OS FILHOS DO AMOR - A História dos Anjos Rebeldes

Capítulo 8 - Os Anjos e os Homens

Os jovens Anjos levitaram a procura de uma daquelas criaturas inteligentes. Não demorou, avistaram um bando delas. Estavam em cinco. Andavam cautelosas e assustadas à procura de caça. Traziam em suas mãos, lanças de madeira, com pedra pontiaguda amarrada na extremidade, para se protegerem dos predadores e abater sua caça.

Os anjos se aproximaram o quanto puderam para observá-los e pararam na extremidade de uma árvore.

- Olhe como são peludos! – Admirou-se o mais jovem.

- E são bonitinhos, - admirou-se outro – Até se parecem um pouco conosco...

- Eles trajam peles que arrancam de outros animais, para se protegerem do frio, - explicou-lhes a angelical mais experiente – pois os pelos de seu corpo são menos densos que o dos outros primatas.

- Até que são bonitinhos, mas, fedem um bocado! – Disse um outro anjo. – Posso sentir o seu odor daqui!

Num instante, notaram que o grupo de caçadores se mostrou alvoroçado, trocando grunhidos e palavras monossilábicas de alerta. Muito assustados, posicionaram-se defensivamente.

Do topo da árvore onde estavam, os Anjos observaram ao redor, certificando-se de que não havia predador algum ali. O pavor que as criaturas humanas sentiam era por notarem-se observadas... Dois deles haviam pressentido a aproximação de algo estranho e alertaram os demais.

- Eles sabem que estamos aqui?! - Confuso indagou um dos anjos. O mais experiente já lhes explicara que os elementos que compunham seus corpos eram invisíveis aos olhos dos primitivos. Contudo, um deles parecia olhar, através das ramas das árvores em sua direção, e chamava a atenção dos outros para o local onde os anjos estavam.

- Que interessante, - admirou-se outro anjo. – Eles não nos podem ver, mas, sabem que estamos aqui, pois pressentiram a nossa aproximação!

Os demais Anjos acharam essa afinidade sensitiva, natural. Primitivas ou evoluídas, todas as criaturas que povoam o infinito universo foram geradas pelo Amor do Grande Pai e pela Fertilidade da Grande Mãe. Por longínquo que fosse o grau de parentesco que os ligava, todos pertenciam a uma só FAMÍLIA.

Constatando que nada havia entre as árvores, o caçador mais velho e mais robusto, impôs aos demais que saíssem dali. Chegou a empurrar a jovem primata que olhava na direção dos anjos, extasiada. Os anjos também resolveram se afastar para não causar transtornos aos primitivos caçadores, e eles prosseguiram em busca de sua caça.

Afinidade Perigosa

Enquanto volitavam na direção das nuvens, os anjos olharam para trás e notaram que, a menina adâmica que os pressentira na árvore, afastou-se do seu grupo e retornou ao local onde pressentira a presença deles.

- Olhem! – Disse um dos anjos – Ela está procurando por nós...

- Deixem-na! – Advertiu o anjo mais experiente. – Ela logo retornará ao seu grupo, quando perceber que já não estamos lá...

A jovem criatura primata ajoelhou-se ao pé da árvore e entoou um canto monossilábico.

Alguns anjos ficaram comovidos e encantados com aquela atitude da jovem primata que os reverenciava, mesmo sem vê-los. Ela sabia que eles já não estavam lá. Mas chamava-os de volta através de seu canto...

Das nuvens, os jovens anjos puderam observar que três feras se aproximavam da menina adâmica e farejavam caça solitária. Observaram também que o seu grupo seguia distante, sem perceber que a jovem caçadora se afastara deles retornando ao local onde pressentira os Anjos.