Passeava o Grande Pai pela vastidão do universo, de mãos dadas com seus dois primogênitos.
Por vezes, os dois se afastavam e brincavam com pequenos cometas e estrelas em formação... Vez ou outra ocorria uma explosão nas proximidades. Eram ajustes dos astros e dos sistemas em formação. Os meninos angelicais se assustavam e se abrigavam nos braços do Grande Ser.
O Grande Pai abraçou-os, sentindo-se inundado de ternura e orgulho. Falava-lhes sobre o porquê das explosões, e mostrava-lhes como equilibrar as energias, para diminuir o efeito explosivo.
Seus pequenos anjos, ainda não o compreendiam, mas, sentiam-se amparados pela segurança de seu Pai.
Por vezes, o Grande Pai sentia imenso prazer em amparar seus primogênitos, e empolgava-se a falar-lhes de seus novos projetos: dizia que ia criar muitas outras coisas, tão belas quanto aquela... e que eles, seus legítimos filhos, herdariam tudo aquilo...
Seus anjos primogênitos, mal sabiam falar. Mas, com suas almas, compreendiam o afeto do Grande Pai, e sonhavam, um dia, ser como Ele.
Cresciam os seus pequenos filhos e mostravam aptidões opostas. O que nascera primeiro e possuía um brilho maior, era mais arrojado. Distanciava-se mais de seus pais, muitas vezes, seguindo o brilho de um cometa que por ali passava.
O gêmeo que nascera depois, e que possuía um brilho mais ameno, era mais calmo e tranquilo. Assustava-se com certa facilidade e, qualquer estrondo no universo, fazia-o correr para abrigar-se nos braços da Mãe-Natureza ou de seu Pai.
Muitas vezes, o primeiro chegava à Esfera Central com as mãos cheias do brilho das estrelas. Tudo o que brilhava o atraía.
O segundo apanhava coisas simples e opacas e, com suas mãos meigas, repletas de terna energia, ofertava-lhes cor e brilho próprio.
O primeiro fazia questão de ter muitos brinquedos. O segundo contentava-se com alguns.
Algumas vezes, o primeiro tomava os brinquedos de seu irmão. O segundo, simplesmente, chorava. E assim foram crescendo. Brincando e brigando durante o dia... Mas, à noite, dormiam aconchegados em seu berço de nuvens.
Por vezes a Mãe-Natureza preocupava-se com o arrojo e a ambição do primeiro, e interferia a favor de seu segundo filho, que sempre levava desvantagem nas disputas com o irmão.
Mas, sua preocupação perdeu o sentido no dia do Grande Cometa.
O Grande Cometa
Ela mesma havia se esquecido de que, há milhares de anos, alterara a rota de um Grande Cometa, para que este passasse pela Esfera Central, a fim de evitar que sua órbita, e seu percurso inicial destruíssem muitas estrelas.
O Grande Pai respeitava o seu trabalho de conservação cósmica, mas lhe havia advertido que, tal mudança, faria com que aquele cometa passasse por ali, periodicamente, na mesma temporada.
Nos milênios anteriores, ela se precavera para que o Grande Cometa não esbarrasse em nada no seu ciclo milenar. Mas, agora, atarefada a cuidar de seus novos filhos, esquecia-se da volta do enorme cometa.
Seus filhos já estavam crescidos e auxiliavam-na no trabalho de conservação e renovação cósmica. O primeiro já realizava, com maestria, tarefas de divisão e junção de esferas brilhantes, pra que se conservassem em harmonia por outros milhões de anos. O segundo apanhava os elementos mais simples e imperceptíveis, e aprimorava-lhes as energias vitais, para que acelerassem o seu processo evolutivo. A Mãe-Natureza observava-os e se encantava. Ambos vinham dum mesmo Pai, mas tinham vocações diferentes.
Quando avistou o Grande Cometa, ela correu para afastar as esferas de seu percurso. Seus dois anjos adolescentes apressaram-se a ajudá-la, porém, com a passagem do Grande Cometa, uma das esferas explodiu e seus dois meninos foram lançados contra a cauda do cometa.
Ela correu para acudi-los. Todavia, codificara leis para o equilíbrio dos astros... Não podia alterá-las de imediato, sem causar um grande desastre, pondo em risco a própria segurança de seus filhos. Gritou, para que seus pequenos se livrassem daquela cauda luminosa, ou seriam levados sem rumo pela imensidão dos cosmos...
Acostumado a lidar com esferas brilhantes, o primeiro e mais luminoso de seus filhos, dominou a energia do cometa e afastou-se dele. Mas o segundo tentou... tentou, mas não conseguiu libertar-se da energia do cometa que o arrastava consigo, distanciando-o da Esfera Central...
Aflita, a Mãe Natureza aproximou-se e ergueu o seu filho que se soltara da cauda do cometa. Pediu-lhe que procurasse pelo seu Pai. Conhecedor primordial de todos os elementos, somente Ele poderia alterar a rota do Grande Cometa sem interferir nas Leis da Criação e causar inúmeros desastres cíclicos.
- A senhora chama o Pai, Mãe! - Disse-lhe determinado e aflito o seu filho primeiro. - Eu vou salvar meu irmão!
Antes que ela pudesse argumentar, o menino saiu veloz pelo cosmos e envolveu-se novamente no brilho da cauda do cometa em busca de seu irmão.
Ante o clamor da Mãe-Natureza, o Grande Pai veio o mais rápido que pôde. A par da causa, ambos saíram apressados pelo rastro do Grande Cometa, para socorrer seus primogênitos.
Antes que o abordassem, avistaram, ao longe, os seus dois filhos. O primeiro já havia livrado o seu irmão e, preocupado e solícito, animava-o do susto, observando ao redor de seu corpo se seu irmão não havia se ferido.
Vendo a solicitude do mais brilhante para com o seu irmão mais meigo, a Mãe-Natureza percebeu que sua preocupação com as infantis intrigas de seus dois pequenos era tolice.
Tão arrojado quanto era para pegar o brinquedo de seu irmão, o Querubim mais Brilhante possuía a mesma impetuosidade para salvá-lo e protegê-lo.
Vendo-os abraçados e solícitos, seu coração encheu-se de orgulho e alegria: o Amor do Grande Pai reinava na alma de seus filhos.
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OS FILHOS DO AMOR - A História dos Anjos Rebeldes
Historical FictionEssa história se passa na Babilônia nos tempos do Antigo Egito, quando os homens viviam mais, relembrando-nos a HISTÓRIA DE MELQUISEDEQUE - O rei de Salém. O texto sagrado nos conta que Enoque era Amigo de Deus e caminhava com Ele. Abraão se tornou...