Capítulo 11: Segunda prova.

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Quando acordei na manhã seguinte, não estava sentindo absolutamente nada no meu ombro e na minha perna. Meu tio não estava ali, então afastei as cobertas e desenrolei a faixa da minha perna, encontrando a pele curada e com uma pequena cicatriz. Fiz o mesmo com meu ombro, o encontrando completamente curado também, de uma forma que me deixou surpresa.

Mas não pensei muito sobre isso, porque só queria sair dali. Então troquei de roupa e ajeitei meus cabelos que pareciam um ninho de rato, antes de colocar a espada na cintura e deixar a enfermaria. Não sabia se meu tio tinha resolvido passar em casa para saber se estava tudo bem, porque ele tinha deixado claro que não iria trabalhar até que eu estivesse melhor.

O procurei pelos corredores, percebendo que ele de fato não estava na arena. Então fui até a ala dos guerreiros, ignorando os olhares curiosos. Não demorei a encontrar a placa pregada na parede ao lado do mural de apostas. O nome de Mackenzie estava colocado em primeiro, com cinto pontos, enquanto eu estava em último, com apenas um ponto.

—Vejo que já está de pé. —Olhei pra trás, abrindo um sorriso ao ver Percy se aproximando de mim, com um sorriso discreto no rosto. —Bom ver que está bem. Você não parecia nada bem quando David a carregou até a enfermaria.

—As criaturas do seu mundo são horríveis, cara, me dá um desconto. —Afirmei, arrancando uma risada de Percy, que parou ao me lado e encarou a placa com o nome dos quatro guerreiros restantes e suas posições.

—Não importa se chegou em último, Zaia, você foi incrivelmente bem lá na arena. Sua ideia de criar uma escada e subir para o topo das paredes do labirinto foi genial. —Percy olhou pra mim com uma expressão tão sincera que me pegou de surpresa, porque não estava acostumada a ver falesianos sendo tão gentis e amigáveis. —Todos ficaram impressionados com o que fez lá.

—É, mas ficar em último me tirou algumas vantagens que eu tenho certeza que vou desejar não ter perdido quando a segundo prova chegar. —Falei, vendo Percy me lançar um olhar demorado e então desviar os olhos, como se estivesse tentado a dizer algo que não poderia. —Eu sei que é uma batalha direta com um guerreiro de Falésia, mas não nos disseram nada além disso. Você sabe como ela vai funcionar.

—Eu sei, mas... —Percy olhou ao redor, como se quisesse ter certeza que ninguém estava ouvindo nossa conversa. —Acho que não tenho autorização para falar com você sobre isso, Zaia. Posso acabar...

Percy não terminou de falar, porque foi atingido por algo na nuca, que respingou um pouco de água no meu rosto. Fiz uma careta ao passar a manga da jaqueta na minha bochecha, antes de perceber o que era quando Percy se virou e o pano sujo e molhado caiu no chão, ao lado de um balde que um grupo de guerreiros jogou nos pés de Percy, enquanto riam.

—Limpeza da área dos cavalos, Williams. Melhor parar de conversar fiado e ir trabalhar. Vamos checar se está trabalhando direitinho depois. —Um deles disse, antes de todos saírem andando, enquanto Percy engolia em seco com o rosto vermelho, juntando o pano e o balde do chão. Sua nuca estava molhada e cheia de areia.

—O que foi isso? —Indaguei, vendo-o evitar olhar pra mim enquanto jogava o pano dentro do balde e soltava um suspiro pesado.

—Digamos que eu não seja o guerreiro mais popular de Falésia. —Percy balançou a pulseira com o número cinco, como se ela fosse explicação o suficiente. —Eles pegam no meu pé direto. Mas eu já estou acostumado, não se preocupe. —Afirmou, já começando a se afastar. —Eu preciso ir trabalhar. Bom ver você, Zaia.

[...]

A semana se passou de uma forma lenta. Passei os dias e as noites treinando com Peter e com alguns dos melhores guerreiros que ele auxiliava. Todos tinham me parabenizado pela primeira prova, mesmo que eu tivesse saído por último. Não achava que havia motivos para comemorar, porque aquilo só me colocou mais pressão para ir bem na segunda prova.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora