Capítulo 44

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Bocejei enquanto esperava o trânsito se mexer. Já faz algum tempo que eu e Seth estamos presos no carro, voltando para casa depois de toda aquela confusão que eu arrumei ao simplesmente decidir ir confrontar a minha mãe.

- Você não dormiu? – perguntou, levantando o olhar do meu celular onde ele estava procurando uma rota alternativa que também não estivesse engarrafada. Hoje o dia tá uma merda.

- Feito pedra – respondi. – Você sabe disso...

Seth sorriu, zombeteiro. Ele literalmente se filmou tentando me acordar. E ele afirma com categoria que já estava tentando há algum tempo antes de ter a ideia de filmar. De acordo com ele, eu nunca acreditaria que eu estava com um sono tão pesado que ele precisou de quase cinco minutos para me fazer despertar.

- Você estava fofa – riu, me arrancando um grunhido. – É sério. Eu realmente te acho linda dormindo. Ou em qualquer outra situação – deu de ombros, voltando a atenção para o aparelho. – Parece que essa rota aqui tá menos pior – virou pra mim, para que eu pudesse analisar o GPS. – Pelo menos o tempo indicado pra gente chegar afirma isso – deu de ombros. Confirmei com a cabeça e ele reajustou a rota. – Você não me disse pra onde a gente vai final de semana.

Sorri sem graça. Eu nem sequer pensei nisso. E amanhã já é quinta...

- Você tinha sugerido uma pequena viagem, certo? – comentou. Voltei minha atenção para seu rosto. – Eu meio que pensei em uma coisa, mas não sei se é clichê demais...

- Seth – revirei os olhos. – Eu te levei pra ver o sol nascer quando a gente ficou a primeira vez. Quer coisa mais clichê do que isso? – sorri, incentivando-o a continuar.

- Um final de semana em um chalé é tão clichê quanto... – observei o sorrisinho que nascia em seus lábios.

- Tá bom. Você tem um ponto... – rimos. – Eu gostei da ideia. De verdade. É meio que o tipo de coisa que eu gosto e acho que vai ser uma experiência interessante.

- Claro, nada melhor do que nos enfiarmos no meio do nada, ou no meio do mato, durante o final de semana – revirou os olhos.

- Preciso te lembrar que a ideia foi sua?... – bufei. – Além do mais, não é diferente do que a gente fez quando eu peguei o carro e saí dirigindo. O dia que a gente teve que se hospedar naquele hotel. E eu não sei se você se recorda, mas a gente voltou lá – franzi o cenho pra ele.

- Me lembro. Eu posso dizer que a ideia de ir para um chalé foi mais ou menos tirada daí. Eu sei que você gosta desse tipo de coisa. A ideia também não me desagrada. Fora que eu não consigo ver nada além de benefícios em ficar sozinho com você em uma casa isolada – sorriu, malicioso, e eu senti meu rosto esquentar levemente. Como se a gente já não se aproveitasse do fato que a gente mora juntos...

- E lá você vai querer realizar os outros suprassumos dos clichês românticos? Piquenique, ver o sol nascer e se pôr, jantar romântico à luz de velas... – fui citando os que eu lembrava. A gente já fez maioria desses...

- Ótimas ideias – sorriu e eu dei de ombros.

- Eu não vou me opor. Não é como se alguma dessas ideias fosse me incomodar.

- Ótimo. Vou tentar organizar isso enquanto a gente observa a traseira daquele carro por mais algumas horas.

- O lugar é maior do que eu pensei – Seth comentou, depois de destrancar a porta e a gente entrar. Embora eu tenha dito que a ideia não me incomoda, eu ainda não acredito que a gente realmente veio para um chalé pra passar o final de semana.

- Eu gostei. E graças a tudo o que é mais sagrado a gente não vai precisar ajeitar nada. Eu tô exausta.

- Está? – Seth sorriu, malicioso, se aproximando. Suas mãos se apoiaram na minha cintura e seu corpo se prensou contra o meu, ainda na porta de entrada. Seus lábios foram, vorazes, para o meu pescoço, me causando um arrepio gostoso quando seus dentes roçaram minha pele. – Tem certeza? – sussurrou, mordendo de leve o lóbulo da minha orelha. Fiz o melhor que eu pude pra suprimir o gemido agarrado na minha garganta.

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