Amáveis Olhos Castanhos

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"Qual a sensação de cair numa floresta? Deve ser horrível, com tantos galhos e folhas caídas no meio da grama.... Mas não está doendo... Por que será?"

Levantei-me, observando a grama verde e macia na qual eu cai, que não havia nenhuma folha ou galho, por sinal.
Olhei ao meu redor. A senhora que havia me abraçado, logo antes de eu desmaiar, não estava aqui.

- "Incrível, fui burra a ponto de acreditar numa velha de rosto liso" - Resmunguei, levantando-me.

- "Me desculpe ofender, mas você teria sido burra se tivesse recusado" - Uma voz masculina dissera, me assustando, o que me fez tropeçar para trás e cair.

Mas mãos incrivelmente quentes e fortes me seguraram, me arrastando em um abraço apertado, como se faz quando um parente a muito tempo não visto é encontrado.
Não abri meus olhos, não sabia o que me esperava, mas tinha um corpo quente, grande e um cheiro natural que me lembrava a muitas coisas, e ao mesmo tempo, a nada.

"Ora, ele está me abraçando?"

Finalmente abri meus olhos, um homem, talvez ainda um jovem, me encarava com seus olhos castanhos, que parecia chocolate derretido com aquela expressão amável que exibia, respirando fundo, destacava sua pele bronzeada... Creio que seja assim que ela ficou naquele tom de pele.
Percebi que não era a única avaliando seu perfil, afinal, ele olhava pra baixo...
Então percebi que meu vestido preto foi modificado, antes andejava junto a terra, agora estava cinza, e não passava de meus tornozelos, um espartilho esmagava minha costelas para criar uma fina cintura enganosa, e ele também estava mais decotado...
Afastei-me rapidamente dele, que me deixou ir sem nenhuma relutância.

-"V-você estava olhando para mim de forma impropria, n-não estava?" - Cruzei meus braços, escondendo o decote indecente que meu vestido tinha.

- "Perdão, não foi minha intenção..." - Agora que seu rosto mostrava uma expressão envergonhada, pude perceber que era um jovem, não mais de 19 anos.

-"Perdoarei-te, se me disse onde estou e o que quis dizer com seu cumprimento nada educado" - Disse-lhe com um olhar reprovador, mas no fundo só escondia o panico que sentia, não sabia o porque de estar aqui, nem mesmo onde estava antes... Bem, antes da senhora.

- "Na floresta dos milagres, nos limites da cidade de porcelana, e eu quis dizer, que se você provavelmente estaria morta, se não tivesse aceitado a proposta" - Ele disse calmamente, se aproximando aos poucos novamente... Coisa que eu permiti, estranhamente, eu me sentia atraída abraça-lo novamente, então assim o fiz.
Aproximei-me dele e passei os braços por sua cintura, aconchegando-me ao seu peito, enquanto ele passava seus braços por minhas costas.

-"Você sente isso?" - Perguntei em um tom de voz baixo.

-"Sinto, mas não se assuste, logo passa" - Pelo seu tom de voz, isso não parecia uma coisa boa.

- "Você é da cidade... Não é?" - Logo que disse isso, um barulho estranho se ouvia do outro lado da floresta, mas as arvores não nos permitia ver.

Ele se afastou, me observando, seus olhos nunca perderam aquele tom amável de castanho, mas sua expressão estava impassível.

-"Já fui, e em breve você será..." - Ele começou a se afastar, mas então parou -"Se quiser me ver.... Venha até cá na próxima semana, mas venha a noite e escondida, senão vão segui-la, até mais, doce Dana"

Ele sorriu, e então se virou, correndo e desaparecendo por entres as árvores, mas eu continuei a encarar, mesmo depois de alguém por a mão em meu ombro.

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