27.Aaron

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Eu nunca pensei em ter filhos. Não que eu recusasse totalmente a ideia, eu simplesmente não pensava a respeito porque eu nunca tive um relacionamento duradouro ou que eu quisesse mais. Mas ao conhecer a Gabi, eu quis mais. Eu comecei a sentir coisas que nunca tinha sentido, então eu desejei ficar com ela pra sempre, ter filhos, formar uma família. Aquela mulher que estava deitada naquela cama de hospital era o meu milagre, pois mudara a minha vida pra algo tão bom que eu nunca fui capaz de imaginar.

E agora ela me daria um filho. Um pedacinho meu crescia no ventre da minha mulher, da mulher que eu tanto amo.

Vê-la desmaiada naquele banheiro, no sangue, me fez morrer um pouco e ali, naquele instante, eu percebi que não conseguiria mais viver sem ela.

- Filho? - aquela simples palavra vinda da voz de um homem fez meu corpo ficar em alerta. Era o pai de Gabi, não era nenhum homem interesseiro como meu próprio pai, fiz questão de me lembrar.

-Sr. Durand. -respondo e vejo um leve sorriso, talvez pela fornalidade em minha voz.

- Eu e os meninos já estamos indo, já que a Gabi está bem. -assinto. - a mãe e a amiga vão ficar um pouco mais. -assinto mais uma vez. -Estaremos na casa do Michel aqui mesmo em Nova York. Qualquer coisa me ligue.

-Sim, senhor.

Ele sorriu novamente e, sem que eu esperasse, me abraçou. Num primeiro momento, não tive reação nenhuma, mas depois retribuí, mesmo sem jeito.

- Fico feliz por minha filha ter encontrado alguém como você.

-Eu amo a sua filha. - seu sorriso expandiu.

-Eu sei. E sei que vai cuidar dela.

-Com a minha vida.

Ele assente e se vira pra ir. Os irmãos de Gabi fazem um menear de cabeça e Ollie, a sobrinha me abraça e dá um beijo em meu rosto.

-Tchau, tio Aaron. -eu sorrio achando-a fofa.

-Tchau, lindinha.

Eles se vão e eu me dirijo à porta do quarto em que minha mulher está com a mãe e a amiga, mas antes que eu possa abrir, ouço:

- Filho? - dessa vez não é o pai de Gabi. É a voz da minha mãe e é uma voz fria e imponente.

Eu me viro pra dar de cara com olhos igualmente frios e imponentes. Minha irmã está com ela.

-Olá, mãe. - falo, cansado, sem o mínimo humor pra um embate.- Malika. - cumprimento minha irmã e ela me dá um olhar como se estivesse me pedindo desculpa.

-Posso ver minha cunhada? Ou ela está descansando?- meneio em negativa.

-Pode entrar, Gabi está com a mãe e uma amiga.

Ela me olha novamente com um olhar suplicante de desculpa e entra. Volto a encarar minha mãe. Estava realmente cansado.

-Sua irmã me contou. - sua voz é cortante.

-Imaginei. -tento não soar irônico, mas não consigo.

- Eu avisei, Aaron. - fecho os olhos com força e solto o ar tentando me controlar.- Você conhece essa moça há quanto tempo e ela já está grávida? - a pergunta é retórica e também não faço a mínima questão de responder. -Eu disse a você: ela é uma interesseira. Mas você fez questão de não me escutar.

- Pare, mãe. -falo contido por estar no corredor de um hospital. -Eu não quero brigar com a senhora, nós estamos num hospital, eu estou cansado. A mulher que eu amo está grávida e quase perdeu o meu bebê .

Preconceitos (em ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora