Ninguém pode comparar a sua dor com a do outro…🍃
- Meretíssima, tem um homem aqui fora que gostaria de falar com a senhora._ Falou Elizabeth após eu ter dado permissão para entrar na minha sala.
-Quem é?
-Ele recusa-se a dizer o seu nome, mas disse que é um assunto importante.
-Ele não diz o nome?-perguntei curiosa e vendo a minha jovem assistente balançando a cabeça em negação, pedi que deixasse o homem entrar.
Ela assentiu deixando a sala e fechou a porta atrás de si, duas batidas na porta soaram e sem a devida permissão ela se abriu trazendo consigo memórias. Em milésimos de segundo vi um ano da minha vida passar aos meus olhos. Viagens no tempo existiam? Claro que não, mas parceu tão real.-Me desculpa ter vindo assim._ Ele continuava parado ao lado da porta, estava diferente, mas era um diferente bom, ele estava óptimo. Olhava para mim com certo receio. -Eu realmente precisava vir. – Ele continuou sabendo que eu não responderia, dando passos tímidos na minha direção, então parou de frente a minha mesa.- Você continua, linda!
Eu não sabia o que dizer, eu deveria dizer alguma coisa? Ele continuava olhando para mim a espera de alguma resposta, talvez uma simples palavra, mas o que dizer depois de tanto tempo?
Respirei fundo e pigarriei chamando a sua atenção.-Obrigada, o tempo também foi bastante generoso com você._ Tentei soar o mais confiante possível.- Sente-se por favor.
-Gentileza sua._ Pareceu sem graça, e sorrindo leve continuou.- Quanto tempo…
-Nem tanto, afinal o que são 10 anos?_ Uma vida! Pensei, mas nada disse. Observei o seu semblante mudar.
- Eu sinto muito, eu…
-Não, para. Para por favor! _ Interrompi - o.- Você não pode vir aqui depois de 10 anos e dizer que sente muito._A minha voz tremeu mais uma vez e eu senti os meus olhos marejados, então me levantei e fiquei de costas para ele.- Você tem ideia do que aconteceu? Não, você não tem porque simplesmente você não esteve lá. E agora, 10 anos depois você vem e diz que sente muito? Qual é o teu problema?- Me virei outra vez, elevando a voz e já não podendo segurar deixei as lágrimas seguirem seu caminho.
_ Por favor me deixa explicar, eu jur…
_Chega! Não diz mais nada._ Interrompi-o mais uma vez, calma agora.- Se o Senhor não tiver nenhum assunto de carácter jurídico para tratar comigo, por favor saia da minha sala._Falei enxugando as lágrimas que insistiam em cair.
-Eu só quero explicar o que aconteceu, por favor._ele olhou para mim, cansado e abatido, não me abalei, o meu trabalho me ensinara a não confiar nas pessoas.
-Sr. Benett, não foi um prazer revê-lo, e peço que se retire._Pedi com a voz firme.
_ Sr. Benett?_ Pareceu incrédulo por lhe tratar de maneira tão formal.- Eu sei que você não quer me ouvir e não precisa, apenas leia._ Arqueei uma sombrancelha, ficando mais atenta, ainda parecendo desinteressada.- você lembra que eu tinha um diário? Eu escrevia tudo nele, lembra?_Continuei calada.- Eu escrevi também o que aconteceu na época, por favor leia._ Me entregou um pequeno caderno, que até então eu não tinha visto, não movi sequer um músculo para recebê-lo, e percebendo que não o faria colocou o caderno na minha secretária.- Essa é a minha versão da história._ Foram as últimas palavras que disse antes de sair pela mesma porta que entrou.