Capítulo 20. "I've had you so many times, but somehow, I want more" (Maroon 5)

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"Amor não se conjuga no passado", eu nunca havia parado por se quer um minuto da minha vida e pensado sobre amor, é claro que diversas vezes eu disse que amava uma garota ou outra, mas na verdade eu amava o que elas me proporcionavam, prazer instantâneo e sem compromisso.

Era bom, era seguro. Eu não teria que realmente amá-las, nem levá-las pra casa, elas ficariam gratas se eu pagasse pelo táxi, algumas delas ficariam felizes se eu ao menos ligasse para algum taxista.

Elas também não me amavam, elas amavam as bebidas que eu pagava, meu carro, minha carteira, meu pau e minha experiência. Então eu colidi contra uma outra realidade e tudo isso pareceu completamente inútil perto de Lisa.

Ela não bebe, não se importa com o meu carro, nem com o meu dinheiro, não sabe lidar com sexo e minha experiência parece se dissipar quando se trata dela. O que eu tinha, afinal, para oferecê-la?

Amor?

Seria isso o amor que eu nunca acreditei que fosse acontecer pra mim? Se amor não se conjuga no passado, nunca deixarei de amá-la? Não existe um segundo amor? Ou algum tipo de sentimento derivado?

Pois se eu fosse sentir isso pelo resto da vida, ela teria de ficar ao meu lado até que a morte chegasse pra um de nós, ou eu não saberia o que fazer. Lisa não deixaria de me amar, então foda-se, é isso mesmo, foda-se o que vier.

Essa era a única coisa que eu precisava saber e, agora, mais do que isso, eu sentia.

Eu ouvi a queda de água vinda de dentro do banheiro, olhei para o flash de luz por debaixo da porta e me sentei devagar, eu estava sonhando acordado ou cochilei por um minuto?

Me levantei, pegando minha boxer ao lado da cama e vestindo-a enquanto caminhava até a porta do banheiro, toquei a maçaneta com a ponta dos dedos e a girei, esperançoso.

- Lis?

- Oi? Acordou?

- Acho que sim - Respondi e soltei um riso - Posso entrar?

- Espera só um minuto - Pediu, concordei com a cabeça, como se ela fosse ver.

Ergui o pulso, a fim de olhar as horas, mas meu relógio não estava preso em meu pulso, olhei ao redor, buscando-o rapidamente.

O encontrei sobre a escrivaninha e supus que Lisa havia colocando-o ali, caminhei até lá e me certifiquei de que não passava das 3h30. Ouvi a chave girar e olhei rapidamente pra porta, que se afastou.

Adentrei no banheiro com calma, Lisa estava parada em frente ao espelho, vestindo apenas uma boxer feminina e uma camiseta surrada. Ela escovava seus cabelos sem pressa, cantarolando alguma canção que eu não reconheci.

Parei atrás de seu corpo e envolvi sua cintura entre meus braços, seus lábios se curvaram num sorriso, mas ela continuou entretida com o que fazia. Olhei nosso reflexo no espelho, parecíamos tão certo como nunca tinha reparado.

Éramos tão novos e estávamos tão apaixonados. Eu desejei que os meus amigos passassem por isso também, pois por mais medo que eu tivesse antes de acontecer, agora parecia quase uma necessidade ter essa experiência.

- Por que eu? - Sua pergunta me fez pausar os beijos que eu dava em seu pescoço e abrir os olhos.

- Como é? - Estranhei, erguendo meu corpo e encarando-a através do espelho.

- Você podia ficar com todas essas garotas bonitas, sociáveis e... Algumas delas até são inteligentes e legais... Então por que eu? - Ela repetiu a pergunta ao fim daquele monte de bobeiras ditas antes.

- Lis, que pergunta é essa agora? - Sorri, virando-a de frente pra mim e mantendo mãos em sua cintura - Eu não te escolhi comparando você a ninguém, só aconteceu.

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