Nunca te esqueçi

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***PRESENTE***

(Daisy)

- Bom dia, amor.- digo, entrando na sala em que o meu marido lia o jornal.

- Bom dia, querida.- ele diz-me, levantando-se.

Caminho um até o outro e juntamos os nossos lábios num beijo curto e rápido. Sim, é assim que as coisas funcionam agora. Beijos curtos e secos, nunca nos tocamos, nunca namoramos... Enfim, vida de casal com quarenta anos. É triste mas ao menos ainda tenho o meu filho. O meu filho! Corro pelo corredor da grande casa e abro a porta do seu quarto.

- Edward!- digo, abanando-o.- Acorda! Vais chegar atrasado!

Ele abre os olhos lentamente e dá-me o prazer de ver aqueles olhos azuis lindos, iguais aos meus.

- Bom dia, mãe.- ele diz, levantando-se e dando-me um beijo na bochecha.

- Bom dia, querido. Agora despacha-te!

Volto para a cozinha e preparo uns ovos mexidos e um copo de sumo. O meu filho que acabou de fazer 13 anos, entra na cozinha com umas calças, uns ténis velhos e uma t-shirt. Senta-se à mesa e em menos de nada, come o pequeno-almoço. Depois, dá-me dois beijos e sai de casa. Olho-o pela janela, a subir para a bicicleta e a pedalar para a escola. Bufo e encosto-me à bancada. Ouço a campainha tocar. De que é que o Edward se esqueçeu? Caminho até à porta e abro-a.

- De que é que te...

Calo-me quando o vejo. Está igual. Tem a mesma altura absurda e corpo forte e robusto. Tem os cabelos castanhos (com uns ligeiros fios brancos) pela altura do bescoço a tapar ligeiramente os olhos verdes que brilham como brilhavam no dia em que o conheçi. Usava umas calças de ganga e um casaco de cabedal fechado.

- Harry...- deixei o nome que ansiava pronunciar há anos, escapar pelos meus lábios.

Ele fez um sorriso enorme e reparei que os seus dentes continuavam organizados em duas filas perfeitas de pérolas brilhantes.

- Daisy, uau, estás... Fantástica!-ele diz, olhando-me de cima a baixo.

As minhas bochechas aqueçem imediatamente. Por mais que me digam estas coisas, fico sempre corada.

- Bem, entra!- digo, dando-lhe passagem.

Ele passa ao meu lado e entra em casa.

- Senta-te.- convido.

Ele senta-se numa das cadeiras da mesa da cozinha e eu sento-me noutra.

- Então, como é que tu estás?- ele pergunta, fazendo um sorriso e pousando a sua mão na minha.

- Casada.

Viramo-nos ao ouvir aquela voz masculina atrás de nós. Vejo o meu marido (Ah! Já agora, o meu marido chama-se Jonhathan!), a olhar para nós. O Harry levantou-se logo e eu imitei-o.

- Bom dia. Sou o Harry.- estende a mão e o Jonhathan não fez nada.

- Jonhathan!- repreendo.

Ele bufa e aperta a mão do Harry.

- Bem, eu vou trabalhar.- o Jonhathan disse, pegando na pasta do trabalho.

- Foi um prazer conheçê-lo.- o Harry disse.

- Sim, bem, o prazer foi todo seu.- o Jonhathan disse, revirando os olhos.

Aproximou-se de mim, pousou a mão no fundo das minhas costas e puxou-me para si, juntando os nossos corpos e consequentemente, os nossos lábios num beijo apaixonado. Claro, só para marcar território. Depois, separou-nos e foi-se embora.

Sentei-me de novo na mesa e Harry imitou-me.

- Casada, anh?- ele diz, agora já um pouco constrangido.

- Sim... E tu?- perguntei.

- Bem, solteiro.- ele diz, fitando as suas mãos.- Quando a banda se separou, viajei por todo o mundo.- ele diz, sorrindo.

- Uau! Que bom para ti!- digo, entusiasmada.

- Pois... Mas depois tive de voltar.- ele diz.

- Porquê?

- Porque nunca te esqueçi.

Trough the nightOnde histórias criam vida. Descubra agora