conta da cidade.
- Você tem razão, é incrível poder se inspirar e ver as luzes de perto. A melhor visão da cidade é a do topo da Torre Eiffel, você já viu?
- Acho que não, mas não duvido de você.
- O que acha de ver com seus próprios olhos?
- Mas como?
Ladybug abriu um sorriso de canto e estendeu o miraculous pertencente a Luka, que permitiria que o garoto a acompanhasse até o topo dos mais altos edifícios.
- Mas... Os miraculous não deveriam ser utilizados para uso pessoal, não é?
- Você vem ou não? - perguntou Ladybug com um semblante divertido, agarrando o ioiô em um dos prédios próximos.
Com a insistência da heroína, Luka se transformou usando o miraculous da cobra, se tornando Viperion, e seguindo na direção da garota.
- Uou, você tinha razão, a vista daqui é incomparável.
- Quando estou em um dia ruim, venho aqui para pensar um pouco. Sempre funciona - comentou Ladybug se sentando em uma das barras metálicas no topo da Torre.
Ambos ficaram calados por alguns segundos, apenas aproveitando a visão da cidade, e a brisa fria que o vento trazia. Até que Viperion iniciou um diálogo:
- Acho que nunca tive a oportunidade de te agradecer...
- Pelo que?
- Por me escolher para usar um miraculous, e confiar em mim.
- Não precisa me agradecer, você tem feito um bom trabalho. Fico feliz que aceitou nos ajudar - respondeu Ladybug com um sorriso, posicionando uma das mãos sobre a dele.
Por um instante, a garota esquecera o fato de que não estava em sua forma civil, e tirou a mão rapidamente, ficando violentamente corada. Viperion soltou uma risada leve ao vê-la daquele jeito.
Depois de alguns segundos, um silêncio constrangedor tomou conta do local, então o garoto, olhando para o horizonte, limpou a garganta e perguntou:
- Você gosta disso? Gosta... de ser uma super-heroína?
Ladybug soltou um suspiro, como se pensasse numa resposta e respondeu:
- Não é ruim, quer dizer, é claro que é uma grande responsabilidade. Mas eu gosto de fazer isso, gosto de ajudar os outros e ver a cidade segura. É só que... ás vezes eu sinto que as pessoas esperam muito de mim. Todos pensam que eu sou uma garota corajosa e durona, mas ninguém nem imagina quem eu realmente sou como civil. Talvez os outros ficassem decepcionados se descobrissem - disse abaixando a cabeça.
Ao ouvir as palavras de Ladybug, Viperion se aproximou um pouco e disse:
- Tenho certeza de que você é mais forte do que pensa. - O garoto continuou a frase num susurro - Sabe... ás vezes nós só precisamos parar de dar ouvidos ao alvoroço ao nosso redor, e parar para ouvir a melodia que o nosso coração tem a revelar.
Ladybug estava prestes a dizer algo quando foi interrompida por um sinal de silêncio vindo do herói.
- Sshh! Consegue ouvir? - disse o garoto fechando os olhos e esboçando uma expressão calma.
A azulada fez o mesmo, e então, foi capaz de ouvir uma serena melodia de música clássica vindo de longe. A harmonia das notas musicais foi o suficiente para fazer com que um leve sorriso se formasse nos lábios de Ladybug. A mesma respirou fundo como se pudesse inspirar cada combinação de sons que os instrumentos produziam em conjunto.
- Você sempre sabe o que dizer, não é mesmo? - disse a menina de forma sincera.
- Nem sempre. Na maioria das vezes a música faz isso por mim -respondeu Viperion com um sorriso.
Logo em seguida, o menino levantou-se do local onde sentava, e disse em tom irônico:
- Me concederia a honra dessa dança, senhorita? - estendeu uma das mãos em direção a garota em uma reverência exagerada.
- Está brincando, né? - questionou Ladybug rindo.
- Não mesmo - afirmou o herói.
Cedendo, a menina lhe deu a mão, levantando e se aproximando do moreno. A mesma apoiou as mãos no pescoço de Viperion, enquanto este posicionou as dele na cintura da dela. Os dois dançaram lentamente no ritmo da música. Por um momento, ambos se esqueceram de qualquer outra coisa. Era como se só existisse a melodia e a paz que aquele momento proporcionava. Ladybug apoiou a cabeça no ombro de Viperion, e assim ficaram por alguns minutos. O silêncio permanecia no lugar, só se ouvia o som do delicado balé que as notas musicais dançavam no espaço. Mas a mudez de ambos não causava constrangimento a nenhum deles, pois apenas a companhia um do outro bastava naquele momento.
Depois de um tempo, os heróis se separaram timidamente.
- É.... Acho que já está tarde. Talvez seja melhor nós irmos... - disse Ladybug arrumando a postura.
- Até que para uma super-heroína você dança bem - disse o garoto em tom brincalhão.
A menina riu, dando uma cotovelada no moreno. O mesmo fez um gesto exagerado de dor, entrando na brincadeira.
- Viu, você até que é bem durona quando quer, Dupain-Cheng - disse o guitarrista olhando em seus olhos, e se preparando para ir embora.
- Como você... - a garota foi interrompida por um beijo na bochecha.
A mesma não teve tempo de reagir, já que Viperion foi embora logo em seguida. Ladybug posicionou uma das mãos na bochecha onde havia recebido o beijo, soltando um suspiro. Como ele havia descoberto sobre sua identidade? E há quanto tempo ele sabia? Eram tantas perguntas... Mas essas eram as que menos perturbavam a mente da azulada. Como ele havia feito para deixá-la desconcertada daquele jeito? Essa pergunta ela realmente não sabia responder.
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Love's Soundtrack
Fanfiction- Você sempre sabe o que dizer, não é mesmo? - disse Ladybug de forma sincera. - Nem sempre. Na maioria das vezes a música faz isso por mim -respondeu Viperion com um sorriso.