Guilherme estava lidando bem com o divorcio, ao menos era isso que dizia para todos a sua volta.
Desde que Rose saiu de casa, seus dias consistiam em ir para a Clínica e passar um tempo com seu filho, Antonio. Nada havia novo, mas ele estava bem co...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
O quão rápido ele conseguiria correr até o estacionamento?
Essa era a única coisa que passava pela cabeça de Guilherme enquanto ouvia sua ex esposa e filho debaterem sobre sua vida amorosa, era tão estranho, desagradável e transformava o que era para ser um tempo afável em família em algo intragável.
Os almoços juntos eram uma tradição que tinham a anos. Todo sábado iam para o mesmo shopping, no mesmo restaurante e quase sempre se sentavam na mesma mesa, passando horas ali. Eram bons momentos e o médico realmente os adorava, ficando sempre ansioso para que sábado chegasse e tivessem esse instante de calmaria, mas hoje apenas queria que acabasse o quanto anos, para poder ir para casa e se livrar do maldito assunto.
O que era o seu dia perfeito, havia se transformado em um grande ultimato para que encontrasse alguém e, caso precisasse de uma ajuda nisso, aceitasse sair em um ou dois encontros que Rose iria arrumar com uma de suas amigas. E mesmo se negando e tentando desviar a conversa para outros tópicos, ela acabava retornando para o mesmo ponto, deixando tudo ainda mais insuportável.
Claro, ele nunca iria expressar o que pensava deste modo, ou até mesmo reclamar de uma forma mais direta e correr o risco de destruir o momento. Quando o divórcio saiu, seu maior medo era que acabassem por se afastar, que dessem um fim para essa tradição tão amada, mas não foi o que ocorreu, pelo contrário, agora sem o peso das constantes brigas, o clima havia se tornado mais leve, descontraído e mesmo que nas últimas duas semanas estivesse irritado com essa insistência, ainda não desejava correr qualquer risco desnecessário.
O real problema era como não tinha outro assunto em pauta, se ainda equilibrassem na conversa, seria fácil de suportar, mas não estava acontecendo e Guilherme sentia falta de quando as conversas eram apenas sobre as notas de Antonio e as possíveis namoradas do filho, ou sobre a volta da carreira de modelo de rose, ou também sobre alguma de suas cirurgias e paciências. Era tão fácil quando as coisas funcionavam dentro dos conformes e até podia concordar que em algum momento, não poderia mais se esconder da realidade e que se caso Rose não desse qualquer sinal sobre querê-lo de volta, ele precisaria retornar a vida de solteiro. Só que caso acontecesse, caso fosse mesmo se permitir seguir em frente, isso viria em seu tempo, quando se sentisse pronto para se jogar em uma nova relação e esquecer de vez o que sentia pela ex esposa.
Sabia que para Rose era diferente, porém havia sido ela a entrar com pedido de divórcio, não ele, então era compreensível que fosse ela a mais tranquila com tudo aqui. Para Guilherme era apenas recente demais, achava pouco oito meses para superar um casamento que durou 16 anos e meio, assim como achava pouco para esquecer 18 anos amando a mesma mulher.
— Vamos, Gui, posso te apresentar algumas amigas, talvez arranjar uns encontros — Rose balançou o ombro, sorrindo enquanto voltava a insistir naquele assunto. Ela parecia empolgada, como sempre quando era esse o tópico, o que trazia a ele uma certa desconfiança.
