─ ❝Eu vivi a minha vida inteira seguindo um único lema: A gangue na frente. Sempre.
Mas isso foi quando eu não conhecia Nailea Devora
A Baixinha com aqueles maravilhosos olhos castanhos e um corpo que faria todo homem rastejar. Foi idiota achar que...
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Nailea
As duas semanas seguintes passam sem grandes novidades. Lana havia me mandado uma mensagem um dia depois da nossa bebedeira, pedindo desculpas por não ter se despedido, algo sobre Hunter querer voltar logo. Me surpreendeu o fato de que Lana pode fazer qualquer coisa naquele dia. Eu basicamente fiquei o dia inteiro na cama com Vinnie. Não posso reclamar, na verdade. O fato de meus pais estarem em casa no dia fez tudo mais divertido. O medo de ser pego...
Minha relação com Vinnie tem estado bem. Perfeito, na verdade. Eu ainda sentia que havia algo que ele não estava me contando, mas não perguntei. Ele me contaria quando estivesse pronto.
Mas foi quando estávamos no lago, duas semanas depois do encontro, que eunotei algo que não pude acreditar que não tinha visto. Vinnie tinha uma cicatriz em seu abdômen. Não é grande, mas dava para notar.
Talvez seja o fato de toda vez que transamos Vinnie foder toda a minha noção para fora da minha cabeça, mas eu não havia reparado nela. Mas agora, com Vinnie ao meu lado, sem camisa, e comigo deitada em seu peito, era bem visível. Quase dois meses namorando e eu não notei... Ótimo.
"O que é isso?" Perguntei a ele, enquanto acariciava a cicatriz com a ponta dos meus dedos. Ficava no lado direito, perto de sua linha V. Eu esperei que Vinnie desviasse da pergunta, mas ele apenas me olha e sorri.
"Eu cresci em um bar, baixinha. Lutas acontecem... Essa foi a única vez que alguém realmente me acertou." Eu encaro a cicatriz novamente. Não parece um corte de faca, mas sim um tiro.
"Quem foi?" Pergunto. Eu sei que deveria ficar aterrorizada por Vinnie sequer mecher com essas coisas, mas não fico. Ele cresceu assim. Honestamente, acredito que seja tudo que ele conheça. Enão vai ser eu quem vai julgá-lo por isso. Vinnie me dá um meio sorriso.
"Kio. E foi uma flecha, a propósito." Eu arregalo os olhos, e ele solta uma risadinha.
"Mas porque nós infernos Kio enfiou uma flecha em você?" Seu rosto escurece um pouco, e vejo que esse assunto não é algo que ele queira falar. Não ligo. Eu quero saber porque um de seus melhores amigos, e meus também, o machucou.
Eu tinha me aproximado bastante de Kio e Chase nessas últimas semanas. Outro dia mostrei minha tatuagem para Chase, e ele pareceu bastante orgulhoso de seu trabalho. E Kio eu podia ver sua relação com Vinnie. Eles eram como irmãos. E havia uma espécie de respeito nos olhos de Kio quando olhava para o amigo que eu notava diversas vezes.
"Kio estava passando por uma fase difícil..." Ele franze o cenho, como se fosse ruim para ele relembrar, mas ele continua mesmo assim. "Veja, Kio nem sempre foi como você conhece agora... Quando sua mãe morreu, três anos atrás, parte do amigo que eu conhecia quebrou, Nailea. Depois disso, seu pai começou a beber, e um ano depois, o filho da puta fugiu." Eu posso ouvir a raiva em sua voz, e o abraço mais apertado, encorajando Vinnie a continuar. "E então, ele conheceu Gina. Uma garota nova no colégio, ela costumava se mudar bastante. E, enquanto eles estavam juntos, eu tive parte do meu amigo de volta. Ele deu uma acalmada na bebida, não saia mais por aí comendo toda a menina que encontrava..." Ele olha para os meus olhos, e eu encontro algo que eu não tinha visto nos olhos de Vinnie antes. Medo. "Mas, quando ele contou a ela quem ele era, e coisas que ele fez... A garota sumiu." E aí eu entendi. Ele estava com medo, com medo que de alguma forma eu fosse fazer o mesmo. Mas eu não ia. Eu não conseguia imaginar uma vida em que eu deixava esse menino, e isso assusta a merda para fora de mim. "Ela simplesmente foi embora, baixinha. Isso quebrou Kio. Ele começou a beber mais, entrar em mais brigas, e por um tempo, usar drogas. Eu não sabia o que fazer. Realmente não tinha uma ideia. Então, um dia, Kio simplesmente bloqueou. Ele bloqueou tudo, não tinha nada em seus olhos, Nai. Então, eu pirei. Comecei a gritar que Gina tinha ido embora, e que ele tinha que lidar com isso. Que precisava parar de se fechar, e lidar com tudo isso."
A tristeza que eu encontro em seus olhos é cortante, e quando sinto uma lágrima escorrendo pelo meu rosto, percebo que estou chorando. Vinnie sorri docemente para mim, limpando uma lágrima com o dedo. "Então, nós lutamos. Kio começou a me socar, e eu lutei de volta. Quando ele pegou uma flecha, e enfiou em meu abdômen, vi emoção em seu rosto de novo... Mesmo que ele não esteja totalmente bloqueado, ele nunca foi o mesmo, baixinha. Eu não me lembro da última vez em que vi um sorriso de verdade em seu rosto." Eu sei que ele está triste pelo amigo, mas também tem um medo e vulnerabilidade que me assusta. Ele está com medo que eu me torne Gina. Pego seu rosto entre minhas mãos.
"Ei, você sabe que não farei isso com você, certo? Estou aqui, vinnie." Ele acena rapidamente, mas eu posso ver que não está totalmente convencido. Esse é um lado dele que eu não tinha visto antes. Vulnerabilidade. Ele estava se abrindo comigo, e eu fiquei feliz por isso.
Junto nossos lábios em um beijo, e pela primeira vez, não tem luxúria. Não é um beijo sexual e cheio de desejo. É cheio de promessas, e... Amor. Enquanto eu o beijava, nada mais estava ali. Era eu e ele, o menino de olhos azuis que havia roubado meu coração. O lago, que havia se tornado como o nosso lugar, não existia. O drama, a ciúmes... Nada disso existia. E foi aí que eu finalmente tive certeza.
Eu amava Vinnie Hacker.
As três palavrinhas estavam na ponta da minha língua quando nos afastamos, nossas testas encostadas uma encima da outra, ele deitado encima de mim, mas o toque de seu telefone me interrompe. Uma mistura de decepção e alívio me enchem quando Vinnie atende.
Eu não pude ouvir a voz do outro lado da ligação, mas o rosto de Vinnie foi se tornando aflito, medo, desespero, tristeza e indignação em sua expressão.
"Estou indo." Ele diz, e desliga a ligação. Me encara por alguns segundos antes que eu pergunte.
"O que aconteceu?" Seus olhos eram puro medo, e nesse momento, eu não estava encarando Vinnie. Eu estava encarando um menino de sete anos que havia acabado de descobrir que perdeu toda a família.
"Meu pai... Meu pai morreu."
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