O CHALÉ | CAPITULO 9: O Início de tudo

4.3K 326 60
                                    

- Esta vila que agora estamos foi fundada por padres jesuítas e Bandeirantes a mais de quatrocentos anos, não era mais que algumas cabanas ocupadas por duas grandes famílias portuguesas. Quando os padres e os Bandeirantes foram colonizar outros lugares deixaram as duas famílias responsaveis por transformar o pequeno acampamento em uma vila e se possível em uma cidade. Próximo a montanha existia uma aldeia de índios e lidar com eles seria um dos grandes desafios dos fundadores da vila, pois os índios não estavam felizes em ter de dividir suas terras com o homem branco. Os fundadores decidiram que metade das terras seriam de cada família para evitar brigas desnecessárias. A família Borba ficou com a metade que ia do meio da vila até mil alqueires além da montanha. E a família Alencar ficaria com a outra metade do meio da vila até mil alqueires além do riacho. A família Borba ficou feliz com a divisão porque o pai da família acreditava que com o tempo e com Boa conversa os índios podiam ser bons aliados já que conheciam tudo por ali. A primeira atitude dele foi tentar demostrar de alguma forma ao povo da aldeia que eles poderiam ficar em paz, pois ninguém iria tentar usurpar seu lar. Os Alencar estavam igualmente felizes porque tendo o riacho poderiam cultivar alimentos com mais facilidade. O chefe da família achava que a melhor decisão seria mostrar aos índios que eles agora mandavam por ali, Mas está não era uma decisão dele, que tentava respeitar a posição do amigo Borba. No acordo feito entre eles ambos lados teriam que ceder espaço e trabalhadores para abrir ruas que seriam de uso comum a todos na Vila, que chamaram de Vila - da Boa Esperança. Como vocês podem ver este é um lugar muito isolado e os materiais para a construção da vila chegavam de forma muito difícil. Então fazia dois anos que eles estavam aqui e o lugar ainda parecia um acampamento, sendo que a únicas coisas que prosperavam eram as plantações dos Alencar. Os Borbas tinham hábeis construtores mas faltava-lhes os materiais para o trabalho. Um ano depois os índios já simpatizavam mais com os Brancos bons, E decidiram mostrar onde conseguir a melhor argila para os tijolos em troca algumas bugigangas e de comida de branco. Com a aliança com os índios os Borbas conseguiram voltar aos seus ofícios e a vila ganhou as primeiras casas, inclusive este mercado que foi uma das primeiras construções da cidade. Foi construído para que as senhoras Borges e Alencar pudessem ter onde vender seus trabalhos manuais e verduras, no início o comércio era apenas entre as famílias, mas com as muitas viagens deles para vender e comprar coisas nas cidades próximas e na capital, logo outras famílias buscaram abrigo na Vila da Boa Esperança. E uma das famílias fundadoras os recebia como agregados desde que tivesse alguma habilidade que pudesse favorecer a família. Com o passar do tempo o lado dos Borbas começou a se mostrar com mais infraestrutura que o dos Alencar. E eles tendo os índios como aliados nem sempre precisavam recorrer aos velhos amigos para conseguir alimentos e sementes. E isso começou a incomodar a família Alencar que precisava dos recursos advindos das vendas dos produtos para os Borbas e prós seus agregados. Os incomodava também que aos poucos alguns índios já estavam circulando pelas ruas do Vila. O chefe da família alertou ao amigo que aquilo poderia ser perigoso, pois eles não sabiam sobre a Real índole dos índios e que ambos tinham filhas e sobrinhas ainda moças que não deviam ver homens nus pelas ruas da cidade. O Borba jurou que falaria com o chefe da aldeia sobre isso. E a conversa acabou com um brinde com vinho português. 

Assim que o dia seguinte amanheceu o Borba cumpriu sua palavra e foi falar com o chefe da aldeia, explicou que tinham costumes diferentes e que se os habitantes da aldeia quisessem andar pela vila dos brancos eles teriam que usar roupas como a dele. Apesar de não gostar da conversa o chefe da aldeia concordou com o amigo branco. O homem levou roupas de presente, mas os índios não as usaram para ir a vila dos homens brancos. A parceria entre eles e os Borbas continuou, mas nele não mais os visitavam na Vila. Com o passar dos anos a vila já contava com mais de cem famílias e a economia local já não dependia tanto das duas famílias fundadoras, elas ainda detinham o poder sobre o comércio e a produção de alimentos, Mas agora tinham outros clientes.

O Chalé  [ Concluida]Onde histórias criam vida. Descubra agora