Capítulo 1 - Confuso Mentalmente

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Uma vez, duas ou três,

Essas foram as vezes que eu vi o perseguidor, nos meus sonhos ele costuma aparecer com mais frequência, mas às vezes eu o vejo em meu quarto, por detrás da porta, lá eu consigo ver sua silhueta.

Ele sempre se aproxima de mim lentamente, e ergue seus braços para me pegar, mas eu acendo a luz do abajur e ele simplesmente desaparece.

Então, ultimamente, eu venho dormindo com a luz acesa, para evitar que ele volte.

Ele não é como um Freddy Krueger, que simplesmente gosta de brincar com suas vítimas, ele apenas me persegue, e vejo em sua face negra, desejo por sangue.

Portanto, estou aceitando que ele não é real, e estou conseguindo ter uma vida mais tranquila.

Eu estudo na escola pública da minha cidade, me chamo Michael e estou no 9° ano.

Eu não tenho muitos amigos, mas os que tenho, posso chamá-los por tal.

Henrique, ele é meu melhor amigo, ele não anda em grupinhos, mas é meu amigo, ele é o que chamam de garoto problema;

Josef, mais um de meus "amigos", mas esse, posso afirmar que faz parte de grupos, apenas alguns, o clube audiovisual, o clube de RPG, o clube de soletração, o clube dos CDF's, etc... apenas estes.

E por fim, ninguém menos importante;

Claire, minha amiga por acidente;

Deixe-me explicar, eu cheguei nela com intuito de ter algo além de uma amizade, e eu acabei travando completamente.

—Er... Oi... Olá, gostei do... gosto da camisola... er... digo, camisinha... bler.

Sim, eu fiz sons estranhos e disse coisas bastante estranhas.

Mas por "sorte", ela apenas riu —Caraca mano, você é engraçado.

—Er... sim, sou, acho que você vai gostar de ter um amigo como eu!

Tacada fora! Minha jogada foi completamente errada.

Mas fazer o que né?

Não nasci bonito, atlético e comunicativo como o Miguel,

Capitão do time de futebol da escola.

Mas existe um ponto positivo nessa história.

A Claire só falta vomitar quando ele fala com ela.

Ele sempre tenta interagir, mas ela é sempre esguia —Fala Claire, hoje é um belo dia para você vir comigo à casa dos meus pais, eles saíram, meus amigos e eu vamos ouvir música e levar umas bebidas.

Claire nauseada respondeu— Não, e primeiro, você sabe muito bem que eu detesto essas músicas eletrônicas que você costuma ouvir, segundo, eu detesto esses seus amigos e terceiro, vocês são fracos quando o assunto é álcool.

Sim, a Claire é durona, não se deixe enganar, pelo seu sorriso encantador, seus belos cachos castanhos e seus olhos cor de mel, ela sabe ser muito dura com as palavras e elas podem doer mais do que um soco às vezes.

Eu adoro conversar com ela.

—Claire, você tem feito o quê de bom?

Um tanto distante ela respondeu— De bom? Nada! Nada tem sido bom nessa vida desprezível, odeio essas pessoas, essa cidade! Às vezes eu acho que só você me entende.

Minha expectativa sempre sobe quando ela superestima a minha companhia.

Mas... Sempre faço algo errado.

Como isso! — Eu te entendo por te amar.

Parem o disco. Estão se perguntando se eu realmente disse aquilo?

Sim... Eu disse, e o resultado foi muito frustrante.

—Me ama?... Como assim? Até você? De quem eu menos esperava que fosse interagir por mero interesse, estou decepcionada, de verdade.

Quando ela disse isso, foi muito brochante, eu simplesmente desviei o olhar e deixei ela se afastar.

Isso fez minha semana ser uma merda, eu já sabia que eu ficaria pensativo por dias.

Então decidi focar nos trabalhos escolares.

E fiquei a disposição dos professores, para que eu pudesse conseguir boas notas e conseguir terminar o ano bem colocado.

Eu estava tendo aula de botânica e o professor me pediu um favor— Michael, me faça um favor, vá até a sala que contém os equipamentos de jardinagem, e pegue os xaxins que estão na bancada.

Era um dia com bastante ventania, e a escola tinha uns janelões que não impediam que os ventos entrassem com violência no interior do colégio.

Então fui até a sala que o professor pediu para pegar os tais xaxins.

Passei em frente a sala da Claire, ela me viu, mas desviou o olhar, evitando contato.

Já na tal sala, abri a porta e entrei, as luzes estavam em meia fase, eu fui até a bancada, o problema é que, tinha um monte de bancada e a sala era enorme.

Continuei buscando encontrar os xaxins, até que "BAAAM!" a porta se fechou, eu corri até a porta e eu estava trancado. Eu pensei, basta eu chamar alguém,

Entretanto, comecei a imaginar, será que me ouvirão com esses ventos barulhentos lá fora? Sem chance! Vou aguardar aqui, até que alguém note minha ausência.

Eu estava tranquilo, mas minha tranquilidade acabou à partir do momento em que a meia fase apagou completamente.

Fiquei ofegante e entrei em desespero— Aqui só tá escuro, nada me fará mal!

Até que o execrado aconteceu!

—"Então quer dizer que você encontrou uma forma de me evitar Michael?

Eu garanto que assim que eu conseguir descobrir uma forma de não ser evitado por você, eu vou fazer da sua vida um inferno!

Mas eu não quero só você! Eu quero vocês!

Suas mãos e pés ficarão como carvão."

Eu quando ouvi isso, fechei os olhos e fiquei repetindo— Você não é real, você não me fará mal!

Abri meus olhos e fiquei mais tranquilo ao conseguir enxergar algumas coisas no escuro, e nada eram o perseguidor.

Até que... Ao lado da porta, algo estava a se mexer, fechei meus olhos e respirei fundo— Não tem nada ao lado da porta!

Quando eu abri, a mão do perseguidor estava frente a frente comigo, tão comprida como um bambu.

Só me restou gritar e correr!— O perseguidor está aqui!

Saí esbarrando em tudo, derrubei coisas que sabia o que era,

E fiquei batendo na porta e gritando— Socorro, me tirem daqui! Socorro.

Até que um aluno abriu a porta e eu saí e sentei no corredor em estado de choque!

O professor veio averiguar do que se tratava tal balbúrdia.

E perguntou— O quê aconteceu Michael?

Eu simplesmente assustado, deixei escapar — Foi o perseguidor! Ele me persegue no escuro, sua mão se estica e se expande.

O professor olhou na sala, olhou para mim e comentou com o coordenador de turno.

— Esse aluno está confuso mentalmente. Acho que é bom chamarmos os pais dele aqui.

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