Para sempre ao seu lado
Eu nunca te deixarei...
Provavelmente em algum momento de sua vida já tenha se perguntado para onde íamos após morrermos. Aquele pequeno momento de dúvida em que a pergunta simplesmente aparece, mas que não conseguimos dizer desde que ninguém tem uma real resposta além de meras especulações. Sendo assim, em meio a tantas variáveis, irei para a que provavelmente seja a mais "próxima da verdade". E qual seria, me perguntam?
Bem, quando morremos, logicamente, somos encaminhados para o lugar no qual pertencemos. Independente se acreditamos ou não de que no pós vida teremos uma eternidade sem preocupações ou se teremos algum lugar para ir realmente. A real questão que eu gostaria de levantar é a seguinte: e se, mesmo depois de mortos não quisermos ir para o lugar que precisamos estar? Quando estamos apegados demais as pessoas que mais amamos nesse mundo e não conseguimos ir embora e deixar tudo para trás? Se não tivermos a capacidade de seguir em frente como deveríamos justamente por não querermos nos separar de tudo?
Agora me perguntam, por que estou fazendo todas essas perguntas? Bem, a reposta pode ser meio simples na realidade, de certa forma, isso aconteceu comigo...
Eu tinha apenas 17 anos quando morri, ainda me lembro daquele dia como se tivesse acontecido ontem. Eu estava voltando para casa de meu estágio, passava das seis da tarde e eu precisava muito correr até o ponto de ônibus para não perder o transporte, senão o próximo só passaria daqui uma hora. Lembro de meus pés passando por aquela rua vazia de forma apressada, o bairro comercial ficava vazio assim que as lojas começavam a fechar, o que me dava agonia sempre que estava indo embora.
Estava há algumas quadras do ponto de ônibus, olhei rapidamente o relógio de meu pulso e em alguns minutos o meu transporte chegaria. Resmunguei e aumentei o passo mais ainda. Estava cada vez mais perto de meu objetivo, o que me acalmava, estava perto de uma virada quando me esbarrei em um homem bêbado que na mesma hora resmungou algo que não entendi e me segurou.
Dava para sentir o cheiro da bebida destilada. Tentei uma conversa pacifica, mas então mais duas vozes se juntaram aquele momento. Agora eram três homens bêbados, não mais apenas um, falavam que eu tinha machucado o amigo e precisava pagar. Não tinha paciência para aquilo, só queria correr para o ponto de ônibus e voltar para casa, não gostava de ficar tão tarde perambulando pelo centro justamente por poder ser perigoso.
Me sentia encurralado com os três ao meu redor. Os seus rostos estavam vermelhos. Um deles carregava uma garrafa de uísque que parecia estar pele metade. O bafo fétido me dava ânsia de vômito. E ao notar que nenhum dos três estava realmente escutando o que eu tinha a dizer, um mero adolescente que só queria ir embora daquele lugar, apenas desisti e tentei sair dali o mais rápido que eu podia para despistá-los. Claro que o plano era fácil em minha mente, era só fugir para bem longe o mais rápido que minhas pernas poderiam me permitir e na sorte conseguiria pegar o ônibus e vazar daquela situação.
Porém, não foi bem isso o que aconteceu já que eu morri, não?
Eu saí correndo, não queria encrenca e aqueles homens não compreendiam isso. Estavam tão cegos pela bebida que impregnou os sentidos deles que apenas gritaram palavras incompreensíveis e me perseguiram. Não importava o quanto eu corresse aqueles três pareciam cada vez mais perto. Quando enfim estava vendo o ponto de ônibus não muito longe de onde eu estava, sorri contente, poderia me ver livre dali se um pouco de sorte sorrisse para mim e o ônibus aparecesse naquele instante. Eu desejei por aquilo, orei, eu realmente, realmente, orei para que isso acontecesse e eu pudesse ir embora são e salvo.
Contudo, o ônibus não veio. O sorriso de meu rosto se desfez rapidamente e um dos homens me agarrou. Eu estava ofegante, não conseguia mais correr. Os homens gritavam palavras que saiam totalmente erradas pela influencia do álcool. Me xingavam (ou ao menos eu acreditava que sim) e começavam a me bater. Eu era um garoto fraco, não sabia sequer dar um soco direito, por causa disso não revidei o que enfureceu aqueles homens mais e mais, batendo em meu frágil corpo.
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Para sempre ao seu lado
Short StoryÁs vezes a morte não é o suficiente para separar as pessoas dos seus entes queridos... Ao morrer temos a chance de escolher. Ir pacificamente ou observar as pessoas que mais amou crescerem sem a sua presença, esquecendo-se de si lentamente e vivend...