Capítulo 9 - O Primeiro Altar

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Haviam se passado várias horas e a menina selvagem, no topo da árvore, cambaleava com sono, fome e sede.

Em poucas horas ela já não conseguiria se segurar nos galhos da árvore e os ferozes predadores circulavam no sopé da árvore, parecendo saber disso.

Ao seu lado, o jovem anjo, já lhe canalizara toda energia que podia, dando-lhe força e ânimo, mas também começava a se sentir fraco pela atmosfera daquele planeta.

Ele chegara a descer ao solo e tentara espantar as feras de várias formas. Mas elas o ignoravam e somente algumas vezes rosnaram contra o invisível que as perturbava.

Extremamente exausto e faminto, o jovem anjo experimentava uma sensação de solidão e mal-estar jamais experimentado.

Sabia ele, que era por estar muito tempo exposto àquela atmosfera primitiva e carregada, que danificava a sutileza do seu corpo etéreo.

A Angelical mais experiente tornou a volitar das nuvens até a árvore, onde o jovem anjo estava com a menina, insistindo para que voltassem para o espaço.

O jovem anjo disse-lhe que não podia abandonar a menina. Perguntou-lhe porque o seu grupo de caça estava demorando tanto para vir socorrê-la.

A angelical contou-lhe o que observara das nuvens: ao retornar para procurar pela menina vidente, os quatro caçadores notaram as pegadas dos predadores próximos e sabiam que, com aquele pequeno grupo, não fariam frente contra predadores tão ferozes.

Por isso retornaram à sua aldeia para buscar reforço. Pela distância da aldeia, levariam dois dias para retornarem, e sabiam que somente um milagre salvaria a sua menina.

- Esmera e Tear estão adoecidos, pela atmosfera daqui. – Disse-lhe a angelical mais experiente. – Reconheço que errei ao trazê-los aqui, contra as diretrizes do Grande Pai, e permitir que vocês se envolvessem com a rotina bárbara dos primitivos dessa dimensão. Sua atmosfera nos causa distúrbios e os demais irmãos se negam a partir sem você.

Olhou-o com preocupação e implorou: - Vem comigo, meu jovem irmão! Deixe a menina primata para a sua sina fatal. Nosso Grande Pai irá aborrecer-se comigo se eu deixar que algo ruim lhes aconteça!

O jovem anjo abraçou sua irmã mais experiente e disse-lhe:

- Vá com Alon, minha irmã, e leve os nossos irmãos adoecidos para as Luas de Malta, onde se recuperarão sem que o Grande Pai saiba que o desobedecemos, vindo às Esferas Primitivas. Eu tenho que ficar até o fim com a menina.

A angelical mais experiente olhou para a cambaleante menina primata e meneou a cabeça desolada:

- Ela é apenas mais uma criatura primitiva!

- É uma criatura repleta de amor. - Retrucou o jovem anjo com dificuldades para respirar. – O amor de sua alma comunicou-se com a minha! – Olhou aflito para os olhos de sua experiente irmã, como que a buscar forças. – Diga-me Auréola: Como darei as costas ao Chamado do Amor?

"Há muito tempo os anjos se metem em encrencas

para ofertar-nos o seu conforto e proteção".

Comovida, Auréola abraçou fortemente seu jovem irmão, entregou-lhe o restante do alimento colhido nas estrelas e enxugou as lágrimas que despencaram de seus olhos.

Deixar seu irmão sozinho naquela atmosfera primitiva era tremendamente perigoso. Contudo, sabia que não poderia arrastá-lo consigo.

"Porque um anjo nunca resiste

OS FILHOS DO AMOR - A História dos Anjos RebeldesOnde histórias criam vida. Descubra agora