Querido diário: lar doce lar.

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Após contar, com detalhes, como entramos e saímos da casa de Ayko para o meu pai, nós subimos até o segundo andar da escola, as salas de aula virariam quartos improvisados, então precisávamos tirar as carteiras de dentro das salas, estender os colchões e colchonetes, cobrir as janelas para que não se visse as luzes de dentro da escola, realocar as famílias e fazer um inventário dos itens de higiene e das comidas. 

Reuni todos no pátio, e não haviam tantas pessoas quanto eu imaginei, se houvessem trinta pessoas, incluindo a mim, seria muito. E de início, isso me entristeceu, mas preferi pensar no lado bom, são aparentemente trinta pessoas e não, vinte ou dez...

-Pessoal, teremos de trabalhar em equipe para que essa escola vire uma espécie de lar antes do anoitecer, há muito o que fazer, então eu gostaria de dividir as tarefas. As mães e pais, podem, por favor, se dirigirem ao segundo andar, onde o que costumava ser salas de aula, se transformarão em quartos improvisados. É necessário que se retirem as carteiras de dentro da sala para que se possam ser estendidos os colchões e colchonetes. Os meninos, por favor, podem ficar aqui mesmo no pátio onde faremos uma contagem dos alimentos e itens de higiene e limpeza. 

-Há vassouras no armário debaixo da escada caso seja necessário. - Completou a diretora - Eu vou ficar no portão me certificando de receber somente pessoas saudáveis que queiram se abrigar aqui. O portão também deve ser coberto de tecidos ou qualquer outra coisa para que não se veja o que está acontecendo aqui dentro. Conto com a ajuda e colaboração de todos. 

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Eu não contava com a ajuda da diretora em muita coisa, afinal ela já tinha permitido que nós ficássemos na escola e por um breve momento, a ideia de que a escola seria um lar temporário me ocorreu. Mas para onde iríamos? 

A escola contava com uma vasta quantidade de salas, que agora se transformariam em quartos, uma cozinha grande, que seria de grande ajuda, pois tínhamos que cozinhar para aproximadamente trinta pessoas, e além de tudo, uma grande caixa d'água. É claro que não duraria para sempre, eu tinha ciência disso, mas essa também é uma vantagem.  

-Senhorita Mendell?- a diretora me arrancou de meus próprios pensamentos- Eu poderia falar com você por um instante? 

-Claro.

-Vamos até minha sala, por favor.

O que será que a diretora tinha de tão importante para conversar logo comigo? Eu estava com meu coração disparado só em pensar nas possibilidades...

-Mocinha, sinto em lhe dizer que a estadia das pessoas não durará muito.

-Mas porque???

-Pelo simples fato de não ter comida o suficiente para todos.

-Mas qual é a estimativa de tempo que a comida irá durar?

-Com essa quantidade de pessoas? Duas semanas.

-É tão pouco assim?

-Não é que a comida seja pouca minha querida, o problema é que tem gente demais.

-E o que a senhora pretende fazer?

-Bom, acho que o mais sensato a se fazer é convocar uma reunião e explicar a todos, a minha decisão é oferecer asilo durante uma semana e meia e depois, algumas pessoas terão de sair. 

Diário do apocalipse: Não Deixe Que Te Mordam.Onde histórias criam vida. Descubra agora