Rain

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Oi gente!
Mais um capítulo por aqui...
Boa leitura! 💗



- Gotham.

Frank Jones pov.

A confusão era um sentimento que desde de minha chegada a Gotham, eu estava familiarizada.
Por que aqui era sempre tudo tão difícil !?
Difícil, confuso e cansativo.

- Vamos ser adultos, Jason, cai fora. — rosna Dick e vejo Jason puxar a cadeira ao meu lado, sentando-se.
- Ele te contou que somos como irmãos ? — perguntou Jason e eu nego com a cabeça. – Isso quase me magoa, Grayson. — sorri irônico. – Mas saber que vou livrar Frank dos seus propósitos e joguinhos me alivia imensamente.
- Joguinhos ? — pergunto encarando Dick.
- É como uma aposta, Romã. — diz Jason. – Ele quer chegar em Brianna e pra isso quer usar você.
- Eu preciso ir. — me levanto pegando minha bolsa e encaro os dois garotos. – Eu não sei qual é a de vocês, mas estou fora! — pego algumas notas de dinheiro em minha bolsa e coloco sobre a mesa encarando Dick. – Fique longe. — digo a ele e ando rapidamente até a saída.

Dick Grayson pov.

Encaro Jason e seu sorriso irritante.
- Que merda pensa que está fazendo ? — pergunto a ele vendo a garota correr para fora da cafeteria.
- Estou vencendo você, Dick.
- Isso não é uma competição, ela virá comigo. — digo a ele.
- É ? — pergunta rindo. – E você vai arrasta-la pelos cabelos !?
- Você não sabe o que está fazendo, está colocando ela em risco por egoísmo, Jason.
- Ela terá minha proteção. — diz ele ficando sério. – Ninguém vai tocar nela, isso inclui você...e a amiguinha dela logo me renderá alguns milhões de dólares.
- Você está obcecado por uma garota inocente. — tento convencê-lo.
- Talvez. — sorriu. – Mas estou ainda mais obcecado por sua expressão de perda toda vez que arranco ela de seus braços, é bom, não é !?
- Não ficará assim. — digo a ele por fim me levantando e caminhando para fora da cafeteria.
Eu daria espaço para Frank Jones, ainda que observando-a de perto.
Jason não destruiria uma pobre moça inocente, eu não iria permitir.

Frank Jones pov.

