Eu realmente pareço desocupada?
- Agora? - Um certo alívio foi sentido no meio daquela ligação invasiva. Talvez seja a falsa esperança de que eu possa o encontrar.
- Quando você quiser. - A animação na sua voz me deu... um pouco de paz em meio àquele caos.
- Agora! - Seu riso foi ouvido do outro lado da ligação. - Quero acabar logo com isso. - Qual é? Não posso dar a ele a falsa ilusão de que algo nos ocorra.
Tudo bem. Admito que quero ouvir sua voz, mas prefiro me livrar de um futuro problema à beijar sua boca macia mais uma vez.
Como eu poderia mentir para mim? Era fato que eu ansiava para o ver mais uma vez.
- Tudo bem, conheço um lugar ótimo. Já te passo o endereço.
- JiMin, eu tenho uma pergunta. - Ao ouvir seu murmúrio em concordância, relembrei da primeira vez em que o vi. Não contive o suspiro. - Esse tal encontro aí, seu amigo petulante vai?
- Apenas nós dois, nada vai nos atrapalhar. E eu te juro que, independente do que aconteça, eu vou te deixar em paz.
[...]
Esperava JiMin na porta do estabelecimento.
Dez minutos, vinte minutos, vinte e cinco minutos e nada d'ele chegar.
O farol baixo de um carro me impediu de ver o movimento da rua, até ver que, daquele carro do ano, ele saiu todo encapuzado. JiMin me lançou um olhar frio e eu logo o segui para dentro do restaurante.
Esquisito.
- Olá? - Tentei chamar sua atenção, mas a cada passo que eu dava em sua direção, mais meu coração se apertava.
JiMin não me respondeu até chegarmos numa sala privada.
- Oi! - Sua dualidade era divertida de presenciar.
- Há pouco você me olhou com um olhar congelante, e agora age com tanta ternura. - O informei de meus pensamentos. Sua face tomou um tom rosado, parecia envergonhado.
- É que, não sei explicar. - O riso frouxo tinha outra angulação, um sorriso amarelo.
Um silêncio não tão incomodo se instaurou naquela salinha cheia de carnes e bebidas.
- Eu não sabia do que gostava, então pedi um pouco de cada coisa. Me desculpa a demora. - Aquela voz era tão angelical que poderia a gravar e colocar como meu alarme.
- Imprevistos acontecem no Show Business. - Tentei deixar o clima mais leve e me lembrei de algo. - Aposto uma garrafa de Old Parr que se atrasou com o seu amigo nada inconveniente. - Seu riso foi ouvido e sua mão tapou a visão de seus lábios.
- Ele não é inconveniente, só é preocupado demais. - Acabou confessando e arregalou os olhos. - Não era para ter tido, mas eu te devo uma garrafa de whisky.
Era diferente o ver sem a luz da boate luxuosa. Também era diferente o olhar que ele me lançava; anseio, carinho e medo formavam estrelas pequenas nos olhos de JiMin. Meu cérebro estava em conflito, realmente queria ir embora, mas virou uma necessidade ouvir o que o homem à minha frente tinha a dizer.
- Podemos pedir agora, não? - Disse referente a bebida, logo vendo seu olhar baixar.
- Ou podemos beber outro dia. - Ele disparou um sussurro, apesar de eu ter o escutado perfeitamente. - Digo, por onde posso começar? - O olhei num momento de distração e pude sentir meus lábios tremerem em ansiedade.
- Uma pergunta. - Seus olhos encontraram os meus tão de repente quanto minha respiração se esvaiu.
- Sim?
- Por que agiu daquela forma? Assim, era só uma ficada, não era? - Não conseguia expressar minha real indignação; respirei fundo e logo soltei o que estava em mente. - Não há motivos para alguém se esforçar tanto para encontrar uma pessoa de uma noite e no outro dia dizer que não vai dar certo no "tchau e benção", ou há? - Ouvi seu suspiro em total arrependimento, mas não entendia suas ações.
Um som estridente foi ouvido naquela sala, e só então percebi que eram notificações sem pausa no celular de JiMin.
- Só um momento, eu preciso atender essa ligação. - Seu cenho demonstrava preocupação e seus passos seguiram para fora daquele ambiente.
Era só o que me faltava, sempre acaba antes dos finalmente.
Podia ouvir a voz serena de JiMin, contrariando os passos que eram dados para dentro da salinha.
- Tudo bem, em cinco minutos eu saio daqui. - Com certa pressa, ele desligou o telefonema e me olhou com olhos perdidos. - Acho que não vou conseguir cumprir minha palavra. Realmente existe uma razão, bem confusa, para tudo acontecer do jeito que aconteceu; mas tenho medo de que ache... - Sua voz caía gradativamente até o silêncio reinar naquele ambiente frio, de repente.
- Se tem medo que eu ache bobeira, pode ficar tranquilo; não tenho o direito de achar nada. - Tentei o tranquilizar para qualquer coisa que ele fosse dizer. - Apenas diga.
- Você sabe quem eu sou, não é? - Seu tom de voz ainda era baixo, mas não era calmo. - Desculpe, não quero ser arrogante, mas, muita gente se aproveita... - Sua voz se tornou ausente enquanto seu rosto se tornava rubro.
- Muita gente se aproveita do seu status e sua empresa acha que sou assim, é isso? - Seu rosto ficou mais vermelho e tentava desviar o olhar do meu.
- Sim e não. A empresa sabe que muita gente se aproveita, mas eu sei e eles também sabem que você é diferente, especial. - Aos poucos, JiMin ia encontrando seu olhar no meu, suas mãos nas minhas, mas isso durou pouco, pois o cheiro de queimado invadiu nossas narinas.
- A carne! - Dissemos em uníssono e gargalhamos.
- Na real, Mary Leroy, eu quero te conhecer, e quero levar você para a minha vida, mas mesmo que a empresa saiba que com você é diferente, eles não vão dar o braço a torcer por nós. - Pela primeira vez na noite, pude ver o olhar, o sorriso, o mais sincero Park JiMin na minha frente.
Queria sentir sua boca mais uma vez.
E com aquele mesmo sorriso, ele me mostrou a tela de seu celular brilhando com "CEO" ligando para ele.
- Alô? - JiMin atendeu a ligação com certo receio. - Sim. - Com um tom relutante, Park me dirigiu a palavra. - Querem falar com você. - Concordei por um instante e peguei o telefone.
- Sim?
- Ouça com atenção! Essa conversa não pode sair daqui! - Uma voz masculina muito assustadora e autoritária, aquilo me deixou desconfortável. - Você tem até o fim da semana para vir à empresa a falar com Bang a respeito de Park JiMin, seu horário é 19h30.
.
05.07.2022/20h23min
VOCÊ ESTÁ LENDO
OLD PARR - PJM
Fanfiction'Eu só queria uma noite normal, ir em uma balada e encher a cara. Por quê ele tinha que insistir justo em mim?'