𝕷𝗢𝗩𝗘𝗥 𝗜𝗦 𝗔 𝕯𝗔𝗬 ‹𝟹 bruno madrigal

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Aquela seria uma boa cena de assistir, Karla ficaria feliz caso sua irmã conseguisse um casamento com uma das famílias mais importantes de Encanto. Isto seria ótimo para o negócio e status dos Morales, seriam privilégios de igual para igual.

A moça estava sentindo muita felicidade e orgulho para com a sua irmã mais velha, podia sentir a alegria transbordando em cada passo que ela dava na direção da mesa e desejava profundamente que ela conseguisse o que estava procurando.

Pelo menos uma delas deveria se dar bem.

Entretanto, havia um empecilho que tornaria essa inesperada união desajeitada.

Aquele era Bruno Madrigal. O mais novo dos trigêmeos e o mais conhecido por ser um símbolo de má sorte graças às suas previsões. Apesar da bela e jovial aparência - com cabelos cacheados bem escuros que encostam a seus ombros, olhos que mudam de cor de acordo com a iluminação e uma charmosa barba por fazer - ninguém gosta de estar milimetricamente perto dele, sequer conseguem manter um tipo de contato visual. Apesar de ele ser composto por elementos que o deixam naturalmente bonito, seus lances amorosos são nulos - ou quase nunca dão certo.

Pouco se sabe sobre ele ou o que ele esconde por trás daquela capa verde misteriosa.

Sol se aproximou da mesa com a desculpa de que estava por ali para limpar. Karla observava com clareza as atitudes confiantes que sua irmã tomava perto deles, ficou imaginando-se no lugar dela, provavelmente teria derrubado toda a sujeira em sua saia e passaria a maior vergonha em seus vinte e poucos anos de vida. O jeito como ela começou a puxar assunto com todos naquela mesa foi algo tão natural que parecia uma conversa de pessoas íntimas que não se viam há tempos, o movimentar dos seus lábios a cada sorriso esboçado era delicado e simplista.

Karla se contagiou com aquela conversa mesmo não participando, para alguém desajeitado como ela, se contentar com qualquer resquício de alegria era grande coisa.

Os Madrigal parecem ter gostado dela, claro que sim, afinal, quem não gostaria?

Ela é uma ótima pretendente; será uma ótima esposa e ótima mãe. Karla sempre soube que o sonho da sua irmã era construir uma família e ter muito bebês, diferente dela, que preferia mais uma vida calma e relaxante, ter filhos, por enquanto, não estava em seus planos.

Entretanto, sair de Encanto é uma tarefa difícil. Esse fato faz com que o desejo de sair e conhecer o resto do mundo fique apenas em sua cabeça, como uma ideia, um sonho que jamais será realizado.

Bom, ter crianças mágicas para deixar todos de cabelo em pé poderia ser muito gratificante e, o principal, sentir o amor quentinho que aqueles pequenos seres têm a oferecer deve ser um sentimento tão prazeroso. Karla entende Marisol, só não tem a mesma vontade no momento.

Espantando pensamentos acerca dessa situação que havia se formado na mente da moça, Karla retira um dos panos do bolso do seu avental e começa a limpar o balcão em que estava. O nervosismo a fez derrubar uma das xícaras, o resultado foram gotas de café esparramadas em cima da madeira polida, e se permanecesse por muito tempo ali, provavelmente formariam manchas irreversíveis.

''Miércoles...''

Enquanto isso, na mesa um pouco mais a frente, Pepa e Julieta estavam entretidas com o fato de Sol estar conseguindo manter um bate-papo tranquilo com as gêmeas que já estavam torcendo para que ela fosse a moça da visão de seu irmão.

Bruno, por outro lado, não sabia como dar uma resposta negativa. Ele nunca precisou dar um fora em ninguém porque geralmente acontece sempre o contrário. Ele encarava Karla do outro lado do salão, que parecia concentrada em terminar de limpar aquela mesa.