Capitulo 1 - Repelente de buceta

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Eu tinha 20 anos e um perfeito merda. Era como se eu repelisse buceta, ou algo assim. Vivia sonhando com mulheres lindas, de todas as cores, idades e de muitos amores passando por meus braços, mas a única coisa que eu tinha era minhas mãos e alguns cremes. Eu até entendia o porquê que nenhuma mulher sentia atração por mim: baixo, magro e pobre, não tinha nada que agradasse algum par de peitos.

Minha trajetória com as mulheres tinha sido drástico. Namorei desde que me conhecia por gente e mesmo sabendo que não daria certo desde aquela época, continuava nessa fissura por ter alguém a vida inteira, amar intensamente, coisa de gente que ainda não viveu nada.

Aos dezesseis anos, conheci uma mulher da igreja, ela tinha uns seis anos a mais do que eu e eu era um completo moleque. Ela se apaixonou por mim de alguma maneira que eu desconheço e eu por ela, talvez por sua idade avançada e a alusão de estar com alguém mais madura, me enganei. Namoramos por alguns meses e os pais dela eram barra pesadas, não gostavam de mim por eu ser novo demais, certo dia me chamaram pra jantar com eles.

- Olha aqui, eu só te chamei aqui pra dizer o quanto eu me arrependo de ter aceitado esse namoro. - disse o pai dela.

- Só lamento coroa, agora fudeu, vamos nos casar!

O atrito entre a gente era perceptível de longe e ela sempre ficava do lado deles - as vezes - mas tinha todo o direito, aliás, eram os pais dela. Ficamos noivos com quase um ano de namoro e estava tudo pronto pro enterro, até que ela descobriu sobre os meus outros casos, coisas antigas e recentes, e por mais que eu tentasse contornar a situação que muitas vezes havia conseguido, não deu pra segurar, fora o fim, fora ótimo para ela.

Dali alguns dias eu estava novo em folha, de volta pra caçada. Cai no mundo, comecei a escrever alguns contos eróticos e umas poesias de amor, fazia sucesso com umas meias dúzia de garotas. Era raro um cara da minha idade se interessar por essas baboseiras, mas eu me aproveitava ao máximo da situação.

Estava bem considerando os últimos anos, saia sempre com uma garota diferente por semana, e pensava que elas não sabiam dessa minha vida paralela, até que em um dia quando marquei um encontro com duas garotas, uma loira e outra morena, pensando que iria botar pra fuder com as duas juntas, quebrei a minha cara, as garotas me usaram e levaram tudo o que eu tinha, voltei pra casa só com a roupa do corpo. Mas nesse mesmo dia, todas as mulheres em que eu confiava me deixaram na mão, e a Luciana, a mulher mais inteligente e livre de espírito que eu já tinha conhecido, após muitas vezes dizer que me amava e de repente ter rompido comigo, dizendo:

- Victor, eu não estou na fase certa para namorar no momento, o meu trabalho toma muito do meu tempo, e você sabe, não vai dar, vamos ser só amigos, eu gosto muito de você e das coisas que escreve, pode continuar mandando para mim, você vai conseguir lançar seu livro, acredite.

Ela tinha aberto o jogo para mim, e eu fiquei na esperança que era questão de tempo para tudo se normalizar e ela ficar comigo de vez, mas nesse dia, ah, esse dia que a bruxa estava a solta, tive a notícia de que ela havia começado um namoro. O chão se abriu e eu cai direto no inferno.

Desde então fiquei com receio de me aproximar das mulheres, pois nada me interessava mais. Não havia mulher melhor e mais linda do que Luciana, e também posso dizer que não havia mais cruel naquele nível.

O pior de tudo é que ela tinha quebrado minhas pernas logo quando fizera 18 anos, e então fiquei trancafiado em casa escrevendo por dois anos consecutivos, não tinha outra vida a não ser os livros e o teclado, tec tec tec tec. Eu fazia parte daquela tela com varias linhas e letras, eu era o que escrevia e nada mais iria mudar. O mundo não tinha valor algum e que todas as mulheres se fudessem juntas com suas ambições e exclusões e traições de confiança, e companheirismo falso, e tudo o que há de ruim que Deus colocou no coração delas. Eu não tava mais nem aí pra nada.

Me entreguei a bebida, bebia todos os tipos de cerveja e whiskys, passei a fumar, qualquer bituca de cigarro e até charuto quando queria inspiração. Maconha não faltava, me entregava para o mundo da alucinação já que o real estava uma completa merda, e nunca esteve diferente, pra ninguém.

Eu não era visto, e por consequência não fazia falta, pois não era lembrado. No fundo no fundo desejava muito bucetas rosas e bicos pontudos, bundas grandes rebolando em cima de mim e longos cabelos para puxar. Queria coroas de seus quarenta anos pra cima, ou até mesmo as garotas mais novas de treze. Mas repelia, com todas as forças repelia, meu carma era ser sozinho e morrer dessa maneira, apenas na vontade, até que meu livro fora lançado.

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