Estava de noite quando eu a conheci, a pequena Amélia, mamãe e eu fizemos uma festa para recebê-la. A senhora Cristina nossa vizinha não tinha mais ninguém em sua vida, e aos 36 anos deu a luz a uma menina e eu, nos meus puros 4 anos disse que aquela era a coisa mais feia que eu já tinha visto.
-Louis! Ela não é feia- minha mãe me repreendeu mesmo que a vontade de rir estivesse explícita em seu rosto.
-Tudo bem querida, todo recém nascido é feio- Cristina, apesar de não ter outros filhos, não parecia estar tão apaixonada pela maternidade, lembrando disso, hoje eu consigo perceber.
Conforme os anos foram passando e nós fomos crescendo, viramos amigos e por ser mais velho e estar sempre com ela, eu me tornei superprotetor, e ela, percebendo isso, sempre corria pra mim quando se machucava ou quebrava algum brinquedo. Me lembro de um dia, eu tinha 9 anos e ela 5, era seu primeiro dia de aula e eu tive que faltar a minha escola para ficar com ela, foi difícil aceitar que estávamos em classes e escolas diferentes.
Quando eu fiz 16 não queria mais que ela estivesse sempre atrás de mim, eu queria sair e jogar bola com meus amigos, ela não gostava dessas coisas, ela queria brincar de boneca e experimentar as roupas da mãe, eu comecei a pensar que ela era boba demais. E também havia a Dayanne, a garota mais linda que eu já tinha visto, foi meu primeiro beijo.
Visão da Amélia
Desde que me lembro ele estava lá, Louis o meu melhor amigo, ele me protegia e brincava de tudo que eu quisesse, até os meus 12 anos, quando ele parou, dizia que não tinha tempo pra mim, dizia que já tinha marcado com outros amigos, ele já podia sair sozinho, eu ainda não, só podia sair com ele e ele não queria sair comigo, claro que fiquei chateada, eu tinha outras amigas, mas não eram o Louis.
Quando Dayanne surgiu eu senti ciúmes, nunca ele havia protegido outra menina, mas eu estava feliz por ele e graças a ela nós voltamos a ser como antes, ele saia com ela e vinha direto a mim, contava com entusiasmo cada detalhe do que havia acontecido, e eu adorava ouvi-lo falar sobre coisas que o deixavam feliz, ele sorria de orelha a orelha e falava alto.
Lembro quando ele chegou em minha casa um dia, estava bufante, vermelho dos pés a cabeça, todo suado e mal conseguia falar, havia dado seu primeiro beijo, ele me fez tocar em seu peito para sentir seu coração bater a milhão, me empolguei junto com ele, neste dia ficamos o tempo todo planejando nosso futuro, ele me contou como a pediria em casamento e como a casa deles seria, eu estava tão feliz por ele.
Eles começaram a namorar e eu apesar de tentar muito não consegui virar amiga dela, ela me tratava com desdém, e como uma menina de 12 anos eu comecei a revirar os olhos sempre que ele a mencionava, ela não era nem metade do que ele via.
Depois de um ano de namoro, eles se separaram, ela simplesmente não quis mais ficar com ele e em menos de uma semana fazia questão de aparecer beijando outro, isso quebrou nós dois, ele estava desolado, e eu não sabia o que fazer.
Ele não sorria, não comia, não queria de jeito nenhum ir a escola, tudo que fazia era dormir, e eu fiquei totalmente perdida, afinal não fazia ideia do que ele estava sentindo, então eu tive uma ideia, peguei o material escolar dele e fui atrás de seus colegas de classe, copiei tudo por ele, respondi cada questão por ele, eu não queria que mais ninguém o tratasse mal, não queria que seus pais brigassem com ele nesse momento, graças a mim ele passou de ano.
Visão de Louis
Quando Dayanne me chamou para um encontro no parque eu fui sem pestanejar, ela era linda, mas pensando nisso agora, acho que foi tudo que vi nela. Chegando lá, ela só disse que estava cansada de mim e do meu cachorrinho, no caso ela se referia a Amélia, naquela época eu não disse nada, estava muito apaixonado e não tive coragem de defender a minha amiga, eu só implorei pra ela não ir embora, mas ela foi e partiu meu jovem coração. Eu voltei direto pra casa de Mellie, deitei em sua cama e chorei, eu vi que a deixei assustada e vi que ela também chorou um pouco.
Dayanne era cruel, eu estava sofrendo coisas que nunca sofri antes, e ela não se importava, eu a vi na escola beijando outro cara como ela nunca me beijou, e desejei morrer, foi horrível, eu nunca mais iria voltar aquele lugar.
Amélia salvou os meus estudos, enquanto eu me lamentava eternamente ela fazia as tarefas dela e as minhas e tentava convencer minha mãe a me colocar na escola dela, e ela conseguiu, não sei como.
Então eu passei meu último ano escolar na escola dela, o que foi muito divertido no fim das contas, e quando me formei aos 17 comecei a perceber de forma mais madura tudo que acontecia ao meu redor, decidi esperar um ano para fazer faculdade, mas agora já se passaram 4 e eu ainda não sei o que fazer, não sei nem se quero fazer.
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Aquilo Que Criamos
RomanceAs vezes tudo que precisamos é ler uma história sabendo exatamente como será o fim, faz bem aos ansiosos. Amélia e Louis, Louis e Amélia, simplesmente era pra ser, mas se estiver interessado em saber como: