Capítulo 33

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Talvez faltasse um peça ou duas de roupa para completar a mala, a última caixa com suas joias também. E por fim, a mala de Marta estava pronta. Ao se sentar e observar aquela cena, ela sentiu um nó na garganta,  talvez por ter que sair de casa, ou por causa da falta que Zé fazia ao lado dela.
Sim, ela estava com raiva dele, muita raiva, muito ódio e bastante ressentimento. Mais ela o amava, e mesmo em seu subconsciente ela o protegia, ou pelo menos ainda sentia vontade de protegê-lo de alguma forma, de ajudá-lo de alguma forma, cuidar de alguma forma.

Depois da mala pronta, ela caminhou até um  sofá que ficava em seu quarto, pegou um pequeno caderno que antes anotava algumas coisas, se sentou e retirou os óculos de leitura que ainda estavam no rosto. Deitou a cabeça no encosto do sofá e ficou ali pensando em tudo.

Ainda imersa em pensamentos, ela nem notou a presença "indeseja" na porta. Mas ao notar, não demonstrou nenhuma reação exagerada, muito pelo contrário. Conseguiu se manter inerte em pensamos e expressões.

— Oque você quer?— perguntou sem olhar para ele.

— Que você pare com oque esta fazendo, Marta.

Marta não conseguia encarar os olhos dele, nem ouvir sua voz e muito menos ter que sentir a presença dele no mesmo ambiente, aquilo causava encomodo nela. Parece que havia desaprendido a agir na presença dele.

— Eu não sei se você reparou mais eu estou ocupada.

— Marta, eu sei que não há nada que eu vá dizer que vai fazer você acreditar em mim, mas...eu...não quero que você saia de casa!

— E oque você pretende tendo a mim e a sua amante sobre o mesmo teto? Um amigável acordo de paz entre mim e ela? Ou talvez uma espécie de guarda compartilhada? Como: ela fica com você durante a semana e eu aos finais de semanas? Ah, me poupe, José Alfredo. Você é ridículo, vocês dois são. Quero mais é que vocês vão pro inferno e me deixem em paz.

— Marta, Marta. Que você fique mais não por mim, mais pelos nossos filhos, nossos netos que ainda são pequenos. Apenas por isso.

— Você não vai me ganhar com chantagem emocional barata. Nossos filhos já são bem crescidinhos, e nossos netos tem pais e duas babás para cuidarem deles, e eu não vou abandonar minha família. Só estou saindo porque não sou obrigada a fazer parte desse teatro e muito menos aguentar a presença dessa garota aqui.  Agora sai do meu quarto...— Ela passou por ele, parou na porta aberta e apontando para fora.

— Não faz isso, Marta — Ele parou bem perto dela, a sua frente.

— Acho que é um pouco tarde para você pedir para eu ficar, não acha?

— Eu nunca quis magoar você, my diamond.

— Para, não me chama assim. Você perdeu todo direito de me chamar assim quando me traiu pela segunda vez. A traição Zé, é uma dor que mata a gente de dentro para fora, ela pode destruir a gente ou nos tornar em algo melhor, no meu caso você acabou comigo. Você tem alguma ideia do que me causou, Zé? Tem?

Marta viu os olhos dele se enxerem de lágrimas. Oque foi uma deixa para que os dela também se enxessem.

— Não!

Ela se manteve olhando fixamente, quase conseguindo ler seus pensamentos. Seu coração bati tão rápido que ela teve medo que ele pudesse ouvir.

— Me deixa em paz, Zé. Por favor. Ficar perto de você já é suficiente para me causar ainda mais dor...— Ela o afastou pondo a mão em seu peito.

Zé pôs sua mão sobre a ela e inesperamente a puxou para um abraço.

— Me perdoa pelo oque vou fazer, mais acho que vai ser a última vez — Nem ele tinha certeza do que estava dizendo. E nem ela entendeu nada quando ele sussurrou aquilo, mas ao sentir o beijo dele, nada mais importou.

Ele conseguiu desestabilizar e tirar as forças dela, e ela não sabia que era a força que ele precisava para continuar.

Oque de início foi um selinho, se tornou aos poucos um beijo intenso e, em meio a muita raiva e mágoa acumulada, ainda existia amor. Ele agarrou a cintura dela, juntando seus corpos de maneira que não daria chance dela escapar e, ela acaricou os cabelos grisalhos dele, descendo com as unhas em suas costas. Tudo oque importava naquele instante era a atmosfera que aquele beijo causava, o êxtase dos coração tão perto através dos corpos, as línguas que conheciam cada carinhos de suas bocas, o jeito de beijar, o toque das mãos dele apertando sua cintura. Tudo era importante,  eram lembranças que lá na frente iriam doer em ambos. Mais um era como vício para o outro.

Ao final do beijo ele logo a abraçou rapidamente, parecendo não querer soltá-la, não querer deixá-la ir. Sabia que se deixasse, tinha grandes chances de não tê-la nunca mais.

Ela tirou as mãos dele de sua cintura e o empurrou para fora sem nem ao menos olhar para seus olhos. Seu corpo inteiro estava trêmulo, quente e seu coração numa velocidade nunca vista. A boca ainda pulsava pelas voltas do beijo e as mordidas, o toque dele, o cheiro havia ficado dela. Se sentiu fraca com ter sedido, mais entendendo que por mais que negasse, ele sempre seria o homem de sua vida, o amor de sua vida. E por mais não estivessem mais juntos, o coração sabia disso, portanto, cada batida ainda era por ele.

***

Oi amores. Esse foi um capítulo extra de mimos para vocês. Um refresco antes do furacão que esta por vir.

Espero que tenham gostado.
💋





Meu Diamante - MALFREDOnde histórias criam vida. Descubra agora