06. Blood donation

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Nova versão

RAYRA SWAN

A caminho da escola eu temia, sentada no banco de passageiro tão encolhida que quase me enfiava no estofado, minha cabeça encostada no vidro olhando a paisagem que passava rapidamente e a chuva escorrendo pelos vidros. Mal consegui dormir essa noite, esse deve ser o motivo das piscadas lentas, ou a causa é os meus pensamentos longes e desastrosos.

— Chegamos Rayra. — Isabella avisou. Ergui a cabeça olhando ao redor pelos vidros, o carro já estava estacionado e Isabella já estava com sua mochila em mãos, acho que já faz tempo que chegamos.
    
Peguei a minha no chão do carro entre minhas pernas, coloquei o capuz sobre minha cabeça e saí abrindo o guarda chuvas. Com uma mão no bolso da blusa de moletom ao lado de Isabella, segui para o pátio onde estavam todos os alunos.

— Vou para perto dos Cullen, você vem? — Neguei com a cabeça.

— Não. Vou ficar naquele canto ouvindo música. — Apontei para o lugar isolado no canto da parede, Isabella assentiu já andando em direção ao grupo de amigos, peguei meus celular conectando o fone de ouvido e me encostei na parede.

Distraída mexendo nos aplicativos do celular, um arrepio ruim subiu a minha espinha me fazendo estremecer, ergui a cabeça estranhando ao ver todas as pessoas olhando admiradas para um canto específico, girei o meu pescoço na direção em que olhavam e desejei não existir. Sean entrava no pátio elegantemente, suas roupas típicas de bad boy, os cabelos pretos além de estar bem penteados, tinha alguns fios rebeldes caindo em sua testa. Seu olhar me encontrou, desviei o meu para Isabella que também me olhava nervosa, com o coração acelerado e a mente turbilhando, desencostei da parede começando a andar entre todos com passos apressados, infelizmente ele me alcançou.

— Fugindo de mim? — Engoli seco, segurando em meu braço ele me fez parar e me girou envolvendo seus braços em minha volta num aperto com falso carinho. — Quanta falta de modos Rayra.

— Me solte Sean. — Eu queria que minha voz tivesse saído mais firme, só que não passou de um sussurro fraco jogado ao vento. Eu sentia os olhares em cima da gente, eu queria correr, mas os braços me impediam.

— Eu falei que você teria uma surpresa hoje. — Riu nos separando um pouco. — Somos colegas de classe novamente, não é maravilhoso? — Minha mente travou.

Colegas de classe?

Não. Não. Não. Isso não pode estar acontecendo.

Me afastei de seu corpo no mesmo instante, firmei a mochila nas costas e marchei em direção a sala ouvindo o sinal assim que passei pela porta de saída do pátio. Meus globos oculares ardiam pelo choro que segurava, uma bola se formava no fundo da minha garganta que tive que engolir seco, fechando os punhos tão forte que as unhas entraram na pele me sentei ao fundo da sala desejando ter, pelo menos, alguns instantes sozinha.

(...)

No hospital, eu tentei manter a cabeça focada no trabalho, separando vida profissional da pessoal, um pouco difícil confesso, mas é necessário, ainda mais quando a recepção está cheia.

— Preciso que ligue para as pessoas dessa ficha. — O Dr. Cullen me entregou um papel com números telefônicos com nomes. — Precisamos de doação de sangue AB negativo para o Bernardo, o mais rápido possível.

Bernardo Hunter, o menino de dois anos que deu entrada no hospital ontem à noite depois de um acidente grave de carro, um milagre ter sobrevivido ao acidente, diferente da mãe que morreu no local, o garoto nesse momento está acompanhado por uma enfermeira, nenhum parente ou pessoa conhecida apareceu até agora.

— AB negativo? — Afirmou. Esse é o tipo sanguíneo mais raro de se encontrar, mas felizmente. — É o meu tipo sanguíneo. Eu posso doar. — Um sorriso cresceu em seus lábios.

— Ótimo Rayra. Me acompanhe por favor. — Olhei para Thalia.

— Pode ir. Eu me viro aqui.

Chegando na sala de doação, depois de alguns exames, me sentei na cadeira estofada colocando meu braço no encosto. Eu tinha uma certa aversão por agulhas, mas se é para ajudar uma criança, posso ignorar isso. Carlisle surgiu ao meu lado com algumas coisas em mãos, molhando o algodão no álcool ele limpou a curva do meu braço e em seguida amarrou o garrote.

— Está tremendo. — Disse segurando meu antebraço passando o dedão sutilmente várias vezes.

— Não sou grande amiga de agulhas. — Admiti me sentindo afetada pelo toque gelado em minha pele, que apesar das luvas em suas mãos, dava para sentir perfeitamente sua temperatura, o que me fez arrepiar. Ignorei isso vendo ele pegar a agulha, que estava ligada em uma mangueira que dava em uma bolsa vazia em cima de uma espécie de balança. Meu coração deu um salto ao ver o tamanho da agulha em sua mão.

— Fique tranquila. Se você se mover, posso acabar rompendo uma veia. — Já ouvi tanto isso que sei até de cor, mas se falam na intenção de nos acalmar, eles fazem totalmente o contrário.

Ao aproximar a agulha do meu braço, ergui o olhar para seu rosto vendo ele todo concentrado, alguns segundos assim e seus olhos encontraram os meus na mesma intensidade de sempre, pisquei lentamente deixando meu olhar cair para seus lábios, um sorriso ladino começou a aparecer em seu rosto e notando isso desviei o olhar sentindo minhas bochechas esquentarem.

— Pronto. — Olhei para o meu braço vendo que a agulha já estava enfiada na minha pele e o sangue escorria pelo tubo indo para a bolsa. — Uma enfermeira vai ficar com você, preciso ver alguns pacientes. — Assenti.

*

No final de semana, Brandon me levava para a reserva, eu sorria com as coisas bestas que saíam de sua boca, era como se perto dele nada me afetasse, nenhum pensamento melancólico, ou vontade de chorar.

— Não vamos ir pra sua casa? — Estranhei quando passamos direto pela casa vermelha e Brandon sorriu.

— Não. Vamos para casa de Sam, você vai conhecer o resto da matilha hoje. — Informou. Andando mais alguns minutos de carro, Brandon avisou quando chegamos.

Depois de descer, acompanhei Brandon até a parte de trás da casa, o espaço era enorme, tinha mesas com cadeiras de madeira espalhadas por alguns cantos e uma mesa maior no centro onde estavam as pessoas comendo. O primeiro a se levantar foi Jacob, que correu até mim dando um abraço.

— Ei, Jake.

— Que bom que agora você também sabe de tudo isso.

— Ah, é. Só estou um pouco preocupada em começar a ter pesadelos com isso. — Eles riram, nos aproximando da mesa onde estavam os outros Brandon começou a apresentações.

— Segura aí ruiva. — Paul, um dos garotos da matilha sentado ao meio da mesa, disse ao jogar um bolinho que estava na cesta. — Foi Emily que fez.

— Emily? — Perguntei olhando para Brandon ao meu lado dando uma mordida no bolinho, sentindo o gosto maravilhoso se espalhar em minha boca. Que perfeição.

— A mulher do Sam. — Assenti mordendo outro pedaço. — Por favor, lembre de  não encarar muito ela. — Sussurrou e afirmei com a cabeça.

— Nossa! Isso aqui tá perfeito.

— Rayra! — Girei os calcanhares vendo um casal andar até nós. A mulher sorridente, da mesma altura que eu, se aproximou rápida e analisando o seu rosto entendi o que Brandon pediu. Na lateral de seu rosto havia uma cicatriz muito evidente e entendo o desconforto que seria alguém ficar encarando, a abracei quando esticou seus braços para mim. — Sou Emily. Como é bom finalmente te conhecer, Brandon não para de falar em você um minuto. — Escutei risadas e ri junto.

— Espero que coisas boas. — Nos separamos, olhei para atrás de Emily, onde o homem que a acompanhava estava um pouco mais afastado. — E você deve ser o chefe. Sam.

— Olá, Rayra.

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Dois capítulos hoje juntos!

Até o próximo!

Lis Miller

Fire Goddess | Carlisle CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora