Acordo ouvindo o barulho de chuva e meu coração aperta. "Meus pêsames Faruk..."
Me sento e olho pela pequena entrada da caverna, água entra por ela com muita pressão e creio que ao fim do dia teremos muito trabalho.Me dispo e me jogo no lago, mergulho na água fria e cristalina, fico até sentir frio e saio novamente, me seco e coloco uma armadura. "Hora de trabalhar..." A trilha de pérolas negras fica vazia nesses dias geralmente, mas a preocupação do meu batalhão e do batalhão de Teo é o vilarejo.
Diminuo de tamanho e vôo perto da entrada bloqueada pela água. Suspiro. "Por sorte sou uma fada." Como sou treinada para matar gigantes por dentro e nadar contra a corrente sanguínea para sobreviver, essa água entrando com tanta pressão não será tão difícil atravessar. Bato as asas e me jogo em direção a saída. Nado o mais depressa que posso e atravesso a entrada.
Saio e aumento de tamanho imediatamente, caio sentada. Tusso. Olho para cima e vejo o céu violento, a corrente de vento dentro da floresta enganosa está forte, mas imagino que esteja pior duas vezes mais fora dela, pois graças as grandes árvores falantes, aqui dentro é como um refúgio. Me levanto e alço vôo ajustando as espadas no cinto da calça.
Depois de sair da floresta enganosa, fico atenta aos raios que caem do céu. Sobrevoo a trilha de pérolas negras e vejo alguns do meu batalhão e do batalhão de Teo tentando proteger os seres místicos mais teimosos que permanecem na trilha tentando salvar seus cultivos. Esse dia é um dia triste sempre, por dois motivos.
Perdemos vidas e trabalho duro.
Vejo uma luz piscar no céu e olho para baixo, uma das ninfas protege suas flores logo abaixo. Voo depressa e me jogo sobre ela, agarro a ninfa pela cintura e me afasto da flor.
- Não! - ela grita. O raio cai e quase me atinge. Rolamos no chão e protejo ela com meu corpo e asas, saio de cima dela e a chuva intensa não para de cair. Encaro a ninfa e ela permanece no chão caída olhando em direção a suas flores que viraram churrasquinho vegano. Me abaixo perto dela e apoio a mão sobre sua cabeça, ela me olha com o olhar choroso. - Perdi tudo Maiana... - ela diz aos prantos e suspiro. Ela estende os braços e abraço ela. A chuva não é piedosa.
- Deve ir para casa, aqui não é seguro. - digo e ela funga e se afasta se levantando. Noto que machucou a canela. - Está ferida. - digo e ela estende a mão para mim.
- Não é nada. - ela diz. - Se levante. - ela diz tristonha e sorrio. Me levanto e ela se curva levemente e alça voo em direção a floresta verde. Olho ao redor e o vento acaba derrubando uma das árvores da floresta verde sobre alguns cultivos e a trilha. Alço vôo. "Tenho que ir ao vilarejo!" Continuo voando exaustivamente contra o vento e quando estou quase no fim da trilha, me deparo com um pequeno tornado. O vento forma uma espiral e se eu continuar voando para lá, irei parar dentro do tornado. Mudo de rota e sigo pela floresta verde. Sobrevoo ela e me mantenho distante do tornado, assim que vejo o vilarejo, vôo em direção a ele e pouso pouco tempo depois. A água bate em minhas panturrilhas. Caminho um pouco e entro em um dos bares. Vejo algumas fadas e alados do batalhão de Teo. Sorrio. Eles se curvam para mim.
- Como estão as coisas? - pergunto e um dos alados toma frente. Teo não costuma aparecer nesses dias, pois tem a família para proteger, ele vem quando a chuva passa, enquanto isso, o trabalho é meu.
- Um grupo está cuidando de tudo no vilarejo, estamos descansando. - ele diz e assinto. Ele aponta para meu antebraço. - Está sangrando. - olho para o arranhado leve.
- Não é nada demais, acidente de percurso. - digo e uma das fadas questiona.
- Como está a trilha de pérolas negras? - suspiro.
- Raios, tornados, ventos destrutivos... Nada diferente daqui. - digo e ela assente. Levanto o braço dando visão do ferimento. - Me machuquei por lá, mas salvei uma ninfa em troca. - ela sorri. Bato palmas. - Ok! Estarei na próxima ronda do vilarejo com vocês, conto com cada alado e fada. - digo e eles se curvam.
- Entendido comandante. - alguna dizem e caminho para perto da entrada da taberna, olho para os dois lados e suspiro.
Depois de um tempo, o grupo que saiu voa em direção a taberna. Vejo uma das fadas ser trazida nas costas de um dos alados e suspiro. Alço vôo e os outros me seguem. Começo a ronda e vejo algumas casas destruídas. Me mantenho no céu e observo céu e vez ou outra olho para baixo para ter certeza que o vento não arrancou o teto de nenhuma outra casa.Torço para que nenhum tornado se projete por aqui ou terei que me desdobrar para salvar o máximo de habitantes. Noto uma luz piscar e olho para baixo, me sinto aliviada ao ver que ele vai cair no quintal de uma das casas e não sobre ela.
Olho para baixo e arregalo os olhos. Uma alada sai da casa com um bebê nos braços e noto que sua casa despenca em seguida. Voo o mais depressa possível em direção a ela e pouso ao seu lado.
- Tudo bem? - ela assente.
- Ajude meu amor. - ela diz e aponta a casa. Voo em direção a ela e diminuo de tamanho, vôo entre os escombros e vejo um mortal caído, ele parece proteger algo e vôo para perto dele. Noto que uma das vigas atravessou seu abdômen.
- Senhor! - chamo e ele olha em minha direção e tosse sangue.
- Salve minha menina. - ele diz e olho por debaixo dele. Vejo uma pequena alada de uns dois anos de idade. Ele a protege. Respiro fundo e aumento de tamanho. Uso minha força para empurrar ele e pegar a pequena. Ela me olha assustada e segura a camisa de seu pai.
- Papai! - ela grita e ele tosse novamente. Seus olhos me imploram para que tire ela dali e assinto. Faço ela soltar ele e seguro ela de forma protetora. A pequena chora. Saio do meio dos escombros e quando termino de sair, sinto uma pontada na asa, noto que cortei perto da envergadura. Voo com dificuldade para perto da alada que segura o bebê no braço. Ela vê a pequena e seu rosto se converte em pura dor. Ela soluça. Pouso perto dela e pego a bebê nos braços, seguro a outra apenas em um braço.
Ela me olha com pesar. A pequena olha para a alada e estende os braços.
- Você vai com a tia fada ok? - ela diz e soluça. - Vai brincar com vários amiguinhos, tá bom! A mamãe precisa ir com o papai. - ela diz. A pequena balança a cabeça.
- Não, não. - ela diz e a alada olha para mim.
- Obrigada. - ela sussurra. Assinto. A alada leva a mão ao peito e alço vôo. O mortal deve ter morrido, olho para baixo uma vez mais.
- Mamãe! - a pequena grita e vejo a alada cair de joelhos e em seguida cair esparramando as asas. Voo para o orfanato e pouso perto da porta. As crianças choram. Pandora abre a porta e me olha com pesar.
- Entre. - ela pede e fecha a porta assim que entro. As outras crianças ajudam Pandora. Lúcia pega a bebê e Pandora pega a bebê. Elas enrolam as garotas em cobertores e Pandora se curva para mim. Me retiro do orfanato e encaro o céu.
"Mais duas almas para o jardim de flores..." Sinto um nó na garganta. "Já devia estar acostumada Maiana!"
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Esse livro tem mais batalhas, lutas ou eventos separados do romance porque Maiana trabalha com isso e não dá para fugir da rotina dela.
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LION - Saga Pearl - Livro XII
FantasíaEstranhamente, algumas coisas saem do nosso controle, mesmo quando não queremos que saia. Me curvo em reverência aos guardiões e cerro os dentes. Aperto as mãos em punho e me mantenho de joelhos e em reverência. - Sabe que será punido? O que fez f...