Festa

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Ódio.

É o sentimento que corre por seu corpo, a consumindo por inteira. Uma simples faísca e bum, poderia entrar em combustão ali mesmo, em meio aos corpos bêbados e suados.

Não era como se esperasse algo diferente vindo dele, mas, mesmo assim não consegue evitar o sentimento de transbordar de si. Afinal, como ele poderia trocar Emilia Alo por uma simples missionária do segundo ano?!

Sua mente não entende, seu orgulho não se conforma, seu ego está aos pedaços.

Deixa aquele lugar, qual chamam de festa mas, que para a garota, não está nada divertido, esbarrando em quem que fosse pelo caminho. Com o celular a todo tempo em mãos, tentando conseguir uma carona, enquanto desfere todos os tipos de xingamentos imagináveis e inimagináveis.

É quando tropeça em um pé, já ao lado de fora da mansão, quase caindo ao chão, que se volta a realidade e ao seu redor.

- Filha da puta. - murmura em sua língua materna.

- Cuidado princesa. - se vira em prontidão a voz grave, e quando vê o sorriso descarado pressente no rosto da morena tem a certeza de que foi proposital.

- Claro, tinha que ser você. - a careta feia se faz presente em seu rosto, principalmente quando o cheiro do beck, que a outra garota traga, se torna nítido em suas narinas. - Gay maconheira.

- Eu mesma. - o sorriso de Agosti é inabalável, com aquele fundo sarcástico que irrita Emilia dos pés a cabeça.

- Vem cá, você não tem nada melhor pra fazer do que ser uma babaca, não?! 

E ali o show irá começar, Andrea Agosti é a simples faísca.

- Pegar uma garota idiota que morre aos seus pés ou se matar ingerindo drogas e álcool? Ou sei lá que merda você usa!

- Calma Alo, eu só estava brincando. - ri descontraída. - Que bicho te mordeu?

- A porra do Sebas e a sua namoradinha. - responde certeira. A postura relaxada e foda-se pra tudo de Andi junto do sorriso descarado se fecham, em um segundo. - Você deveria cuidar melhor do seu bichinho.

- MJ... - a mexicana murmura mais para si mesma, raciocinando.

- A própria Madre Teresa. - Emilia diz debochada, revirando os olhos com força em seguida.

- Ela não é minha namorada. - Agosti nega, voltando a encarar a loira.

- Obviamente. - a brasileira solta um riso. - Parece que você foi trocada pelo playboyzinho, pelo visto seu taco não é tão bom quanto pensa, Andizinha.

- Suas amigas nunca reclamaram. - responde, com seu típico sarcasmo e o sorriso ladino presentes de volta.

Emilia revira os olhos outra vez, se dando conta de que só perde seu precioso tempo naquela conversa.

- Além do mais, por que você está tão brava com isso? - questiona levantando as duas sobrancelhas, como sempre faz. - Você só não usava o Sebas para conseguir o que queria? "Sua estratégia de marketing".

- A minha relação com o Sebas não é da sua conta. - Emilia nega, com a cara fechada.

- Mas, eu me pergunto, que relação? Porque, bom, ele tá com a MJ agora. - com um sorriso vitorioso no rosto, sabendo que conseguiu irritar a garota como queria, volta a levar o baseado a boca.

Emilia consegue sentir seu sangue ferver tão rápido quanto o seu coração bate acelerado. Ali ela pode explodir e ambas sabem muito bem disso.

- Vai se foder Andrea Agosti, você é tão escrota quanto eles. - nega com a cabeça. - Não acredito que cheguei a cogitar isso...

- Isso o quê? - Andi questiona confusa, arqueando sua sobrancelha esquerda.

Emilia a olha de cima a baixo, voltando a encarar intensamente os olhos pretos como o céu nesse momento.

- Te mandar pra casa do caralho.

Se vira rapidamente, sem nem ver por onde anda.

- Emilia!

O mundo parece se tornar câmera lenta, ouve o grito pelo seu nome e a luz forte bate em seu rosto, quase a cegando. Fecha os olhos com força, sentindo mãos agarrarem sua cintura, em seguida, a puxando para trás.

Com o coração acelerado e o fôlego por um fio abre os olhos, se deparando com uma das mais belas visões que já teve em toda a sua vida. Andi a encara de volta com a expressão serena, seus rostos a centímetros de distância, suas bocas quase coladas.

Quando o caminhão finalmente passa com sua buzina alta, que para as duas, presas em seus mundinhos, está abafada, o vento que causa faz os cabelos das garotas voarem de forma graciosa.

Então a câmera lenta para e a última visão que tem daquele pequeno momento de paz, mesmo recheado pela adrenalina, é dos olhos incrivelmente negros e redondos brilhando enquanto se dividem em olhar para seus olhos e sua boca.

- Tá maluca, Emilia? - Andi as afasta de forma bruta, arrancando a loira de uma vez de seus devaneios. - Presta mais atenção, porra.

- De-desculpa. - ainda afetada pelos acontecimentos a loira pede, sem pensar direito, totalmente conturbada.

Andi não pode evitar se surpreender com aquilo, afinal, Emilia Alo nunca se desculpa ou agradece (ainda mais com Andi), ela é superior a isso. Suspira antes de pegar a mão da loira.

- Vem, eu te levo pra casa.

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