Ainda Sou Eu - Jeon Jungkook

Jeon Jungkook, está de volta!

Seul, capital:

Segunda-feira - 6:03AM

Segurava aquela jaqueta com a minha palma, meus dedos congelavam e disso eu tinha certeza. Enquanto cruzava o meio daquela floresta, sustentava cada porção de oxigênio que ainda me restava. Arrastei as solas da bota no gramado, retirando todo aquele barro infeliz delas.

Bati a porteira. Envelhecida, range nos gonzos ao ser aberta e sorri por um mero segundo quando Jae Backer a abriu. O responsável pela oficina e instrutor das aulas de pilotagem, se encontrava ofegante e com gotas de um suor trabalhador em seu rosto. Os olhos verdes se destacavam no branco irritado.

Mantinha os passos firmes no chão, os pensamentos inundavam a minha mente como uma enorme onda sobre a maior cidade do mundo.

— Hoseok — murmurei, olhando todos os cantos daquele gramado destruído.

— O que disse? — Jae falou, suas expressões me mostravam uma terrível confusão.

— Preciso do Doutor Hoseok. Pode me dizer onde encontrá-lo? — cocei a região do nariz e o loiro percebeu a minha impaciência.

Dominar o topo de uma hierarquia chega a ser estressante e matador.  Apesar de ser um dia cedo, todos trabalhavam a um vapor de energia inestimável. A noite passada, sobrecarregou não só a mim, e isso já é o bastante para explicar as dores em meu corpo. Mesmo com vinte e poucos anos, quase trinta, minha coluna já não é a mesma.

— Me procura? — A voz de Jung Hoseok cortou o silêncio. Balançou o líquido extremo quente de sua caneca vermelha. O aroma se elevou em uma fumaça esbranquiçada.

— Encontrei essa porcaria na floresta. — joguei a jaqueta de couro em seus pés — Creio que pertence a um daqueles vagabundos! — declarei, raivosa.

— Qual a parte que precisa de mim? — Sua calma tremia os meus nervos. Balançou os fios castanhos, respirando fundo.

— Que faça uma busca por digitais, qualquer coisa que nos leve ao maldito!

O doutor assentiu e recolheu o material sem dizer uma única palavra. Compreendo a dificuldade do resultado que estou o sujeitando, mas não me incomodo que além de mim, todos aqui se movam atrás de soluções para os nossos problemas.

— Bom dia, Mayla… — Jae disse, sereno, colocando a sua mão sobre o meu ombro. Observei o seu pescoço com um curativo, cuja gaze era suja com sangue seco. Os planos meus, nos fizeram refletir que quase o perdemos na noite passada. Por sorte sua, conseguiu escapar antes que sua vida desse um ponto final.

— Sinto muito, minha cabeça está cheia…

— Estão acabando com você, não fisicamente, mas emocionalmente também.  E tenho um palpite de quem tenha esse propósito em mente… — Rangeu os dentes, todos estávamos cheios de perder.

— Será que pensamos na mesma pessoa? — Arqueei uma sobrancelha, dando um breve sorriso. Seria uma perda de tempo jogar pragas contra nossos inimigos no momento em que enfrentamos.

Seu bom humor me surpreendia. Um alemão, alto de cabelos claros, trabalhador que nunca perde uma piada. O que mais me chama a sua atenção, é o mistério através dos seus olhos verdes, um olhar profundo, que parece implorar para dizer algo.

— Treinarei Jimin à tarde, no campo. Se quiser dar uma passada por lá, não me incomodarei com a sua presença, aliás, é uma honra ter a senhorita por perto… — Rir de suas palavras, finalmente o deixando como todos os dias e com aquele estranho olhar teimoso.