一日三秋 (yī rì sān qiū)

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Capítulo 14 

Um dia, três outonos*




Mu Qing acordou, do que ele poderia, agradavelmente considerar, o sono dos deuses, ele se sentia leve por dentro e seu corpo relaxado de uma forma que ele não conseguia se lembrar de já ter sentido. Foi como tirar a maior montanha do mundo de suas costas, lhe trazendo uma sensação prazerosa, como acordar aninhado a cobertores quentes em uma manhã fria de inverno.

Sonolento, ele olha em volta, dando atenção suficiente, apenas para reconhecer que está no templo Puji, ele não se lembra de ter entrado, mas também não quer pensar nisso, observar os grãos de poeira dançando nos feixes de luz que entram pelo teto parece muito mais interessante. Pela primeira vez em muito tempo, seus pensamentos estão distantes de qualquer incômodo com o qual ele estava acostumado.

Se encolhendo um pouco, ele lentamente se vira de lado, apenas para ver a capa vermelha de Feng Xin, amarrotada perto dele, meio enrolada em uma de suas pernas, como se tivesse sido usada como um cobertor e isso lhe chama a atenção, não demora para as lembranças da noite anterior invadirem a sua mente.

O deus do sudoeste cora, sentindo sua face esquentar. Mu Qing leva as mãos, a sua face, querendo de gritar e chorar, oitocentos anos existindo e ele chorou como uma criança perdida, agarrado aos braços de Feng Xin, logo, Feng Xin, o seu arqui-inimigo-amigo.

Mu Qing quer fugir pela janela do quarto e sumir pelos próximos dois meses, fingindo que um grande problema surgiu em seu território o forçando a ficar ausente por bastante tempo, ele não quer ver Feng Xin tão cedo, o sentimento de humilhação mordendo o seu peito, como um tigre que agarra sua presa e não solta. Mu Qing se sente constrangido, sua mente não para de girar em torno de como o grande, frio, sarcástico, distante e indiferente General Xuan Zhen Jun, literalmente, se agarrou em Feng Xin. Ele se encolhe um pouco mais e não consegue evitar que seus músculos se contraiam em tensão.

"Eu quero sumir...", Mu Qing murmura baixinho. "Por todos os deuses e Budas, eu quero sumir..."

As vozes cada vez mais altas que ecoam do cômodo central o lembram que Zhen Qing, Xie Lian e Hua Cheng estão lá, eles têm coisas a resolver, Mu Qing tem algo grande para cuidar e não pode simplesmente sumir sem aviso. O deus está tão perdido em seu constrangimento, em sua vontade de fugir, que não nota que algo naquele barulho está faltando.

Toda a turbulência em sua mente, afasta qualquer sono restante o deixando totalmente acordado, ele remexe suas pernas na cama de novo, incomodado com o constrangimento e a vergonha que está sentindo. Mu Qing bufa e se mexe mais uma vez, pleno de desgosto, consigo mesmo e com aquele maldito manto de Feng Xin pesando sobre seu corpo e limitando seus movimentos, embora ele não estivesse fazendo realmente nada, para se livrar dele.

"Eu não me lembrava de você ser tão inquieto ao acordar!"

A voz rouca que chega a seus ouvidos, faz Mu Qing parar de se mover quase que instantaneamente, ele finalmente nota o ir e vir de uma respiração compassada muito próxima que atinge a lateral de seu pescoço agitando levemente alguns fios de seu cabelo. Mu Qing não sabe dizer se seu sangue sumiu de sua face ou se ele está mais vermelho do que nunca.

Quando Feng Xin se movimenta é que Mu Qing finalmente percebe que o peso diferente em seu corpo, exatamente na sua cintura, não era o manto, o manto está lá, preso em suas pernas, mas mais acima, era o braço de Feng Xin. Não somente isso, o calor tão próximo as suas costas, também era Feng Xin.

O corpo de Mu Qing que começara a se acalmar, enrijece, sua respiração ficando presa em seu peito, a mente de Mu Qing começa a trabalhar como engrenagens mal posicionadas que raspam uma na outra ao invés de apenas se encaixarem. Ele começa a se virar lentamente na direção de Feng Xin, como se estivesse com medo de confirmar o que já sentia.

Novos e Velhos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora