Dominada pela sombra

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Pai, meu pai, isso tudo é culpa dele, mesmo depois de morto continua dando trabalho, o pior de tudo é ter a responsabilidade dos meus irmãos toda em meus ombros. Claro, agora que eles são maiores a situação tá um pouco melhor, mas ainda sim...

Pra maior contexto meu pai era um puta vigarista e oportunista, tudo o que importava para ele era política, governar e como manter seu posto, seu poder, sem se importar com os custos ou sua família, tanto que minha própria mãe foi vitima dele. Nisso tudo a cabeça dele subiu, o desespero tomou conta quando ele percebeu que não ia ganhar a eleição ao cargo de senador, então ele recorreu a pior coisa possível... A máfia, ele fez um acordo, desde que os membros garantissem os votos necessários para ele ganhar, ele ia fazer vista grossa para as ações feitas pela "família" como eles se chamam. Só que o problema foi que o estresse levou meu pai embora, poucos dias depois de eleito ele teve um infarto fulminante, fazendo com que a dívida fosse passada aos seus sucessores, no caso eu e meus irmãos. Claro, no fundo no fundo eu perdoei ele, talvez até o ame, só que ser perseguida por caralhos 10 anos é o limite pra mim.

Depois do que aconteceu com meu pai a gente achou uma carta em seu escritório, na tentativa de resolver como iriamos fazer seu funeral e enterro, ela não dava noção total na confusão em que estávamos metidos, mas foi o suficiente para pegarmos todas nossas finanças guardadas e comprarmos uma casa segura o mais longe possível da cidade. Mesmo assim a gente encontrou dificuldades, momentos em que quase fomos levados ou seguidos na rua, só que a grana tava curta por que nos focamos nas dispensas da casa, que por um sinal são muito salgadas, então nossa única proteção pessoal eram nossas habilidades de luta, como lutadora de judô profissional era fácil dizer que eu me viro bem sozinha, assim como meus irmãos, mas se a gente fosse sair dessa situação e de preferência com todos vivos eu tinha que largar a mão de ser teimosa e contratar alguém.

Por isso que hoje eu tô aqui, no escritório dele, com meu capuz deixando toda minha face escondida, mas ele sabia muito bem quem era, mesmo com meu jeito, na sua mente ele já tinha previsto que eu ia me render a sua ajuda.

- Subaku, você por aqui, pensei que com sua teimosia só te veria daqui uns anos com uma faca contra sua garganta – Disse ele balanceando um cigarro em sua mão e na outra o seu precioso isqueiro.

- Sabe que não gosto do cheiro...

- E por um acaso o cigarro tá aceso, você não muda mesmo – Disse dando um sorriso de lado que se não o conhecesse o suficiente acharia que seria um flerte.

- Você muito menos, será que podemos ir ao que interessa, o "senhor" sabe por que estou aqui.

- Eu sou o mais novo aqui, sem contar que você tá no meu escritório, não precisa ser tão problemática sempre. Você pelo menos avisou os seus irmãos o que vai acontecer ou se fez de sonsa e quando eu chegar na sua casa eles vão querer botar uma bala na minha cabeça?

- Claro que avisei, não sou idiota, e seria um grande favor caso eles fizessem isso.

- Acho que vou exigir um pagamento sim – Falou um pouco mais sem paciência com minha pessoa e de proposito ele acendeu o maldito cigarro, se ele soubesse o quanto isso me afeta ele talvez iria pensar um pouco antes de continuar, se bem que pensar é o que ele mais faz.

- Sabe muito bem que não tenho como te pagar, pelos velhos tempos de tatame ok?

- Ok, mas agora eu tenho que revisar o material que você mandou antes de ir pra sua casa, sem contar que vou tirar meu tempo para verificar minhas armas, tudo bem que eu prefiro a estratégia do que o combate, mas eu preciso estar preparado para tudo pelo visto.

- Eu sei dar conta de mim mesma, só preciso de ajudar pra sair desse ninho de cobras.

- Sei do que você é capaz, por um acaso pensa que minhas costelas se recuperaram daquele número que você me deu – Perguntou comum tom sarcástico.

Dominada pela sombra - one shotOnde histórias criam vida. Descubra agora