THUR (LOUD) | Concluída ✔
Tiana sempre amou a chuva. Sempre amou as gotas escorrendo na sua janela, o toque melancólico e poético que ela trazia e a sensação de aconchego em meio ao caos. Ela gostava tanto ao ponto de passar horas encarando o céu, d...
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Maísa se deitou na minha cama, após um banho quente, com os olhos e nariz vermelhos. Depois da ligação, meu pai, eu e Raffa fomos até a sua casa.
Era comum que seu pai surtasse assim, às vezes. Geralmente ele estava bêbado (como sempre) e arrumava uma forma de descontar as frustrações do casamento conturbado inteiramente nela, colocando defeito em tudo que fazia. Todas as vezes Maísa me ligava. Embora se fizesse forte, ninguém conseguia se preparar para isso e, no fundo, por mais que enfrentasse isso quase sempre, nunca se acostumava.
─── Como você está?
Mordi o lábio inferior, sentindo meu coração apertado quando ela sorriu fraco e depois fez uma careta por conta do corte no canto da boca.
─── Bem. ─── pigarreou, notando minha atenção. ─── Dessa vez foi só um tapa. Eu consegui correr antes que ele pudesse fazer mais...
Pisquei, sentindo meus olhos arderem. Ela era tão forte que eu jamais me imaginaria passando por algo assim e ainda conseguir manter a alegria que ela tinha.
─── Meus pais querem fazer um boletim de ocorrência contra ele, mas só vai dar alguma coisa se você e sua mãe aceitarem denuncia-lo também, Isa. Vocês, você principalmente, sempre são as vítimas desse maluco...
Ela balançou a cabeça, desviando o olhar.
─── Não adianta...
─── Talvez sim...
─── Não Tiana, você sabe que não. Isso aconteceu da outra vez, lembra? E só serviu para que ele jogasse mais ainda as coisas na nossa cara e usasse isso como alicerce para me bater mais... Já basta as coisas que ele me diz/faz, não quero dar mais motivos sabendo que ele vai sair e...
Suspirei. Ela estava certa, infelizmente. Assim como não era a primeira vez dele surtando, também não seria o primeiro boletim contra ele. Embora nunca estivesse em casa, eu não entendia como a mãe dela não se preocupava em ao menos se separar dele, mesmo que no fundo eu soubesse que ela apenas tinha desistido de tudo. Do casamento, da filha... de ter esperança.
No fim, quem mais sofria e não podia fazer nada era Maísa.
─── Eu sinto muito! ─── Murmurei, deitando ao seu lado e abraçando seu corpo..─── Queria poder fazer mais do que isso. Ainda assim, você sabe que pode ficar aqui o tempo que quiser, certo? Nós somos sua família também e te amamos mais que tudo. Essa também é a sua casa.
─── Eu sei e sou muito grata por ter vocês, de verdade! ─── riu, abraçando-me de volta. ─── Obrigada!
Balancei a cabeça. Ficamos em silêncio durante um tempo, ainda abraçadas.
─── Tácom sono? ─── Me perguntou.
Balancei a cabeça, mordendo o lábio inferior e ela riu, já sabendo o porquê.
