PRÓLOGO

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─ Ele está realmente morto?

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─ Ele está realmente morto?

A voz suave da princesa herdeira ecoou na antiga catedral de Roskilde, apenas a família real fazia-se presente no recinto, a naturalidade com que aquelas palavras deixaram seus lábios e a indiferença estampada em suas orbes negras só evidenciaram ainda mais o quanto seu relacionamento com o falecido rei era deplorável. A mão da jovem princesa que envolvia-se em uma luva de seda branca, ergue-se para esbofetear a face pálida de seu pai, o rei merecia aquilo, sim, ele merecia. Mas antes que o ato se concretizasse, dedos finos e esguios envolveram seu pulso apertando-o mais que o necessário e o rosto horrorizado de seu meio-irmão bastardo foi o suficiente para fazê-la sorrir.

─ Ele é o nosso pai, pelo menos hoje seja gentil.

Belya continuou em silêncio, ela não transparecia sentimento algum e sua indiferença era bem pior do que qualquer xingamento. Suas orbes fixaram-se na mão que ainda envolvia seu pulso.

─ Não tem permissão para me tocar.

─ P-Peço perdão, princesa.

─ Se vai pedir meu perdão faça isso direito. ─ Com o pulso solto a primogênita do rei voltou a postura ereta, um suspiro de insatisfação deixou seus lábios róseos. ─ Allan, faça direito.

Os monarcas presentes maravilharam-se com a maneira apática que a herdeira ao trono impôs sua autoridade sobre o bastardo do rei, porque a forma como eles se referem ao príncipe Allan não importava, no fim, mesmo que sua mãe tivesse casado com o rei depois da trágica morte de sua primeira esposa, ele sempre seria um bastardo e Belya nunca o deixaria esquecer isso porque a vinda daquele garoto ao mundo custou toda a sua felicidade.

─ Ajoelha.

Allan deixou os joelhos apoiados no chão, era evidente seu desconforto ao fazer aquilo e ninguém ousou intervir. Belya Leblanc jamais seria repreendida por qualquer ato que fizesse, não havia nada que a primogênita não pudesse fazer. Toda aquela situação lhe causava cólera. O príncipe bastardo mordeu a própria língua sentido gosto de sangue, o destino era muito injusto porque enquanto ele lidava com o luto de acordo com os protocolos, a herdeira vestia-se com um vestido impecavelmente branco. Allan queria matá-la com suas próprias mãos. Ele queria tanto e daria sua vida por isso.

─ Peço seu perdão, princesa Belya Savóia Leblanc Culbert.

A jovem herdeira desdenhou do pedido do meio-irmão e voltou sua atenção ao corpo falecido do rei, nada naquele lugar era genuíno e ela era julgada por não agir falsamente como todos eles. A princesa deixou um beijo cálido na testa enrugada do pai e sussurrou por fim.

─ Não vou sentir sua falta.

🍷

A cerimônia fúnebre teve seu fim horas atrás, Belya se sentia enjoada, o clima no leste do país trazia a ela desconforto, mas ainda assim, a jovem continuava a beber o vinho tinto, seus dedos agora livres das luvas sustentavam graciosamente a taça translúcida. Ouvindo de forma preguiçosa o testamento do rei, a princesa engasgou-se banhando de vermelho o estofado caro do sofá que usava para descansar.

─ O que disse, Albert?

─ Não, alteza. O que seu pai disse.

"A princesa Belya Savóia Leblanc Culbert só ascenderá ao trono da Dinamarca após realizar meu último desejo, caso a princesa falhe no comprimento dessa tarefa Allan Simonds Leblanc Culbert herdará o trono.

Um envelope avermelhado lacrado com o símbolo do carimbo real foi entregue a princesa, Belya riu passando a mão esquerda entre os cachos negros ela tinha idade suficiente para o trono mas não podia tomá-lo, até na morte seu pai não facilitava sua vida. Suas orbes caíram sobre Céline, a viúva do rei, a desgraçada tinha um leve sorriso na face, porque antes não havia luz para ela mas agora havia uma esperança e a herdeira sabia que aquela víbora seria capaz de tudo para garantir o seu fracasso.

Minha doce e preciosa Belly, espero que um dia eu possa ter seu perdão. Fui negligente com você e principalmente com sua mãe e todos os dias eu me arrependo profundamente. Não espero que entenda os motivos que me levaram a fazer isso, mas almejo que você seja alguém melhor do que eu. Preciosa, você passará o período de um ano como alguém comum vivendo no Reino Unido, vai trabalhar em um dos orfanatos da família do Duque de Iorque. Você não vai estar sozinha, alguém em quem confio muito vai ajudá-la no processo. Esse é o meu último pedido.


Eu amo você, minha Belya.
"Há estrelas nos seus olhos,
Meu rouxinol."
Do seu pai.


Quantas vezes você foi traído por alguém que disse te amar? "Amor e lealdade são duas coisas completamente diferentes, Belya." As palavras do rei preenchiam a mente da princesa herdeira. Quantas vezes você foi traído por alguém que disse te amar? "Se não tiver a lealdade daqueles que te servem de nada bastará ter a coroa, ela se tornará apenas um peso a mais." Quantas vezes você foi traído por alguém que disse te amar?

Belya gargalhou com recentimemto, ela não queria ser melhor que ele até porque qualquer um conseguiria ser mais sábio que o falecido rei. A herdeira só precisava do trono e daquela maldita coroa na sua cabeça e se ela tinha que fazer aquilo para conseguir desfrutar do seu próprio reino, a princesa o faria, porque em hipótese alguma Allan tomaria posse da sua regência.

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laLua


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