Capítulo 1 - O Novo Capitão, Yang Jungwon.

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   Heeseung sentia-se alheio ao burburinho dos outros jogadores em meio àquela espera. Às quatro da tarde um novo treinador para o time seria anunciado e, o mais importante, também seriam anunciados os novos titulares do Horangi's, time de futebol oficial do Colégio Privado Connect. Não que ele tivesse algo para se preocupar, pelo menos era o que ele pensava.

   Desde o primeiro ano havia se tornado uma figura intocável na instituição: boas notas, boa reputação e um calculismo invejável em campo. É claro que ele tinha uma reputação; tanta que o título de capitão do time veio no ano anterior, mas não queria vacilar de jeito algum. O objetivo daquele ano era competir com o time fora do distrito e chamar atenção o suficiente para ganhar uma bolsa com suas habilidades de esporte. Tinha que ser o melhor naquele time. Se não pudesse superar seus adversários dentro daquele colégio pequeno, como superaria os outros jogadores do distrito?

   Era por isso que a presença de um certo novato o trazia desconforto. Yang Jungwon. O garoto era um furacão, era notável. Era ousado, impulsivo e intuitivo, total oposto à frieza e cautela de Heeseung ao jogar, mas era tão talentoso quanto. Observá-lo durante aquelas duas semanas dos testes realizados para medir a capacidade dos jogadores, causou uma inquietude que ele não conseguia suportar. O descontrole que Jungwon tinha com sua prodigalidade era tão instigante quanto irritante.

   Heeseung lançou um olhar de rabo de olho para ele, que papeava aparentemente distraído com um novato japonês chamado Riki e Kim Sunoo, um secundarista.

   – Qual é, tu tá apaixonado por ele, é? Seu viado. – Jake provocou, e Heeseung mirou o olhar para ele, irritado.

   – Me erra.

   – Mas cara, – Ele riu. – eu to convencido de que você tá apaixonado. Virou boiola que nem o Sunghoon?

   Sunghoon, que estava do lado de Jake, deu um suspiro enquanto evitava o olhar dos garotos.

   – Jake – Jay, outro amigo de Heeseung, tinha um semblante entediado. – Fica cinco minutos sem ser homofobico que eu digo se eu esperava ou não.

   – Eu não sou homofóbico. Eu respeito os gays.

   – Então respeita o Sunghoon – Jay disse impaciente.

   – Como assim? Eu não sou gay! – Disse num sussurro irritado.

   – O meu problema com o Sunghoon não é ele ser bicha, é ele ser uma bicha reprimida – Jake disse como se fosse óbvio. – Olha o Sunoo, do segundo ano. Ele é uma bicha livre. Até pra ser bicha você precisa ser homem. Eu admiro o garoto.

   – Mas eu não sou gay!

   Jay revirou os olhos. – Você se acha muito progressista por isso, não é, Jake?

  – Não vou concordar ou discordar, não sei o que progressista significa. – Ele deu de ombros. Jay deixou uma risada escapar.

   Sunghoon fez uma careta. – Ninguém me escuta falar.
  
   – Calem a boca pelo amor de Deus – Heeseung interveio. – O diretor 'tá vindo.

   Andando em direção ao campo de futebol da escola onde os vinte e oito jogadores esperavam, Diretor Cha vinha acompanhado por uma mulher que os garotos nunca haviam visto. Alta, longas pernas e um cabelo encorpado preso num rabo de cavalo alto, ela dava passos confiantes enquanto tinha um sorriso convencido no rosto.

   Os meninos se agitaram. Comentários animados sobre a aparência dela começaram a chiar no grupo.

   Quando Diretor Cha e a mulher se aproximaram o suficiente, os garotos se calaram.

   – Gostaria de apresentar a vocês a senhorita Seo Yeji – O diretor disse, direto. – A nova treinadora de vocês.

   A expressão dos garotos era difícil de ler, porque a mesma confusão estava presente, em níveis diferentes. Primeiro, era uma mulher. Segundo, ela era irrevogavelmente bonita. Terceiro, sua aura e seu porte confiante e sarcástico não passavam confiabilidade, muito menos conforto.

   – Vamos ao que interessa. – Ela tirou uma poeira imaginária da roupa. – Pode ir, diretor.

   O senhor Cha pareceu pego de surpresa pela franqueza dela, mas apenas se retirou sem mais palavras. Definitivamente, ela passava uma impressão forte.

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