Jungwon
Sunoo olhava fixamente em meus olhos, como se soubesse exatamente o que se passava em minha mente. Era assustador vê-lo daquela maneira, eu sei que ele esconde algo de nós pelo simples fato de que ele estava se afastando de todos, principalmente de Aya, sua melhor amiga. Mas eu nunca poderia ter imaginado que era isso, que debaixo daquela inocência ele escondia aquela figura monstruosa.
– Eu não sou um monstro Jungwon! – Estremeci.
– Sunoo... – Ele se aproximou de mim lentamente, agora estava andando sobre o galho, já não estava mais pendurado.
– Você tirou tudo de mim, mais uma vez. Você sempre fez isso. – Ele fechou os olhos e negou com a cabeça. – Você a tirou de mim, duas vezes.
– Do que você está falando? Sunoo, pare com isso, somos irmãos.
– Não me chame assim! Eu não sou seu irmão! – Ele me encarou bem nos olhos. Notei que ao redor de sua íris, agora avermelhada, havia um fino anel azul. – Você não disse que eu era um monstro?
– Eu não disse isso. – Engoli em seco. – Eu posso ter pensado mas...
– Isso não importa, você nunca foi meu irmão! – Ele deu mais um passo, pensei em me teletransportar, mas no momento em que iria fazê-lo, Sunoo segurou meu ombro.
– Pode ir, mas se o fizer. Sabe que irei junto. – Diante daquela situação acabei me rendendo, eu já devia saber que não tinha mais para onde fugir.
– Sunoo! – De repente ouvi a voz de Aya, ambos nos viramos em sua direção. Ele se afastou um pouco e ela se teletransportou parando no espaço entre eu e ele.
Sunoo pareceu ter um choque de realidade. Por detrás de Aya pude observar seus olhos voltando ao tom normal e suas presas desaparecendo.
– Socorro...– Ele falou com a voz fraca e caiu desmaiado.
– Sunoo! – Aya se teletransportou para o chão e o pegou antes que ele caísse, já eu que continuava sem reação, me obriguei a voltar para o mundo real, me teletransportando e parando ao lado dos dois.
Ela chorava com Sunoo em seus braços e por algum motivo senti um aperto em meu coração por vê-la assim.
– Ele vai ficar bem. – Me aproximei dela que ainda chorava, de repente ela olhou para mim com o nariz e as bochechas vermelhas pelo choro. Parecia sentir dor.
– Jungwon... – E então ela desmaiou sobre o corpo desacordado de Sunoo.
– Aya! – Caminhei até ela e antes que pudesse tocá-la tudo ficou preto.
Pisquei algumas vezes porém não adiantou, eu ainda não podia ver nada além daquela escuridão sufocante.
– Você viu o que fez com ela? – Estremeci ao notar que mais alguém estava aqui. Eu conhecia aquela voz, era a minha voz.
– Você... Sou eu? – De repente ele apareceu na minha frente, usava uma roupa branca, seu olhar era mais frio.
– Pode-se dizer que sim. – Ele deu de ombros. – Porém, sou melhor do que você.
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𝑩𝑶𝑹𝑫𝑬𝑹: 𝑫𝑰𝑴𝑬𝑵𝑺𝑰𝑶𝑵
Fiksi PenggemarA sensação de não saber diferenciar entre a realidade e a ilusão, de não saber o significado do prazer ou da liberdade, apenas da dor e do sofrimento. Não conhecemos vida além desta que temos, expostos a diferentes testes, medicamentos e dores todos...