16° Capítulo

457 54 54
                                    

Wilton estava trabalhando muito bem na empresa Allen. As roupas desenhadas por ele, eram maravilhosas, pois Wilton colocava seus sentimentos para desenhar.
Na empresa, Robert disse a Wilton:
— Estou amando o seu trabalho, seus desenhos são ótimos.
— Muito Obrigado! Estou amando trabalhar aqui. Vi que o trabalho tive para aprender a desenhar, foi válido para algo.
— Eu que agradeço, pois você fez eu perceber que pessoas pobres também tem talentos.
— Fico feliz que tenha outra opinião, espero que outras pessoas também consigam reconhecer talentos dessas pessoas.
Robert estava muito feliz com o trabalho de Wilton, a empresa estava crescendo e tendo muito lucro.
— Pelo que você fez, irei adiantar suas férias — Robert disse.
— Não precisa — Wilton respondeu.
— Eu insisto!
Não precisou insistir muito para que Wilton aceitasse as férias antecipadas. Saindo da empresa, foi até sua casa alugada.
Quando estava chegando encontrou-se com William.
— Oi amigo, como está? — disse Wilton.
— Amigo? Como pode me chama assim?
— Por que não? Sempre estivemos juntos nos momentos mais difíceis.
— Tudo mudou, você tem um emprego bom, conseguiu alugar uma casa, e não passa a humilhação de pedir comida para as pessoas e ouvir não.
— Foi você quem não quis desenhar, talvez tivesse a mesma oportunidade que eu.
— Você poderia ter ficado junto comigo e não ter ido atrás dessas pessoas ricas.
— Você não ficaria feliz com uma boa oportunidade?
— Sim, mas não deixaria um pobre amigo.
— Além de ter jogado a oportunidade que poderia ter, me diz todas estás coisas como se eu fosse o culpado?
— Mas você tem culpa.
— Não, você poderia ter conseguido o que eu consegui, mas sua falta de vontade o atrapalhou, e é por isso que sempre devemos estar dispostos.
— Olha quem vem me dar lições, o homem que até esses dias estava nas ruas. Só porque apareceu uma oportunidade acha que tudo sabe.
— Eu não sei tudo, mas tudo que passei e alcancei serviu para te dizer a realidade.
— Tudo que aconteceu de ruim na sua vida, foi culpa sua — William provocou.
— Não!
— Como não? Simplesmente deve ter saído de casa e deixado os seus pais.
— Não foi assim.
— Então como foi? — William questionou com os olhos cheios de lágrimas.
— Para que você quer saber? Você também nunca disse nada sobre a sua vida, o porque de estar nas ruas.
— Diz você primeiro.
Wilton lembrou de todo ocorrido, como se fosse um filme. As cenas passavam em sua mente e as lágrimas rolavam.
— Minha mãe se prostitua. Meu pai? nunca pude saber quem era. Fui deixado nas ruas quando criança. Minha mãe disse: "Filho vá até aquela sorveteria, compre um sorvete para ti e um para mim." Eu com muita felicidade fui fazer o que ela pediu, nunca tinha chupado sorvete. Depois de pega-los voltei para onde minha mãe havia combinado de me esperar, andei para todos lados e não a encontrei. Gritava desesperadamente e para minha felicidade momentânea, vi uma mulher que para mim era minha mãe e em seguida um homem me perguntou onde estava ela. Eu com muita felicidade disse: "Ali está" e gritei: "Mamãe", agarrando na blusa daquela que eu achava que fosse minha mãe, mas não era.
— E o sorvete? — disse William.
— Depois de tudo isso, só me pergunta sobre o sorvete? Ele derreteu e deixou minha roupa ensopada, foi com ela que vivi até conseguir outra.
— Como sabia que sua mãe se prostituía?
— Eu via cenas fortes todos os dias, achava normal, não entendia nada sobre a vida, mas depois de um tempo soube o que era tudo aquilo.
— Como não entrou no mesmo caminho?
— Eu comecei sentir que aquilo era errado. Depois que fui largado pela minha comprovei.
— Realmente é um vencedor e eu um fracassado.
— Não diga isso, ainda há tempo para mudar sua vida. Novas oportunidades podem aparecer.
— Não aparecerá.
— Pare com esse pessimismo.
William concordou e Wilton continuou contando sua história.
— Depois de ser deixado pela minha mãe, eu tentei achar a casa dela. Eu era apenas uma criança e não sabia onde eu estava indo, mas andando muito encontrei a casa, só que era tarde demais, a casa havia sido vendida e a partir daquele momento descobri que minha mãe provavelmente teria ido embora.
— E você tem ressentimento?
— As vezes fico triste por não ter uma mãe, mas foi bom este acontecimento.
— Como pode dizer que o abandono foi bom?
— Eu estava em uma casa onde via coisas absurdas, talvez hoje não teria está oportunidade de trabalhar desenhando roupas para Allen. Quem luta pelos sonhos e objetivos e tem o desejo vivo dentro de si, na maioria das vezes consegue o que quer.
— Sim, mas eu continuo sem oportunidades.
— É fácil reclamar que não há oportunidades, o difícil é lutar por elas.
— E você acha que tenho culpa de ser um mendigo?
— Eu fui e agora não sou mais, eu não tive culpa. No seu caso eu não sei, pois você nunca falou sobre a sua vida.
— Acho que chegou o momento de falar.
— Faça como quiser.
— Diferente de você, eu não fui deixado pelos meus pais, eu os deixei.
— Por que os deixou?
— Eles tinham poucas condições de vida.
— Pensei que se saísse de casa ia ser melhor, conseguiria algo para fazer. Meus amigos me chamavam e insistiam para que eu fosse com eles. Depois um tempo se envolveram com drogas. Eu não me envolvi, pelo menos isso eu consegui fazer de melhor. Deixei-os e fui viver sozinho até encontrar você.
— Quando a situação está difícil a maioria das pessoas não pensam no que faz e são influenciadas pelos outros.
— Eu errei, deveria ter pensado na situação, mas deixei me levar pelos outros.
— Deveria ter feito diferente, mas já que não fez, poderia procurar seus pais e pedir perdão.
— Como? Não sei se estão vivos, são de outra cidade.
— Talvez estejam, vá logo procurá-los, antes que seja tarde demais.
— E se eles não me perdoarem?
— Eles com certeza te perdoarão.
— Como tem certeza disso?
— Quando os pais amam os filhos, eles perdoam. O amor de pai e mãe são inexplicável.
— E sua mãe?
— Talvez no fundo do coração coração dela, ela me amava.

Lutar para ConquistarOnde histórias criam vida. Descubra agora