CAPÍTULO CINCO

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Sinto seu lábio em minha testa, um toque suave e macio, então abro meus olhos sem saber se estou frustrada ou aliviada por não precisar beijar esse homem

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Sinto seu lábio em minha testa, um toque suave e macio, então abro meus olhos sem saber se estou frustrada ou aliviada por não precisar beijar esse homem.

Agora não tenho mais como voltar atrás, estou casada com Otto Zornickel, sou uma senhora Zornickel e não por escolha minha.

Seus olhos encontram brevemente os meus e só consigo ver frieza sem expressão alguma.

Ele não pega na minha mão, segue em direção a mesa do pastor para assinar o caderno e suspiro soltando todo o ar que prendo em meu pulmão.

Ergo o vestido, o qual não via a hora de tirar e subo dois lances de escada parando logo atrás dele. Assim que ele termina de assinar, o pastor me estende a caneta que pego e assino ao lado da caligrafia corrida dele, com pequenos traços borrados como se ele fosse capaz de rasgar a folha e atirar longe.

Endireito meu corpo, deixando a caneta ao lado do caderno, e agora o que farei?

Olho para trás, Otto segue em direção da porta tirando um maço de cigarro do seu bolso.

Ótimo, pelo visto a opinião dele sobre minha pessoa não mudou.

— Oi.

Olho em direção da voz encontrando Zara.

— Olá — sussurro quase em um agradecimento por não me deixar sozinha.

— Sinto muito por essa união, passei pelo mesmo e imagino a dor que esteja sentindo.

— Como foi para você? — pergunto em busca de alguma palavra de motivação.

Zara fica em silêncio, como se estivesse voltando ao tempo.

— Queria te dizer que foi bom, mas não foi. — Ela sorri com pesar. — Mas já deixei avisado, que qualquer deslize do Otto eu o matarei, não quero que nada de ruim aconteça com você.

Posso ver em sua expressão sinceridade.

— Obrigada, é muito bom saber que não estou sozinha. — Agradeço ouvindo o ecoar de uma bengala parando ao nosso lado.

Ergo minha cabeça e vejo o Don ao nosso lado, pousando sua mão nas costas da sua esposa.

— Vamos, um jantar será servido — diz brevemente levando sua esposa junto com ele.

Olho em direção ao banco onde meu pai estava antes com minha irmã e agora está vazio. Vejo a capela se esvaziar aos poucos, ninguém me dá atenção, como se eu fosse apenas uma peça de decoração.

Com três passos paro em frente ao degrau, desço esquecendo de erguer o vestido, tropeço e caio de joelhos no chão, agradecendo pela capela estar vazia.

Inferno! — praguejo esquecendo que estou na capela. — Perdão, Senhor.

Suspiro vendo uma mão estendida para mim, ergo minhas vistas o encontrando parado na minha frente.

— Pelo visto sua coordenação não é muito boa. — Sua voz é baixa e rouca.

Bufo me recusando a pegar a mão dele, apoiando meu corpo na minha mão, porém sou pega de surpresa quando sua mão segura na minha cintura me ajudando a me levantar sem meu consentimento. Seu aperto é suave e meu peito roça no seu paletó ao ficarmos de pé frente a frente.

— Meu irmão percebeu que eu estava sozinho, então vim buscá-la. Agora vamos, quero ir embora essa noite ainda. — Ele é seco e direto.

Vira seu corpo caminhando em direção a saída, o sigo, porém seus passos são mais longos, por isso fico para trás.

O caminho escuro com poucas luzes me faz ficar ainda mais distante dele e meu salto torce em alguns momentos com as pedras pequenas.

Ouço Otto bufar na minha frente e cruzo meus braços sentido as rajadas de vento em meus braços cobertos apenas pelo fino pano da echarpe.

Ergo minha cabeça observando a silhueta de Otto parada a me esperar.

— Será que consegue andar mais rápido? — diz impaciente.

— Faça você isso usando salto — murmuro frustrada.

Pelo visto ele ouve, fato que não deveria ter acontecido.

Com alguns passos ele me alcança e seu perfume invade meu olfato.

— O que está fazendo? — pergunto assustada ao vê-lo passar sua mão em minha cintura.

— Quero chegar ainda hoje em Nova Iorque, apoie seu corpo no meu.

Nova Iorque?

Otto é apenas alguns centímetros mais alto que eu e olha que me considero uma mulher alta.

Seguro em seu paletó sentindo o calor do seu corpo emanar, me fazendo querer me encolher ali, no quentinho.

— Está com frio? — pergunta quase como um sussurro e balanço a cabeça em concordância. — Quer meu paletó?

Ergo meus olhos e vejo seus olhos verdes brilhando na luz da lua, confesso que não esperava essa hospitalidade vinda dele.

— Não precisa, já consigo ver as luzes da casa.

Ele não insiste e volto a olhar o caminho.

Quando chegamos ao lado da casa, ele imediatamente se afasta como se eu fosse uma doença contagiosa.

Pelo menos dessa vez anda a passos lentos, assim posso acompanhá-lo.

A entrada da casa está iluminada e alguns soldados se encontram ali.

Otto espera e assim que paro ao seu lado, sua mão pousa nas minhas costas.

Entramos na sala de jantar, onde todos já se encontram, caminhando lado a lado.

— Já pensou em mandar arrumar a merda do caminho da capela até aqui? — Otto diz irritado com o irmão.

— Pelo menos não sou a única que vê isso. — Zara entra na defesa do cunhado.

— Vou pensar nisso — Heinz diz lançando um olhar enigmático ao irmão.

Paramos na ponta da mesa e Otto puxa minha cadeira. Eu me sento, ele se senta ao meu lado, seu irmão na ponta, ao seu lado sua mulher de frente para o Otto e na minha frente Edvige com Klaus ao seu lado.

— Sabe que seu olhar não me causa medo, Edvige — Otto diz com desdém.

— Estou pensando se te mato antes ou depois de você voltar para Nova Iorque.

— Tente a sorte, cunhada. — Otto está debochando e posso perceber seu tom de voz mudar.

O primeiro prato é servido e não consigo comer muita coisa, só de pensar em tudo que está acontecendo meu estômago embrulha. Ergo minha vista em direção ao meu pai e irmã, e ele me lança um olhar mortal, como se estivesse me obrigando a comer para não fazer desfeita.

Prato após prato é servido e no último sentia que a qualquer momento poderia vomitar diante dessa família estranha, a qual agora eu fazia parte.

— Está pálida, Astrid.

Olho em direção a Edvige que percebe meu desconforto.

— Eu... — Tento me levantar com urgência, porém não dá tempo e acabo vomitando nas pernas de Otto.

Ah, inferno! — ele quase berra.

Não posso deixar de ouvir as risadas de Heinz e Klaus ecoando no ambiente, enquanto as duas mulheres vem correndo em minha direção.

Estou definitivamente ferrada! 

OTTO - PROMETIDA AO SUBCHEFE (DEGUSTACÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora