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Ele só pode estar de gozação com a minha cara.

Pude ouvir a voz de meus amigos me chamando, mas estava estática, tentando entender o que aconteceu comigo nesse fim de semana.

 - Mary! - Elo já estava na porta do meu quarto quando me chamou. - Eu quero pedir desculpas para você, te liguei logo cedo e ainda discuti na sua casa.

 - Só, não quero ver vocês desenrolarem pra algo ruim. Vocês são especiais pra mim e eu não quero perder isso. - Meu amigo se deitou na minha cama, deitando a cabeça em minha perna e acariciando meu pé.

 - E como foi com o carinha? - Fiz uma cara feia, o dando a entender que não passou de um beijo. - Emy vai ficar chateada.

 - Ela devia ficar chateada por vocês, e não por mim. - Puxei um pouco seus fios ruivos recém pintados. - Não é a primeira vez e não vai ser a última que eu pego alguém numa balada.

Com alguns tapinhas na minha perna, Elo disse que iria embora com Emy.

O que ele acha que ...? Não vou pensar nisso, quero paz.

[...]

Meu domingo passou tão rápido quanto uma lesma, talvez pelo fato de ter acordado cedo demais. Tenho que ajustar meu relógio, ultimamente só me atrapalha. Resolvi dormir cedo, sem jantar; não queria ter que lavar louça no dia seguinte.

Estava prestes a beijar Kendall Schmidt quando meu despertador tocou.

acorda gata ~ 05:00

Dessa vez não posso passar raiva, ele namora e eu tenho que trabalhar.

A parte ruim de trabalhar em uma nova empresa é não ter companhia para o almoço ou alguém para te explicar como são os setores e as bombas que vem junto deles. Por isso era bom trabalhar com Elo, uma notícia a cada dia.

 - Senhora Leroy, tem uma ligação pendente. Um moço deseja falar com a senhora, mas não se identificou. - Uma secretária geral me informou ao me ver na cafeteria.

 - Bom dia, diga a ele que 'sem identificação, sem papo'. Obrigada. - Ela se retirou em passos apressados e eu me contive a fazer uma careta. - Onde já se viu? Quer falar com alguém, não fala quem é e nem o que é.

Antes mesmo de chegar à minha sala, pude ouvir o telefone tocar. Sem a menor pressa o atendi.

 - Leroy, bom dia. - Um suspiro descompassado foi ouvido do outro lado da linha. - Leroy, bom dia!

 - Oi Mary. Sou eu, Park Ji...

Sério? 

Minha vida já tinha se tornado uma montanha russa, não era algo que eu queria reviver.

 - Senhor? Acho que ligou para a pessoa errada. - No meu trabalho? Não vão me tirar a paz.

 - É a Mary Leroy? - Era possível ouvir suspiros, resmungos no fundo da ligação. Era um som fúnebre, impaciente. - Eu sou o JiMin, você não lembra?

 - Me desculpa, mas - uma voz forte e rouca soou enquanto eu tentava formular minha mentira. 'Tá vendo? Pra quê insistir? Ela não se importa com o ...' - será que o seu consagrado aí pode fechar a matraca? Que amigo imbecil, esse seu, hein? Até me perdi aqui. - Mais uma vez o silêncio se fez presente e, pelo visto, seu amigo da voz forte contribuiu. - Ajudaria muito se tirasse do viva-voz.

 - Foi mal pelo Joon-hyung.

Foi péssimo!

 - Bom, vou começar pelo começo. Não sei como e nem quero saber os seus pulos pra descobrir onde eu trabalho, mas agradeceria muito se não fizesse o que fez hoje. E, qual o motivo pra fazer o que fez hoje? 

Alguns sussurros foram disparados na velocidade da luz, não entendi um terço do que foi dito. Acho que passei um minuto e meio pendurada naquele telefone chato. Já não gostava de ligações premeditadas do trabalho, quem dirá isso?

 - Aqui é o amigo imbecil de Park JiMin, e eu vou te falar apenas uma vez, ...

 - Que tédio... 

 - Você deve saber mexer na internet, não deve ser uma perda de tempo. Procure o endereço da empresa de Park JiMin e venha até às 18h. - Sua voz grave era autoritária.

 - Oh colega, você acha que eu não tenho mais o que fazer, não? 

 - Venha hoj...

Era só o que me faltava, só mamãe mandava em mim.

Desliguei aquela ligação chata e sem nexo. Sem arrependimentos.

Quer dizer, meu arrependimento era não ter ouvido a voz de JiMin o suficiente. Mas só pra saber as razões dele, não leve para o outro lado.

[...]

Felizmente, fim de expediente.

Infelizmente, mais uma ligação de número desconhecido. Número desconhecido que me ligou durante todo o meu expediente. Tinha que colocar um ponto final nisso.

 - Quem é? O que quer? - Minha impaciência saia pelos meus poros.

 - Amigo imbecil! É 19h e você não veio... 

 - Mas que...merda. Eu disse que não era desocupada, deveria ter entendido isso quando me ligou no meu trabalho.

 - O assunto é importante, eu não te ligaria da empresa se não fosse. - Um arrepio percorreu minha espinha.

 - Olha colega, não tô interessada e quero descansar. Não é nem quarta-feira e você já ultrapassou meus limites de raiva. Se for importante mesmo, você descobre minha agenda e me liga no horário livre. - Seu suspiro foi ouvido um tanto longe.

 - Como que você ficou com alguém tão sem pavio? - Um suspiro no telefone foi o suficiente para saber quem era.

 - Mary, posso me encontrar com você?


16.01.2022/23h32min







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