Chega de loucura, oficialmente.
Gotham era a casa de garotos estranhos, estava convicta a essa ideia já que desde o primeiro dia de aula, tive contato com o sexo oposto de forma estranha e inesperada.
E eu, precisava desviar disso, sair da monotonia das aulas e crises entre Jason e Dick para conhecer a cidade, para ter minha vida aqui.
Por muito tempo lendo os diários de minha mãe, li cada pedaço das loucuras que vivia em Gotham, uma cidade que até agora eu só achava escura e dramática demais para meu próprio bem. Talvez a cidade e eu estivéssemos no pé errado.
Nas páginas de seus diários, ela relatava os passeios noturnos de trem com os amigos, as festas divertidas na saída da cidade e até como ela sempre tinha um canivete em sua mochila para o caso de ser assaltada. As histórias de minha mãe se distanciam de minha realidade.
Eu estava estagnada no meio de uma confusão entre garotos que eu mal conhecia mas que tinham problemas mau resolvidos demais com eles mesmos.
E não foi isso que vim procurar em Gotham.
Hoje após o fim da aula, eu pegaria um ônibus e me aventuraria por Gotham, sorri com a ideia e agarrei meu livro de cálculo aplicado, entrando em minha sala.
Me sentei em minha mesa, abrindo todos os livros e colocando meus óculos, ali eu daria um ponto final no drama.
As horas daquela manhã passaram perigosamente rápidas e logo eu estava de volta ao refeitório. Sinceramente hoje, eu queria evitar até Brianna, precisava de um momento sendo só a garota texana que era ignorada em Conroe.
Enviei uma mensagem a Brianna avisando-a que meu almoço seria rápido e com uma ligação para um de meus irmãos, ela apenas mandou um emoji e eu sorri, problema resolvido.
Peguei uma bandeja e entrei na fila do refeitório, ignorando todos a minha volta com os fones de ouvido conectados.
Me servi com os hambúrgueres e encarei as bebidas encarando as opções de suco de morango e cappuccino gelado, suspirei e peguei apenas uma garrafa de água com gás. Paguei por meu almoço e encarei a bandeja sorrindo com uma ideia pairando em minha mente.
Quando mais nova, a altitude era como uma rota de fuga de meus problemas, um lugar para pensar e ficar sozinha. Pensando nisso, subi as escadas até o telhado do prédio do refeitório e me apoiei no muro de contenção soltando um longo suspiro e encarando os enormes prédios que me cercavam.
De certa forma, eu sentia falta do céu azul, das nuvens enormes que tinham formatos, do meu pai e Daniel, de assistir jogos de futebol de Luke e dirigir um trator vestindo as velhas camisetas de Brian. Sorri com a lembrança e mordi meu sanduíche aliviada que o único barulho que pairava sobre meus ouvidos era da música em meus fones.
Eu apreciava os momentos em altitude, sozinha.
Por várias vezes imaginei como seria a vida dos pássaros, tendo suas asas eles poderiam voar por onde quisessem, inclusive voltar para casa quando quisessem.
Deixei a bandeja e minha bolsa no chão e me sentei sobre o muro de contenção.
James estaria gritando em meu ouvido sobre a taxa de morte de jovens por suicídio de prédios altos.
Mas estar ali me dava um sopro de vida, um significado e importância para minha vida, ali, por mais simples que poderia parecer, fazia com que eu me sentisse viva e invencível.
Mais forte que o Superman, voando mais alto que o Batman em seu jato e com a força de vários super heróis unidos em um corpo só.
Tirei meus fones e fechei os olhos sentindo o vento abanar meus cabelos.
Eu gostaria muito de ter minha mãe aqui.
Talvez ela me dissesse como suprir essa minha vontade de viver, essa vontade de me aventurar que muitas vezes, apavorou meus irmãos e pai. Sorri com as lembranças das feições dos homens de minha vida sempre que dizia que eu estava em falta com a adrenalina, que era aquilo que eu queria para minha vida.
A chuva pairou no céu cinza de Gotham e ao senti-la em contato com minha pele, senti queimar. Aquilo era terrivelmente doloroso.
Quanto mais gotas caíam sobre meu corpo, mais dor eu sentia. Tentei me levantar do muro mas a dor em meu corpo foi maior, cada movimento era uma queimadura dolorosa em meu corpo.
Ao conseguir levantar meu corpo sobre o muro de contenção no telhado do prédio, senti a tontura me atingir, a dor era infernal em meu corpo. Encarei minhas mãos com bolhas vermelhas cobrindo-as e a moleza atingiu meu corpo.
Meus ossos haviam perdido sua força e talvez aquele fosse meu fim.
Senti meu corpo ser impulsionado para frente...

E a escuridão me engoliu...



.
.
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Quando mais nova, eu sempre pensei como seria a minha morte.
Se eu morreria vítima de um câncer terminal, como minha mãe que foi tirada de mim antes mesmo que eu pudesse falar.
Se um dia eu seria assassinada e traria dor a meu pai e meus irmãos.
Se seria antes de conhecer alguém, me casar e construir uma família.
Eu teria filhos ?
Eu os veria crescer ?
Eu seria uma cientista ou largaria tudo e me tornaria paraquedista ?
Agora nada disso mais me importava.
Porque a escuridão era fria.
Fria e solitária.
Se eu pudesse escolher, eu teria escolhido estar voando, morrer fazendo aquilo que me trazia vida.
Por mais ironia que isso pareça.
Eu gostaria de ter morrido com o maior sentimento de vida que eu senti.

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