Capítulo 3

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Passo o dia todo mantendo a ordem na trilha de pérolas negras e olho para o céu. Suspiro. Amanhã é dia de luto em Pearl. Aniversário de morte da mãe de Faruk.

Encaro o céu cinzento e esfrego a bota no chão. "Amanhã teremos chuva..."

O sol está se pondo e os comerciantes começam a se dispersar, Agnês pousa ao meu lado sorrindo e me reverencia.

- Gostaria de pedir dispensa mais cedo hoje, comandante. - arqueo a sobrancelha.

- Para quê? Em breve estaremos indo para casa. - ela assente.

- Gostaria de ir em casa tomar um banho refrescante, irei a taberna hoje a noite e gostaria de me vestir bem para ir. - ela diz e franzo o cenho. "É sério?"

- Agnês... - respiro fundo e passo a mão na testa. Ela chegou recentemente do reino das fadas e me pergunto porque tenho que aguentar a filha de um dos governadores do reino das fadas, ela não tem mínima noção de trabalho correto e pontual. - Agnês... - sorrio. - Eu também irei a taberna. - digo e ela sorri e bate em meu abdômen.

- Sério!? Que ótimo! Podemos chegar juntas? Estará cheia hoje. - sorrio.

- Claro que podemos chegar juntas. - afirmo.

- Então estou dispensada para me arrumar? - aperto o maxilar.

- Está me vendo pedir dispensa para ir a uma festa na taberna? - ela nega. - E eu irei. - digo. Aponto para Teo, ele sobrevoa a trilha fazendo as últimas revisões. - Está vendo o comandante dos alados pedindo dispensa? - ela nega e volta a me olhar.

- Não senhora. - assinto.

- Acha que vou te dar a dispensa Agnês? - ela nega.

- Não senhora... - ela diz desanimada. Sorrio.

- Parabéns Agnês, aprendeu algo novo hoje. Sabe o que é? - ela nega. - Não peça para sair mais cedo que sua Comandante a menos que esteja entre a vida e a morte e consiga voar até o curandeiro, caso contrário, não sairá mais cedo. Não estamos brincando aqui, estamos protegendo o povo que trabalha nessa trilha e produzindo seu café da manhã. - digo e ela assente.

- Sim senhora. - assinto e apoio a mão em seu ombro.

- Muito bem Agnês, levante a cabeça e faça um pequeno trabalho, estará dispensada logo que terminá-lo. - ela sorri amplamente.

- Mesmo? - assinto juntando as mãos para trás.

- Se certifique que não tem mais sequer um ser vivo na trilha de pérolas negras e venha me relatar, estará dispensada em seguida. - ela arregala os olhos.

- Mas a revisão está sendo feita pelo batalhão dos rapazes e por partes. - assinto.

- É uma ordem Agnês, eu e você podemos chegar atrasadas em uma reunião, mas não devemos descuidar de vidas, não é mesmo? - ela assente e se curva.

- Sim senhora. - ela diz tristonha e alça voo. Me sento na raiz de uma árvore centenária e observo o trabalho de todos. Sinto um incômodo na bota e suspiro. Acabei me ferindo ao lutar com um ogro hoje, geralmente não acontecem acidentes comigo, mas me distrai com o grito de uma ninfa e acabei sendo golpeada. Tiro a bota e confiro meu pé. Acabo gemendo de dor e sinto uma leve tontura.

Ele está rasgado na lateral e sangra assim que retiro a bota. Seco o suor em minha testa e suspiro. "Ok..." Noto que meu pé está avermelhado e inchado, devo ter ferido profundamente e pela demora em ir atrás de ajuda, provavelmente terei problemas. Cerro os dentes. Flora vai querer me insultar por tamanha irresponsabilidade. Olho para a bota rasgada e suspiro. Creio que essa já era.

Teo pousa assim que o perímetro que estamos é esvaziado. Ele sorri.

- Te espero em casa, vou levar Chris na casa de Yven e volto para buscar Gabi, te esperamos. - ele diz e olha para meu pé, o olhar de Teo se torna sombrio e ele volta a me encarar. - Por que não foi ao curandeiro!? - ele indaga sério e sorrio levemente.

- Queria terminar o trabalho ante...

- Maiana! - ele parece decepcionado. - Já falei que seguro as pontas sempre que não estiver bem, porque sempre faz isso!? - pisco vezes seguidas.

- Está tudo bem, vou agora. - digo e ele assente. Teo baixa as asas.

- Por favor, não seja tão imprudente. - assinto.

- Eu sei... - digo e ele bate no topo da minha cabeça. Olho para Teo e ele sorri.

- Quero ver seu pé curado, ok? - assinto. Ele aponta a floresta verde. - Até mais tarde. - assinto e ele alça voo.

Encaro meu pé e aperto a boca em uma linha fina. Movo a perna e o pé dói. "Podia ser pior..." Suspiro e encaro as cicatrizes em minhas coxas. Cada uma conta uma diferente história, elas são marcas de uma guerreira que luta a todo instante em prol dos mais fracos. Olho ao redor e vejo os duendes alegres, caminhando com as pernas curtas e se despedindo dos colegas de cultivo enquanto vão para suas casas. As ninfas alegres, voando e algumas acariciando as flores que cultivam com tanto esmero.

A noite cai e bocejo. Como sempre, estou cansada, com o corpo cansado. Cansada demais para pensar, encaro o céu com nuvens persistentes e as estrelas mais altas escondidas parcialmente. Me arrependo de dizer que ia na taberna hoje, ainda nem está perto do fim de semana. Fecho os olhos e choramingo.

- Por que aceitou ir...- resmungo. "Porque Teo não me deixaria dormir até que eu aceitasse..." Abro os olhos e respiro fundo. - Ok... Bom ponto. - me dou por vencida, aliás, já aceitei o convite.

Olho para a trilha e vejo Agnês voando em minha direção, ela pousa apressada e apoia as mãos nos joelhos.

- Todos já foram. - ela diz. Sorrio com orgulho de seu trabalho e me esforço para ficar de pé, Agnês se move para me ajudar, mas estendo a mão e continuo a me levantar, me coloco de pé e mal firmo o pé no chão para não doer tanto. Olho para ela e sorrio.

- Está dispensada, nos vemos em frente ao curandeiro dentro de uma hora. - ela assente e alça voo depois de se curvar. Alço vôo para casa e acabo pegando dois baldes que deixo na cabana ao lado da entrada da caverna, vôo em direção ao lago e encho os baldes. Voo de volta para casa e entro na cabana e ascendo o fogão a lenha que tenho. Meu pé lateja e me sinto zonza. Preparo um banho quente e tomo um banho calmo e relaxante, apago a chama do fogão a lenha e esvaziou a banheira, saio da cabana e diminuo de tamanho, entro na caverna. Atravesso e vôo dentro de casa, paro perto de minhas prateleiras, pego uma das calças de couro e o top feito do mesmo couro marrom.

Aumento de tamanho e me visto. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo alto, mesmo estando molhado e coloco apenas sandálias abertas, acabo não calçando no pé ferido, prefiro levar na mão.

" E lá vamos nós."

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Como imagino nosso Alado de asas marrons

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Como imagino nosso Alado de asas marrons.

Curiosidade: Lion tem 2,10 m de altura.

Deixe sua estrelinha querido/a minion.

LION - Saga Pearl - Livro XIIOnde histórias criam vida. Descubra agora