Capítulo 2

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Me sento na entrada de casa e calço as botas de serviço. Pego meu velho companheiro, talvez, só talvez... Seja por causa desse meu velho companheiro e a cicatriz no olho direito que os outros tenham medo de mim.
Ou talvez seja pela minha altura? Devo dizer que sou um dos alados mais altos... Suspiro.

Não é agradável ser um alado que ao invés de causar impacto positivo, causa temor aos demais. Não gosto dessa sensação.

Meu velho amigo é uma Naginata.

Estico as asas e bocejo, o sol ainda está nascendo e a brisa da manhã me agracia. Sorrio. Comecei a comer no castelo por dois motivos. Posso acordar mais tarde e não preciso me preocupar com a louça das refeições. E o principal motivo é uma fada arrogante que me faz ter ereções incômodas, porém sua visão é viciante o suficiente para que eu deseje ter sempre mais cinco minutos dentro da sala de jantar do castelo.

Alço vôo prendendo a Naginata entre as asas. Minha Naginata tem um nome especial. Katrina. Dei esse nome ao meu apetrecho de trabalho por um único motivo. Era o nome da minha morcega de estimação quando eu era apenas um pequeno e desastrado alado.
Não posso dizer que mudou muita coisa, apenas a altura.

Por causa de meu dom precioso chamado desastre, adquiri a cicatriz do lado direito do rosto que vai desde a sobrancelha até a bochecha, passando por meu olho.

Enquanto treinava com Katrina, deixei ela muito afiada, estupidamente ascendi a forma divina e isso aumenta minha velocidade de golpes, por sua grande capacidade de corte, acabei girando ela perto do rosto e o vento conseguiu quase me cegar.
Aprendi uma grande lição depois disso. Jamais devo girar Katrina tão perto, a menos que queira perder um membro ou uma funcionalidade do corpo.

Pouso em frente ao castelo e abrem as portas. Hoje é um dia especial. Vamos sair para beber em comemoração ao retorno de Alef a Guarda real. Ele agora tem suportes que o capacitam a voltar ao serviço e por isso, vamos reunir os amigos mais próximos.

A taberna de Shiva estará cheia hoje.

Entro no castelo e sigo para a sala de jantar, entro e me sento em uma das cadeiras. Axe se senta ao meu lado e ver ele aqui me faz questionar sua presença.

- Não tomou café em casa? - ele nega e parece mal humorado.

- Minha mãe anda apresentando seres místicos de varias tribos e reinos para que eu decida minha futura companheira . - arqueo uma sobrancelha.

- Nessas horas não reclamo em ser órfão. - ele me olha de relance e ameaça rir, mas se segura.

- Seu humor é quebrado Lion, não faça piada com um assunto tão delicado, seria péssimo da minha parte rir. - ele diz e suspiro. Abocanho um bolinho gritante.
Maiana entra e instantaneamente meu corpo responde. Engulo seco.

Já pedi a Faruk milhares de vezes que ele ordene que as roupas de batalha das fadas sejam alteradas para uma vestimenta padrão, mas ele diz que elas tem liberdade para servir ao reino alado e usar o que desejam. O problema é que na maioria dos dias elas usam armaduras que cobrem apenas o necessário e todo o resto fica descoberto.

Não que isso me incomode... Pelo menos não incomodava até o dia em que Maiana decidiu entrar para a guarda real. Tenho nove anos a mais que Maiana e já trabalhava na guarda desde que Maiana chegou ao reino alado, porém via ela como uma pirralha até que ela completou seus dezoito anos, mas depois que ela simplesmente me defendeu recentemente de algo que já estou acostumado, as coisas estão estranhas.

Falava com ela normalmente antes disso, mas não sei... De repente já estava pronto para arrancar o que ela veste e marcar ela para mim. E esse maldito pensamento anda tirando minha pouca paz em grande parte do dia, apesar de ser uma visão do céu poder apreciar as diferentes armaduras que ela usa, se torna também uma tortura diária e inevitável.

Deixo de comer e acompanho de forma discreta enquanto ela se senta para comer. Acabo passando um bom tempo sentado e esperando que ela termine o café da manhã. Eu sei que é errado, mas é impossível evitar de encarar seu traseiro quando ela levanta e caminha para a saída da sala de jantar. Fecho os olhos. "Tome juízo Lion..."

Me levanto e caminho para fora da sala de jantar. Sigo para o calabouço e acabo indo o mais rápido possível, será bom ter algum interrogatório para fazer agora de manhã, assim gasto energia e meus pensamentos deixam de estar tão enevoados. Ao alcançar as celas, vejo que temos apenas prisioneiros de baixa ameaça. Baixo as asas e me escoro em uma das celas vazias.

- Cheguei! - Teo entre apressado. - Yven? - ele chama e olho em direção a entrada.

- Ele ainda não chegou. - digo e ele caminha em minha direção sorridente.

- Adivinha quem convenci de ir? - ele indaga e dou de ombros.

- Não me importo. - digo arrastado e ele se vira.

- Ok... - ele acena de costas. - Direi a ela que cancelamos. - "Ela!?" Saio de perto da cela e corro até Teo, caminho ao seu lado.

- Maiana vai? Achei que ela não gostasse de sair durante a semana. - Teo assente.

- Ela odeia. - ele diz. - Mas ela vai. - ele pisca e aponta o dedo para mim. - De nada Romeu. - ele diz e sai cantarolando.

- Me chamo Lion! - digo e ele gargalha.

- Romeu é um personagem de livro, escrito do lado humano, conquiste sua Julieta. - ele diz subindo as escadas e franzo o cenho. "Quem caralhos é Romeu? Julieta?"

Suspiro. "Ela vai..." Sorrio. "Yeah!" Comemoro momentáneamente e olho para os lados em seguida tomando postura. Me sento na cadeira da entrada e sorrio encarando o teto do calabouço.

- Quero água! - um dos prisioneiros pede e ignoro. "O que devo vestir?" - Água! - ele pede novamente. "Devo ir com roupas mais formais ou mais despojadas? O que será que os seres místicos do reino das fadas usam? O que ela gostaria?" - Ei! Lion! Água! Alado! Alado! - bufo. Me levanto.

- Já escutei!

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É impossível achar uma imagem que descreva as fadas em minha mente

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É impossível achar uma imagem que descreva as fadas em minha mente. Então vou ajudar vocês a relembrarem e criarem uma imagem dela mentalmente.

Fadas possuem arcada dentada afiada e língua maior que o normal. Seu rosto possuí irregularidades, a pele pálida, quase de um tom azulado, elas possuem lábios azulados ou extremamente vermelhos, unhas longas, orelhas pontiagudas.
Porém, as asas de uma fada são asas completamente encantadoras. O ser com asas mais delicadas e lindas.

Ada a descreveu como seres horripilantes quando aumentam de tamanho.

Ada a descreveu como seres horripilantes quando aumentam de tamanho

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Isso é uma Naginata.

LION - Saga Pearl - Livro XIIOnde histórias criam vida. Descubra agora