O dia amanheceu, como sempre silencioso. Mas dessa vez, um pouco mais solitário.
- Sn, tá tudo bem? - Carl apareceu na porta do quarto.
Eu não respondi, não tinha forças para isso. Meu mundo tinha acabado, e nada o traria de volta.
- Eu estou indo com o meu pai para Hilltop, quer vir junto? - ele ficou sem respostas novamente. - qual é Sn? Eu sei o que aconteceu, mas você precisa viver, já faz uma semana. Uma semana sem ouvir qualquer palavra de você. É como se você nem estivesse aqui mais. - escutei um suspiro vindo dele. - Tenho que ir. Só tenta comer hoje, pelo menos. Te amo. - ele beijou minha cabeça e saiu do quarto.
E lá estava eu, sozinha novamente. Não havia me mexido nem um centímetro, e nem pensado em nada. Minha mente apenas repassava a mesma cena o tempo todo. Minha irmã de apenas 5 anos, sendo mordida por vários zumbis. Pude escutar os gritos dela, de dor e desespero, e as lagrimas que escorriam sem parar dos seus olhos. Eu podia ter feito algo, podia ter prestado mais atenção, ter pensado mais. Ela só tinha 5 anos, era inocente, uma criancinha. E isso passava e repassava na minha cabeça.
Até que eu escutei um barulho de algo caindo no chão. O que era, não havia ninguém em casa. Senti meu coração acelerar a cada segundo, pensando nas piores coisas que podia ser. Então reuni todas as forças que ainda restavam em mim para respirar e me levantei. Peguei um bastão de metal que eu tinha do lado da cama. A cada passo que eu dava mais desespero eu sentia. Olhei pelo vão da porta, tentando enxergar alguma coisa e vi um zumbi. Me perguntei como ele tinha entrado lá. Então com muito cuidado abri a porta o suficiente para que eu conseguisse passar. Ele estava de costas e fazia aquele barulho horrível.
Bati na cabeça dele com o maior ódio do mundo. Descarreguei toda a minha dor naquilo. Senti lagrimas escorrer pelo meu rosto, e deixei que elas seguissem o caminho delas. E gritei, colocando tudo pra fora. Senti meu coração ser aliviado.
Larguei o bastão e escorrei até o chão, a onde comecei a chorar, acho que foi a primeira vez em que eu me senti sozinha de verdade. Mas esse sentimento passou quando senti dois braços rodear o meu corpo e o cheiro, era Carl.
- Tá tudo bem. - era tudo o que eu conseguia escutar, além dos meus soluços de choro. - eu estou aqui e nunca vou te deixar, nunca.
Não lembro de mais nada daquele dia, é como se tudo que aconteceu depois disso tivesse sido apagado.
Acordei com uma leve dor de cabeça, olhei ao redor e percebi que eu estava no sofá. A casa estava silenciosa, mas sabia que tinha mais alguém lá.
- Bom dia. - Carl disse entrando na sala com uma tigela na mão.
- Bom dia.
- Está melhor?
- Sim, obrigada. - peguei a tigela da mão dele, eu estava faminta, fiquei dois dias sem comer nada.
Senti que ele me olhava com pena, o que eu odiava.
- Quer conversar? - ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha.
- Não tem o que conversar.
- Você não pode viver assim pra sempre.
- E eu não vou. Ela morreu, não posso mudar isso. Ela odiava me ver chorar, então vou voltar a viver a minha vida.
- Tem certeza que consegue fazer isso sozinha?
- Tenho. Cansei de ser um peso pra todo mundo.
Ele apenas concordou serio.
- Mas, eu vou estar aqui para te ajudar.
Eu sabia que Carl iria me proteger de tudo e de todos, e isso era uma das coisas que eu mais amava nele.
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(Capítulo não revisado)
Oi gente.
Espero que vocês tenham gostado do capítulo.
Não se esqueçam da estrelinha.
Bjs, amo vocês. <3
( gente, acabei de ver que não tinha colocado título, mas já concertei isso)