|[≠]| Um Novo Começo |[≠]|

|°º Começo º°|

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" Em todo recomeço, teve um começo e em todos "eu te amo" teve um sentimento, e em todos sentimentos teve um momento "
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Me perguntaram como a conheci e milhares de lembranças vieram em minha mente, me hipnotizando, lembranças são tudo o que temos, sentimentos uma hora deixam de existir, mas lembranças sempre estarão com nós. Mas até quando essas lembranças serão boas? Até quando elas significaram algo paras nós? São perguntas que vieram à minha mente, conforme eu ouvia a voz relaxante da Doutora.
A sala era bem peculiar, entretanto não era tão ruim assim, era no mínimo diferente pra mim... As paredes eram um degradê de cores, entre elas : vermelho, azul, amarelo. E circulando essas cores havia uma tonalidade preta, um preto bem escuro, como se nos lembrasse que a tristeza sempre estará alí, apenas na espreita, apenas esperando um deslize, só uma escorregada...

- Sr. Draco ? Draco, você está me escutando? - A bela voz da doutora, me tirou de meus devaneios, era uma voz tão calma.

Entretanto eu não à olhei ainda, havia escutado sua voz, mas minha mente ainda estava concentrado na "nossa" história. Ela me fazia lembrar de todos nossos momentos, dos mais felizes ao mais tristes... Ah, eu também lembrava do meu melhor amigo Talik e de todas as vezes ele me aconselhava a parar com esse ciúmes doentio que eu tinha, ah, se ele estivesse aqui, já teria ouvido todos os xingamentos que existem e os que não existem "hahaha".

-... Sim, eu estou aqui ainda Doutora... - e enfim eu a respondi, minha voz saiu um pouco mais baixa e rouca. O que fez ela ficar ereta na sua poltrona.

Ela deixou um meio sorrisinho escapar do canto de seus lábios, voltando a pegar a sua prancheta e anotando algo.

- O que tanto pensa? Isso o deixa culpado? - ela perguntou no mesmo minuto que eu a respondi. Sua voz transmitia uma calma indescritível, era como uma música lenta na beira do mar, ouvindo as onda batendo contra as pedras.

- Não penso em nada, apenas estou relembrando... - deixei um suspiro de frustração, ao notar que meu peito ainda doía ao partilhar meus pensamentos -... Memórias que nunca vão embora, mesmo tendo passado anos, elas permanecem na minha primeira linha de pensamento...

Após ela ouvir talvez a "lamentação" da minha voz, ela anotou mais alguma coisa naquela maldita prancheta, naquele maldito caderno. Era frustante pagar por algo tão trivial assim, poderia descontar meus pensamentos em qualquer um ou qualquer coisa.

"Ah, meu Deus! Dai-me paciência "
"Eu não preciso disto, disso..."
"Porquê ainda contínuo vindo aqui? "
"Ah! "

- O que foi? - Novamente essa voz calma, como se ela se importasse de verdade...

Olhei pro meio de suas pernas, elas estava com uma saia preta que realçava suas curvas. Fui sumindo o olhar devagar, a olhando minuciosamente, a analisando e decorando suas curvas. E então ela forçou uma tosse, me fazendo a olhar nos olhos novamente, castanhos claros, eles eram como a cor do mel. Deixei escapar um sorriso de canto e ela revirou os olhos, anotando algo novamente.

- E o seu melhor amigo? Ainda fala com ele? - Sua voz saiu um pouco cortada, estaria ela brava?

De início eu não entendi o do por quê, aquela pergunta, um desconforto veio subindo, rasgando meu peito.

- Claro que sim... - E a mentira veio do nada, ela pingava como uma goteira em uma casa antiga.

- Por que está mentindo? - Para a minha surpresa ela havia descoberto, agora já não segurava mais a sua prancheta, não estava mais me analisando como antes, seu olhar sério estava em mim.

Ela não parava de olhar em meus olhos, parecia querer descobrir algo que nem eu sabia e o que eu pude fazer? No máximo foi soltar um suspiro...
Meu amigo, meu melhor amigo... Porque eu havia tanta vergonha assim de falar com ele hoje em dia? Talvez fosse pelas coisas de errado que eu fiz ou a gente perdeu o contado um com o outro naturalmente. Ela aínda mantinha o olhar em mim, parecia estar perdida em seus pensamentos, esses pensamentos que gostaria de saber quais eram, será que ela estaria pensando que sou um lunático, maluco? Ah... Tanto faz, de qualquer jeito, ela é pega apenas para ser uma mera acompanhante, uma ouvinte, apenas isso.
O que Talik pensaria sobre isso? O que Victiziom estaria pensando sobre isso? São poucas perguntas que podem acabar trazendo o caos em sua mente.

- Nosso tempo acabou Sr Todoroki - Sua voz ecoou naquele pequeno cômodo, diferente das outras vezes, dessa vez, sua voz demostrava um pouco de irritação, a sombrancelha dela estava um pouco arqueada.

- O que lhe incomoda, Doutora? - Perguntei e ela deixou um sorrisinho cínico escapar, logo em seguida um suspiro cansado.

Ela desviou os olhos dos meus, olhando pra qualquer ponto que não fosse eu, naquela sala.

- Estamos nisso há muito tempo, não acha que deveria me falar do seus devaneios? - Sua voz saiu rápida e ríspida, parecia que queria saber o que tanto passava em minha cabeça, o que me tirava do mundo.

Ainda a olhando, me perguntava o "porquê" desse interesse todo, claro que ela era paga pra me ouvir e me ajudar, mas desde do início não queria isso, ele sabia disso e mesmo assim, cá estou. Revirei os olhos e encostei as costas no sofá, olhando agora pro teto, onde tinha muitas estrelas néon, era lindo de se ver aquilo, ainda mais na calada da noite. Meu melhor amigo é meu pior inimigo, quando ele souber que não estou compartilhando meus pensamentos com a Doutora, ele provavelmente vai ficar muito bravo.

-...São poucas coisas Doutora, coisas que tem milhões de sentimentos, sentimentos esses que foram esquecidos, não se preocupe com algo tão trivial assim. Além do mais, você vai estar recebendo seu salário de qualquer jeito, me ajudando ou não, então, no fim das contas isso não importa... Eu estou b...

- Saia do consultório agora! Por favor Sr Draco, seu horário já acabou e não minta assim na maior cara dura. Agora se retire por gentileza! - Sua voz saiu autoritária, como se ela fosse uma juíza e eu o réu.

A mesma se levantou e foi até a porta do consultório a abrindo e deixando um sorriso muito forçado em seus lábios, sussurrando baixo, assim que cheguei.

- Podemos procurar outro psicólogo para você, já que eu não estou conseguindo te ajudar - Ela disse em um tom baixo, chegava a ser melancólico.

- Esqueça isso, tire isto da cabeça Doutora - Soltei um suspiro de frustração - Só esqueça isso... Até a próxima semana...

É após dizer isto sai do seu consultório, ainda pude a ouvir tentando argumentar algo, entretanto não tempo pra ela falar, pois não parei de andar em nenhum momento.