As Sete Pecadoras e o Deus do Mar

Capítulo 40 - Kaayra

Quatro dias tinham se passado, era dia 4 de Abril já, e eu voava nos céus durante boa parte do dia, principalmente quando Alex e Sophia estavam acordadas. Eu não as estava evitando por mal, mas eu não queria ver aqueles olhares de desconfiança e até mesmo certa raiva vindo das duas. Eu sei que não foi certo eu mentir, mas eu realmente só queria proteger elas... Bom, um dia elas vão me perdoar... Só que vai ser pior quando Cas e Lau voltarem pro barco e... Deuses, é melhor eu parar de pensar nisso antes que eu entre em pânico de novo.

E caramba, já estamos no quarto mês do ano, já estamos na primavera! O vento da primavera é bom, não é nem quente nem frio, é bem agradável de voar por ele. Faz quase um mês que estamos em missão e não faço ideia se estamos próximos ou não de encontrar-nos com Pontos e o derrotar. Como vamos fazer isso inclusive? Algum deus que vê o futuro poderia, por favor, ajudar nisso?
Parando para pensar bem agora... Eu não cheguei a pensar exatamente como vamos chegar em Veneza... A única rota que tem seria dar a volta, mas isso significa passar próximo da Itália... O que significa que Pontos pode sentir a gente e ferrar tudo de vez. Pra derrubar um barco como o nosso não é tão complicado assim... Espero que tenha alguém que possa nos ajudar com isso, de verdade.

Após algum tempo em que eu estava voando com muitas preocupações em minha mente, senti novamente Jafari, senti as emoções dele. Ele estava preocupado e apreensivo, mas com o que? Fazia um tempinho já que eu não conversava com ele de verdade... Será que ele acha que eu estou evitando-o? Ou será que ele só está apreensivo por conta da missão toda? Será que eu tô fazendo certo em deixar ele e as outras duas no barco invés de mandá-las de volta para Long Island com a ajuda de algum pegasus? Não, melhor não... A Ana passaria mals bocados lá, Jafari tentaria me convencer a deixar ele ficar ali e Amélia... Bom, essa provavelmente não teria nada contra a ideia de voltar para casa.

Enquanto eu estava ali pensando, uma mudança repetina no ar aconteceu. Ele estava mais denso, como ele fica quando eu tento fazer feitiços, mas ao mesmo tempo aquela energia que divide os dois mundos estava mais fina, eu a via mais fina. Num momento, o caminho todo estava ensolarado, no segundo, uma tempestade estava se aproximando rápido de nós. Isso não é uma tempestade comum, nem de longe. Raios em excesso saíam das nuvens e atingiam várias pedras pontiagudas, há esse tipo de pedra nessa região? Ainda mais essas saindo da água? Senti o cheiro de sangue antigo vindo dali. Voei rápido de volta para o barco, que estava um pouco atrás de nós e diminui a velocidade dele, melhor dizendo, da água abaixo dele.

Kaayra: *grito pousando no convés* todos para dentro! Agora!
Helena: como assim? O que tá acontecendo?
Kaayra: tempestade a caminho. Não é uma tempestade comum, vão para dentro, agora

Alex, Amélia, Jafari e Helena estavam ali em cima, me encarando sem entender. Droga, quer dizer que elas ainda não viram...

Kaayra: escutem, tem uma tempestade elétrica vindo ali, ela tá enfeitiçada provavelmente, mas tem mais algo estanho ali, então eu tô implorando para vocês irem para dentro agora e ficarem em seus quartos.

Um barulho estranho e animalesco foi escutado e, pela cara de espanto que as meninas fizeram, não foi só eu quem ouvi.

Alex: não vamos ficar ociosas lá dentro, nos deixe lutar contra esse bicho enquanto você mantém o barco estável
Kaayra: não vou deixar caralho. Isso não é um bicho comum nem para semideuses. Vão para dentro. Se não quer ficar ociosa, vá pra sala de máquinas e garante que tudo está funcionando, deve ter manuais lá também caso você precise. O resto para seus quartos.
Alex: tudo bem, vou acordar a Soph para me ajudar

Jafari: eu vou ficar no leme, Helena fica comigo
Helena: eu não, tô fora.
Kaayra: eu quero vocês dois e a Amélia nos quartos. *séria e preocupada com eles*
Jafari: me deixa ajudar... Você disse que eu podia te ajudar.