Midnight

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Acordei no meio da noite depois de um pesadelo com o Daemon, eles estavam cada vez mais constantes. Depois de alguns instantes revirando na cama percebi que não conseguiria mais dormir, resolvi tomar um banho para me acalmar.

Enquanto a água escorria pelo meu corpo, meus pensamentos foram direcionados aos acontecimentos recentes: a briga com a Miiko por causa daquela maldita poção, os ataques recorrentes ao QG, as aparições do cristal e meus pesadelos com o Daemon. Eu não me sentia mais a vontade em Eel e o pensamento de ir embora era constante, a vontade de aceitar o convite da Huang Hua e me mudar para o templo Fenghuang era tentadora. Seria bom para mim, não é mesmo?

Minha cabeça tentava ser racional e responder que sim, mas meu coração não concordava com a ideia de ficar longe dele... Nevra!

Há muito tempo seu nome não parava de ecoar na minha cabeça, eu tentava lutar contra esse sentimento, afastar dos meus pensamentos... sempre em vão! Cada vez que ele aparecia na minha frente eu tinha vontade de me jogar em seus braços. Não sei exatamente quando comecei a vê-lo dessa forma, mas eu não tinha coragem para fazer algo a respeito e correr o risco de ser rejeitada, ou pior... ele me ver como mais uma aventura.

Saí do banho e coloquei uma camisola azul escura rendada que a Puriry me fez comprar porque, segundo ela, toda mulher precisa de uma camisola sexy. Sorri ao lembrar da ocasião e encarei meu reflexo no espelho, de fato ela valorizava meu corpo, mas eu ainda não tinha ninguém para impressionar. Ao menos estava confortável.

Voltei para a cama mas o silêncio do meu quarto estava me incomodando. Comecei a andar em círculos, mas depois de alguns minutos decidi sair para tomar um pouco de ar. Vesti um sobretudo para me proteger do vento gelado e saí para andar um pouco.

O QG estava vazio, eu provavelmente era a única pessoa caminhando tão tarde pelos corredores, vagando no meio da noite como um fantasma. Passei pela porta principal e pude ver a cidade iluminada pela lua e pelas estrelas, cruzei os braços ao sentir o vento gelado da madrugada, mas me sentia bem por respirar um pouco de ar puro.

Fui caminhando lentamente pela paisagem até chegar à cerejeira centenária: ela estava magnífica naquela paisagem noturna, com suas flores levemente iluminadas pelas estrelas e pequenos vagalumes por todos os lados. O cheiro que suas flores exalavam me acalmava, poderia relaxar ali. Me sentei em um dos bancos brancos dispostos pelo local e me deixei levar pelos meus pensamentos até ser interrompida por uma voz familiar.

– Você não acha que está muito tarde para ficar zanzando por aí? – Dei um pulo ao ser tirada abruptamente do meu devaneio. Me virei para ver quem era e me deparei com um vampiro aparentemente zangado.

– Boa noite pra você também, Nevra. – respondi provocativa. – Vai me acompanhar na minha epifania? – convidei, apontando para o espaço vazio ao meu lado. Estava me segurando para não dar risada, mas ele não parecia estar achando graça.

– Pelo visto você se esqueceu dos últimos eventos que aconteceram por aqui – ele disse, ignorando minha piada. Entendi que ele se referia às invasões que aconteceram ao QG, mas haviam guardas fazendo patrulha dentro e fora dos muros que iriam alertar ao menor sinal de ataque, eu não estava com vontade de ficar ouvindo sermão e resolvi continuar com as provocações. De braços cruzados enquanto me encarava, Nevra parecia uma criança fazendo birra.

– O único perigo que estou vendo por aqui é você – eu disse com um sorriso malicioso e ele bufou.

– Você é impossível... – o vampiro resmungou, desfazendo sua pose de zangado.

– E você fica muito chato fazendo patrulha – respondi, pensando ser esse o motivo dele ter me surpreendido.

– Não estou fazendo patrulha. Só te vi sozinha aqui fora e fiquei preocupado – ele respondeu e se sentou do meu lado. Estremeci ao sentir seu corpo tão perto do meu e torci para que ele não tivesse reparado.

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