uma vida normal

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ELLA

Minha cabeça estava girando com a ideia de que Pogue sabia da minha gravidez, o que fez com que minha semana seguinte passasse quase como no modo automático. Sid me acompanhou em todos os exames e de vez em quando, ela me falava sobre Pogue querer contar a Chase. 

Eu havia decidido que contaria a Chase assim que eu conseguisse me organizar nas aulas, algumas pessoas no trabalho já sabiam, apenas as necessárias, então cada vez mais meu segredo era menos secreto, e óbvio, uma hora minha barriga iria começar a aparecer. Durante o trabalho, Johnny B fez questão de fazer todas as coisas pesadas, e até se meter no meio dos meus atendimentos, o que era um porre.

Eu havia tido algumas crises nervosas dentro do meu carro — o que minha médica falava que era totalmente normal — e a mesma me indicara um grupo. Um encontro semanal de jovens gravidas que acontecia em um auditório no bloco B do hospital municipal. "Vai ser bom pra você, Ella, garotas passando pela mesma situação" ela disse. 

Assim que acabou meu turno, do lado de fora, eu tomava um café antes de seguir para meu carro, e peguei meu celular rapidamente para passar meu tempo ali. Havia uma chamada perdida de Sandy e outra de meu pai, já estavam um pouco tarde então eu ligaria no dia seguinte. Depois de deixar a lanchonete, fui fazer compras, meu apetite havia aumentado em 200% e nenhuma das meninas tinham culpa, então eu decidi que compraria as minhas próprias coisas para que elas não precisassem custear a metade. Caminhei por entre os corredores, sem achar nada muito interessante, mas joguei algumas coisas no carrinho. 

Na saída, deparei-me com Jake indo para a pizzaria no fim do pequeno mercado, ele estava saindo do carro de Chase, mas estava sozinho. Estávamos a cerca de um quilômetro do campus, portanto não era nenhuma surpresa vê-lo ali, mas parei no meio do estacionamento com o coração pulando. Ele não olhou na minha direção, provavelmente nem chegou a me ver, mas eu o vi e pensei em seu amigo idiota.

Senti um nó na garganta e inspirei com dificuldade. Lágrimas brotaram nos meus olhos ao me dirigir para o porta-malas do meu carro. Descarreguei as compras, concentrando-me naquela tarefa mundana até sentir a confusão de emoções ceder. O inevitável aconteceu quando cheguei com as sacolas.

— Quer ajuda? — a voz veio de um metro de distância de mim. Mas não precisava de muito para reconhecer, não me virei. Fechei os olhos com força, segurando o porta-malas como se não pudesse desgrudar. — Deixa eu te ajudar. — ele avançou um pouco para frente, e então eu me virei.

— Tá tudo bem, eu já descarreguei tudo. — tentei olhar através dele, em direção aos carros de trás, mas era quase impossível

Ele se abaixou e pegou uma sacola do chão, dando um sorriso amarelo. 

— Não tudo. — a voz grave dele penetrou meu peito, arrancando um arrepio de mim. Abri os olhos, mas mantive o olhar grudado no que podia ver. — Quanta besteira você tem ai, tá alimentando quem?

Tive vontade súbita de vomitar, mas pioraria tudo, então engoli o azedo e tentei ao máximo ignora-lo.

— Eu preciso ir embora, bom te ver. — tentei correr da situação, indo em direção a minha porta, mas ele me seguiu.

— Nós precisamos conversar. — me virei de forma brusca. Será que ele sabia de algo?

— Sobre?

— Sobre nós dois.

Respirei fundo. Não, ele não sabia.

— Não existe nós dois.

— Você realmente acredita nisso? — sua mão entrou no meu campo de visão, mas ele logo levou-a a seu cabelo devidamente cortado. — Ella, eu estou enlouquecendo.

Depois Do Fim. | LIVRO 2 - SEQUÊNCIA ANTES QUE ACABE.Onde histórias criam vida. Descubra agora