Capítulo único (Lemon)

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A única coisa mais dolorosa que ver Dean completamente amarrado numa cadeira sobre uma prisão para demônios, era aquele sorrisinho frio e cruel em seus lábios. O rosto bonito, sempre tão carregado de mais emoções do que ele era capaz de suportar, o encarava agora de maneira indiferente e dissimulada. Os expressivos olhos verdes que aprendera amar, se fizeram negros conforme o fitava.

― Isso o mata, não mata, Castiel? ― Disse ele, soando como Dean e tão diferente dele ― Você morre por soltar essas cordas e abrir essa porta...

― Nem eu ou Sam o deixaremos livre até que esteja curado. ― Castiel respondeu, aparentemente tranquilo embora seu estômago estivesse revirado ― Até que você volte a ser você mesmo.

― Não há o que curar, não há nada para consertar ― Seus olhos voltarem a ser verdes ― O velho Dean era um fraco, covarde, para quê você o quer de volta, hã? Ele nunca vai admitir os sentimentos por você... Você sabe disso, não é?

O coração de Castiel deu um solavanco em seu peito, e seu rosto o traiu, mostrando alguma surpresa.

― O que? Não haja como se sua paixãozinha não fosse óbvia... Eu sempre soube, Castiel... E eu sempre quis comer o seu traseiro angelical, mas eu nunca diria isso nem pra mim... ― Dean riu, inclinando-se um pouco para frente ― É esse Dean que você quer de volta?

― Eu sei que não é o Dean aí...

Dean o interrompeu.

― Não diga asneiras, você sabe que não é verdade! Esse sou eu, livre de sentimentos estúpidos ― Ele inclinou o queixo, arrogante ― livre da culpa que me fazia miserável, este sou eu livre! Você não gostaria de ser livre, Castiel?

Era como se Dean estivesse tentando dar uma rasteira no seu autocontrole, e ele sabia disso. Sabia que estava sendo manipulado, e que ele diria qualquer coisa para conseguir o que queria. Era hora de fazer o que melhor fizera em toda a sua vida: controlar suas emoções e fingir que Dean Winchester não o deixava completamente abalado.

― Sim, você está certo, Dean. Eu possuo sentimentos confusos em relação a você... Mas eu sei que isto não é certo. Eu preferiria matá-lo a vê-lo solto novamente, ferindo pessoas... Eu sei que este não é você.

― Você faria tudo o que fez por alguém por quem você possui sentimentos confusos? ― Dean riu novamente, e então voltou a ficar sério, fixando o olhar no seu. Aquele olhar que parecia um abismo infinito, em que poderia se perder para sempre e ser grato por isso. ― Eu gostava de você, Castiel, e você nunca percebeu isso...

― Dean...

― Você nunca teve coragem de me ajudar a sair dessa bolha, a diminuir essa angústia... Mate-me, Cas... ― Dean pediu, em voz baixa ― Não me deixe voltar a ser quem eu era... Faça amor comigo, mate-me...

Castiel se ajoelhou no chão, diante de Dean. Em milhares de anos de existência, sentia que sua vida havia começado somente ao conhecer Dean... E pela primeira vez, sentia seu coração ser estilhaçado, causando-lhe uma dor física, como se aquela sensação fosse literal. Como se cada parte do seu corpo estivesse sendo desmontado. Os olhos azuis estavam úmidos quando tocou o rosto de Dean.

― O que você fez comigo?

A pele de Dean era morna sob sua mão, ligeiramente áspera devido à barba recente, e surpreendentemente agradável ao toque. O simples fato de tocá-lo daquela maneira, enviou uma onda de choque através de seu braço, arrepiando-lhe completamente.

― Eu o fiz sentir vivo, Cas... Eu o ensinei a ver o mundo... ― Dean se inclinou um pouco mais, machucando a si mesmo ao forçar as cordas, até alcançar o ouvido de Cas. ― Você não quer saber como é? ― Sua voz se transformou num sussurro ― Você sempre quis ter a mim...

― Estes não são os desejos do Dean... ― Cas protestou fracamente, sentindo a boca seca.

― Você sabe que sim... Você nunca notou como eu te olhava? Como eu evitava chegar muito perto...

Os dedos de Castiel se fecharam na nuca de Dean, trêmulos.

― Eu sei que vou me arrepender disso...

― Não se arrependa. ― Dean se afastou para encará-lo, pousando o olhar sobre a boca de Castiel. ― Deixe isso para os humanos...

Castiel empurrou a si mesmo contra ele, tomando os lábios entreabertos que sempre sonhara em experimentar. A boca macia o recebeu com volúpia, invadindo a sua com sofreguidão. As mãos do anjo tatearam as cordas que o prendiam, desatando os nós de maneira desesperada. Dean se livrou das cordas quando estas se afrouxaram, jogando-se sobre Castiel no chão.

Em uma confusão de mãos e tecidos, anjo e demônio se livraram das roupas incômodas, rolando sobre os símbolos cuidadosamente desenhados no chão. Dean se sentou em cima do corpo agora nu, deitando sobre ele para beijá-lo com fúria. O membro rígido de Castiel se fez perceber, tocando-o por trás.

― Eu sou mais forte que você agora ― Dean sussurrou contra sua boca, prendendo os braços de Castiel sobre sua cabeça quando este fez menção de se erguer. ― Eu vou cavalgar em você se disser o quanto me quer...

Castiel gemeu contra seus lábios, tão excitado que mal era capaz de pensar. Sempre desejou aquele homem, sempre o amou tanto que poderia ter ido ao inferno por ele outras mil vezes mais.

― Eu o quero, Dean, é tudo que eu mais quero...

Dean mordeu seu queixo, soltando-lhe os braços para acariciar seu corpo. Castiel cerrou os olhos, gemendo quando sentiu uma mão se fechar sobre seu pênis, tocando-o sem qualquer sombra de recato. Suas mãos se fecharam sobre as nádegas firmes de Dean, apertando-as com força enquanto se forçava para dentro dele.

Dean mordeu o próprio lábio, acolhendo a dor com satisfação. Parecia grande demais, forte demais, como um ferro em brasa, invadindo e tomando tudo em seu caminho. Castiel o penetrou completamente, seu membro latejando com o prazer de senti-lo apertado e quente.

                Gemidos ecoaram pelo porão do bunker, conforme Dean começava a se mover pouco a pouco, até que a dor ficasse em segundo plano, ofegando de prazer ao sentir Castiel finalmente dentro de si. Apoiando as mãos em suas coxas rijas, Dean passou a cavalgá-lo, permitindo que as ondas de prazer se apossassem de cada célula de seu corpo.

                Em algum momento, Cas rolou sobre o corpo amado, assumindo o controle sobre os movimentos. Estocou dentro dele com força, dando vazão ao prazer tão negado, tão dolorido, e tão imenso que poderia tê-lo rasgado. O som de pele contra a pele preenchia seus ouvidos, assim como seus próprios gemidos misturados aos de Dean.

                Tomou o pênis dele com a mão, tocando-o da mesma forma que havia tocado a si mesmo tantas vezes. Os movimentos se intensificaram até que nenhum dos dois pudesse suportar mais, até que não houvesse mais nada além deles dois. Os espamos os sacudiram violentamente, e Castiel se derramou dentro dele, sentindo o gozo de Dean derramar-se por sua mão como se fosse o seu próprio.

                Entre respirações entrecortadas, eles permaneceram em silêncio conforme a tensão de seus músculos dava lugar ao completo alívio da satisfação física. Castiel ainda sentia o hálito quente contra seu rosto, quando percebeu que não havia restado quase nada da armadilha de demônios desenhada no chão.

Armadilha (One shot)Onde histórias criam vida. Descubra agora