Capítulo 75 - Aline

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_Parando agora para pensar, é verdade.

_Eu demorei um tempo para compreender, mas quando vim para essa cidade grande pude ter um pouco dessa consciência social e racial. - Fecho o livro colocando o marca página

Já faziam seis dias que eu estava aqui sob os cuidados dele. Particularmente, eu me sinto bem, seguimos cada recomendação e juntamente com o excesso de cuidados do Cristopher, não tinha como não melhorar rápido. Ele é atencioso, ao mesmo tempo também é cuidadoso, está sempre me mimando de todas as formas e eu estou adorando. Ele sequer se parece com o homem rude que conheci, pelo contrário, têm se mostrado um grande romântico e protetor.

Em todos esses dias aqui, nós temos passado muito tempo conversando, se conhecendo mais.
E contudo, eu posso concluir que talvez ele nunca tenha sido ruim, estava machucado o bastante para se trancar em sua própria prisão mental. A falta de amor e afeto que ele diz ter sofrido com seu pai o tornou mais fechado e duro. É claro que não justifica as suas más atitudes para comigo e os outros, apenas ajuda a saber a raiz de seu comportamento hostil. Algo que ele têm evoluído significamente, ele não é mais um grosso e preconceituoso, graças ao seu empenho ele têm tido resultados positivos. Como agora, em quê começamos a falar sobre o preconceito social e ele retira um livro em sua biblioteca. É notório que ele têm buscado saber mais sobre o assunto e isso é algo que realmente me deixa muito feliz.

_A verdade é que o racismo é algo estrutural, está enraizado em nós mesmos.

_Mas como pode? Eu nunca te vi ter atitudes racistas.

_Eu não nasci desconstruída, eu também já errei. O importante é reconhecer e não praticar mais.

_Sem contar que além de ir contra a consciência, também é crime. - Ele me encara cuidadosamente - Você sabe que poderia ter me processado, né!?

_Eu sei disso.

_Por que não o fez?

_Não é fácil assim. - Arqueia a sobrancelha - Você é um grande advogado e quais chances eu teria? Eles iriam questionar da veracidade do caso e eu estaria sofrendo duas vezes mais.

_Veracidade, essa é a minha menina. - Diz sorrindo - Um processo desses leva tempo e talvez você esteja certa. Eles sempre questionam, exigem provas, testemunhas e às vezes para nada.

_É difícil acreditar na justiça. Principalmente quando é a nosso favor. É claro que é um crime e deve ser denunciado.

_Eu imagino o quanto deve ser difícil.

_Por isso eu queria mais pessoas como eu ocupando esses lugares. Talvez não deixassem o dinheiro as corromper e fizessem a devida justiça.

_Você não sabe como é difícil alcançar esse lugar. Na faculdade que eu estudei, não tinha sequer um preto.

_Essa desigualdade se dá a diversos motivos.

_Eu nunca parei para pensar por esse lado. Eu os julgava como preguiçosos. - Diz entristecido - Eu me sinto um egoísta.

_Todos podem aprender e melhorarem, se quiserem.

_No escritório não havia pretos e há um tempo atrás eu também não os atendia. Mas com a repercussão do nosso relacionamento, eu tenho perdido alguns clientes e ganhado outros.

_Talvez eles estejam percebendo que o grande senhor magalhães não é mais um preconceituoso.

_Eu tenho achado isso bom. Eu não me importo com esses clientes racistas, eu só me sinto melhor assim, como eu estou.

_É uma boa sensação saber que é alguém íntegro.

_Eu até me sinto melhor por ter falado com o meu pai. Eu não teria essa coragem há alguns anos atrás.

O outro lado do amorOnde histórias criam vida. Descubra agora