Sfrenato

1 - Ponto de partida

Uma vida perfeita! Era o que qualquer mulher diria que eu tinha. Aos vinte e cinco anos, com o trabalho dos sonhos e um noivo perfeito. Um noivo perfeito! A história perfeita de contos de fadas para contar aos filhos e netos.
Eu e o Eric nos conhecemos na faculdade, no meu primeiro dia na cidade. Estava deslumbrada com tudo, levei um banho de suco de melancia quando garotos bêbados esbarraram em mim. Eric foi tão gentil comigo, me emprestou sua camisa. Passei o resto da semana percorrendo o campus para lhe devolver. Pelo menos essa era a minha desculpa para encontrá-lo. Eric tinha um jeito amigável de se portar, educado, atencioso, era tão reconfortante para uma garota que não conhecia ninguém. Sem contar que ele era lindo. Alto, forte, os olhos caramelos que combinavam com seus cabelos. Um verdadeiro sonho! Me encantei ainda mais quando soube que ele também me procurava, e não era só para ter a camisa de volta.

Um mês depois começamos a namorar. Meu primeiro namorado, minha primeira vez, minha primeira ilusão.

Nós planejávamos o casamento dos sonhos. Após seis anos de namoro, noivamos e fomos instruídos por um líder espiritual, o mesmo que realizaria o nosso matrimônio. Passaríamos
por um ano de reconhecimento, um ano sabático. Sem sexo, apenas diálogos, gestos, uma conexão que não envolvia luxúria. Após isso nossa lua de mel seria perfeita, teríamos uma conexão de almas.
Eric achou a proposta perfeita, passamos um ano organizando nosso casamento. Nas horas vagas eram jantares, risadas e longos diálogos. Menos às quartas feiras, pois às
quartas ele tinha reunião com o grupo estrangeiro das filiais da empresa. Eu nunca contestei, ele era um excelente advogado. Um homem esforçado e que crescia cada vez mais, e eu o apoiava sempre.

O pesadelo começou quando ele deixou o cartão de crédito comigo. Eu estava montando nossa casa junto com uma designer, além de planejar as finanças do nosso casamento. Para não extrapolar o nosso orçamento, peguei o extrato do cartão. Não sei por qual razão, mas estranhei uma cobrança em um estabelecimento desconhecido do outro lado da cidade. A coisa ficou mais estranha quando puxei a fatura anual e essa cobrança era repetida copiosas vezes todas as quartas feiras. Bastou uma busca na internet para me deixar com um nó na garganta. Um hotel do outro lado da cidade. O que o Eric fazia às quartas em um hotel do outro lado da cidade? Sem nem pensar direito, fui até lá.

Na recepção, me identifiquei como sua noiva e pedi para subir até o quarto dele. De início a moça que me atendeu arregalou os olhos e deu uma olhada indiscreta para o colega ao lado, evidenciando que sabia do que se tratava. O rapaz tentou assumir a situação dizendo que iria interfonar, mas a colega, talvez tentando me apoiar, tomou a frente:

— Ela é noiva dele, não precisa! — Pôs a mão sobre o aparelho e voltou-se a mim — Eu tenho uma chave extra, quer fazer uma surpresa?

O rapaz ao seu lado lhe lançou um olhar repreensivo.

— Seria ótimo! — Respondi.

A moça, satisfeita, pegou a chave e subiu comigo, destrancou a porta e saiu. Fiquei ali parada por longos minutos, puxava profundamente o ar enquanto suava frio. O que me impulsionou foram alguns gemidos estranhos que passei a ouvir, e quando entrei...
Uma puta completamente nua, com seios enormes e o corpo brilhando em óleo, cavalgava em meu noivo perfeito. Aquela foi a pior das cenas de terror, parecia saída de um filme pornô. A expressão dele, os gritos dela. Um pesadelo!
Quando Eric me viu a empurrou para o lado e veio até mim, completamente nu. Estava tão nervoso que nem mesmo percebeu o seu estado. Tentava se explicar se aproximando com o pau duro erguido para mim.

Eu só sabia tremer, chorar e xingar. Peguei o abajur e fiz de taco de baseball, arremessando seu órgão para bem longe de mim. O deixei se contorcendo no chão e saí desorientada daquele lugar.

Caminhando sem rumo no meio da rua, liguei para Hannah, minha melhor amiga.

— Calma, Natalie! Natalie! — Ela repetia — Só me fala onde você está?