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Busan, novembro de 1681

Jimin planejava dormir em paz.

Estava exausto devido ao excesso de trabalho que teve de lidar durante aquela semana. Fora as dores de cabeça com seu irmão, que o tomavam toda a paciência, precisava urgentemente de paz e descanso, mas não estava nem um pouco preparado para o comportamento de Susan naquela noite.

Quando sua esposa se recusou a dormir e usou o chá como desculpa para deixá-lo, ele teve certeza de que havia um problema. Teve fortes impulsos para ir atrás dela e questioná-la sobre o que havia acontecido. Deixara Susan bem em casa antes de sair para o tribunal. Ainda tentou alcançá-la, mas parou no batente da porta e apenas a assistiu se afastar dele. Suspirou derrotado e tomou seu lugar na cama. Apenas uma lamparina iluminava o quarto em cima de uma pequena cômoda ao lado dele.

Deitou-se de costas e olhou para o teto durante algumas longas horas, até perceber que Susan não viria tão cedo. Em algum momento, ele adormeceu, mas despertou em meio a um sonho atribulado e esticou o braço pela cama. Ela não estava lá. Isso já passava da madrugada. Ele se levantou altivo e andou em passos largos até a cozinha no andar abaixo. Não estava sequer preocupado em cobrir a nudez do peitoral, com apenas uma calça de linho, perambulou os corredores da mansão e quando chegou ao seu destino, apenas uma xícara vazia e uma vela há muito apagada estava sobre a mesa do centro. Percebeu não haver sinal de sua mulher.

Voltou por cima do rastro e subiu os degraus em direção ao quarto da duquesa. Sua mão abaixou a maçaneta, mas a porta emperrou. Ele tentou outra vez, e falhou. Estava trancada. Voltou ao seu quarto e, dessa vez, foi a porta de ligação. Também trancada. Seus dedos puxaram a montanha de cabelos emaranhados e suspirou frustrado. Susan o estava evitando sem dar explicações do motivo. Ele nem sabia sobre o quê se desculpar. De repente, suas sobrancelhas levantaram com um pensamento.

Jimin correu até o escritório e abriu seu cofre atrás de uma estante com documentos. Lá havia um nó de chaves, sendo uma cópia para todas as trancas da mansão. Ele pegou e saiu de seu escritório em direção aos aposentos de sua esposa. Jimin gastou um longo tempo até descobrir qual era a chave da tranca da porta de ligação, mas assim que ouviu o clique, seu pulmão soltou o ar preso e tensionado em seu tórax.

Quando entrou, uma penumbra escura o recebeu. A janela estava aberta e a cortina balançava violentamente aos arredores da cama. Ele se aproximou da cama e abriu o dossel estendido na lateral. Susan ressonava no centro da cama sob a coberta grossa e seus dedos estavam tensos ao lado do rosto. Ele quis acordá-la, quis beijá-la, Jimin desejou fazer tantas coisas e, no fim, não fez nada. Ele sentou devagar sobre o colchão e estudou o sono de sua esposa.

Ele deveria dar espaço a ela e respeitar seu desejo de ficar longe dele, mas Jimin não conseguia. Era egoísta demais para isso. Ele se colocou embaixo do lençol e deitou atrás do corpo de sua mulher. Apoiou seu braço na lateral do quadril e fechou os olhos para dormir. Ela até poderia chutá-lo quando o acordasse, ele riu. Não, sua doce esposa não era capaz de agir assim. Quando perdeu o rumo dos pensamentos, adormeceu profundamente.

Pela manhã, o sol já brilhava alto e Jimin despertou alheio. Acordara na mesma posição. Seu braço segurava Susan pela cintura e ele levantou o olhar para o rosto dela. Sua esposa estava acordada, mas não se manifestava a levantar. Ela estava imóvel.

─ Bom dia, esposa.

Ele a cumprimentou com um tom animado, esquecendo as atitudes da noite anterior. Desejava fingir que nada havia acontecido.

─ Bom dia.

O tom melancólico o incomodou. Susan não o direcionou um olhar. Ele quis tocar-lhe o rosto e espalhar selares em sua bochecha. Só queria estar em meio há momentos felizes com sua mulher.

DUQUESA • pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora