• ☾ Capítulo 13 - Memórias ✾ •

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Minseong

Do topo daquela árvore eu podia vê-los. Toda sua dor era transparecida por cada ato que cometiam e cada passo que davam. Sua vida, embora não fosse digna depois de tanto sofrimento, já fora melhor do que isso.

Eu me lembrava de tudo. Cada detalhe, nenhum sequer fugia de minha memória. Eu nunca havia me esquecido.

Todos morávamos juntos em um orfanato, desde muito jovens. Jay e Aya eram irmãos de sangue, foram os primeiros a chegar no orfanato depois de mim, quase que apenas uma semana depois, Heeseung se juntou a nós, depois Niki, os irmãos Sunghoon e Mika vieram em seguida, o próximo foi Jake, logo Mirae chegou também, Sunoo veio mais tarde e por último Jungwon, alguns anos depois. Ele foi o que se juntou a nós mais velho, tinha cerca de quinze anos, todos os outros chegaram quando crianças.

Os mais charmosos, os talentos musicistas Jay e Aya foram adotados por uma família que depois de um tempo me adotou também. Éramos uma família muito feliz até o dia em que um acidente fatal tirou a vida de nossos pais adotivos. Voltamos para o orfanato e, sem saber se isso era bom ou não, nos juntamos a nossos amigos novamente, que ainda estavam lá.

Tudo corria normalmente até que, em uma tarde de verão ensolarada, recebemos a notícia de que o orfanato havia sido incendiado, estávamos na escola no momento e, como não tínhamos mais para onde ir, recebemos a gentil oferta da diretoria de uma renomada escola que nos aceitou lá até que nossos estudos chegassem ao fim, muitos de nós já estavam no último ano escolar, esse era meu caso, mas aquilo serviria de grande ajuda, ainda mais para quem não tinha para onde ir.

Passamos a viver no internato, os primeiros meses foram difíceis, sofriamos violência escolar por sermos órfãos, porém, aos poucos esses problemas cessaram.

Sunoo havia sido adotado um ano antes de o orfanato pegar fogo. O que o poupou de toda dor no início. Mas infelizmente a pessoa que o adotou não tinha mais condições de cuidar dele e de todas as outras crianças e o devolveu. Sabendo de seu caso, a escola o aceitou também.

Infelizmente, Sunoo acabou sofrendo por ser bastante sensível e se isolar da maioria das pessoas. Ele chegou depois de nós o que o fez ser o novato do orfanato incendiado, além de tudo ele também era muito manipulável e ingênuo, o que o fez um alvo mais fácil.

Nos primeiros dias, embora nos conhecesse, ele manteve distância e até nos evitava. Recusando toda ajuda, mas a gentileza de Aya o fez vir para nosso lado e se proteger no conforto de nossa família.

Algumas semanas se passaram e fui adotada novamente, estávamos no meio do ano letivo e eu não pertencia mais a um orfanato, mas encontrei alguém que me resgatou.

Tudo parecia ir bem, até um mês antes de nossa formatura. Houve uma enorme festa na casa de um dos colegas de nossa escola. Uma festa que eu não queria ir. Porém meus amigos acreditavam que nossos antigos agressores haviam mudado, então acabamos indo.

Foi a pior decisão que tomei.

Não me lembro em detalhes do que aconteceu mas sei que aquele foi o último dia em que estive na minha antiga vida. As memórias passavam por minha cabeça como pequenos flashbacks dolorosos, homens altos com roupas brancas que cobriam seus rostos, agulhas e gritaria. Foi horrível. Na primeira vez que abri os olhos depois do ocorrido, já estava dentro daquela casa.

Estamos presos neste lugar há muito tempo. Tempo esse que já nem posso mais contar. Sei que em algum momento de toda essa história todos nós deixamos de ser normais.

Não envelhecemos mais e embora soframos muito e sintamos muita dor, nunca levamos um dano fatal. É assustador, mas pode ser uma bênção que resultou de uma maldição.

𝑩𝑶𝑹𝑫𝑬𝑹: 𝑫𝑰𝑴𝑬𝑵𝑺𝑰𝑶𝑵Onde histórias criam vida. Descubra agora