Capítulo 23.2

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CAROLYNN


— Está mais calma? — Perguntou preocupado sentando novamente ao meu lado com outro copo de água que ele havia ido pegar. Assenti com a cabeça encarando a grama. — Quando eu era criança, sempre que eu estava triste, gostava de sentar embaixo de uma árvore. — Levantei meu olhar para vê-lo. — Sabe por que? — Neguei com a cabeça. — Árvores são muito superestimadas. Mas muitos esquecem que elas também são seres vivos. — Sorriu fraco. Parecia estar pensando em algo. —Meu pai e o pai do Alex são amigos desde sempre e ele dizia que na Itália, quando eles eram crianças, eles tinham uma casinha na árvore e eles sempre se encontravam lá para brincar. Acontece que derrubaram essa árvore e a casinha deles, eles ficaram muito tristes, mas mesmo assim continuavam indo lá. Os anos se passaram, eles já eram adultos, quando minha mãe foi para a Itália na viagem de formatura e eles se conheceram, eles estavam passeando e passaram na frente de onde a árvore estava e ele resolveu entrar pra ver, e no tronco da árvore, estava nascendo uma árvore nova. Ele disse que a árvore onde estava a casinha deles estava apodrecendo e poderia cair, por isso cortaram, mas havia uma vida nascendo onde outra havia morrido.
— Isso é lindo. — Sorri emocionada.
— Acontece que existem vários tipos de árvores. Eu sempre me vi como uma árvore fraca e frágil porque eu sempre tive o Luke pra me proteger de tudo. Sempre o vi como aquelas árvores enormes que faz aquela sombra gostosa que todos gostam num fim de tarde de calor. Uma árvore como a que meu pai falava que tinha a casinha deles, mas assim como a árvore, o Luke não é indestrutível. — Sorriu fraco. — Eu fui na nossa árvore ontem e fiquei lá até anoitecer e fiquei pensando em tudo que aconteceu e tem acontecido e percebi que eu não sou tão frágil como eu pensava, sabe, alguns galhos finos dão mais trabalho para quebrar do que os grossos e... — Fez uma pausa se interrompendo. — O que eu quero dizer é que você é forte o tempo todo, eu admiro muito isso, mas às vezes as árvores mais firmes desabam também. Sabia que tem árvores que choram quando você as machucam? Elas são fortes também, essa seiva seca rápido e já vi algumas virando uma espécie de cristal onde a árvore foi machucada a protegendo. Mesmo com toda essa enrolação, eu queria dizer que, assim como a árvore que meu pai brincava foi derrubada para dar vida a uma nova, coisas ruins acontecem para algo bom vir depois, mesmo que não pareça num primeiro momento.

Ele sorriu docemente. Tenho certeza que parte desse discurso tem um pouco dele nas entrelinhas, mas ele tem razão. Acho que nenhuma outra pessoa me animaria como ele. Ninguém saberia dizer o que eu preciso ouvir. Ele sabe.

— Obrigada, Reggie. — Disse segurando sua mão. Ele colocou a outra mão em cima da minha, a acariciando com delicadeza.
— Eu sinto muito que estejam passando por isso. Você e seu pai. Vocês não merecem isso. — Disse baixo.
— Coisas ruins acontecem, certo? — Repeti o que ele havia dito. — Pelo menos agora eu sei o que aconteceu e que eu nunca fui a culpada por ela ter ido embora. — Sorri triste.
— Você não... — O celular dele apitou. Reggie pegou o celular e me olhou. — Acabou minha pausa. — Disse baixo.
— Tudo bem. — Sorri fraco e me levantei. Ele fez o mesmo.
— Você está bem? — Perguntou pela milésima vez.
— Estou, não se preocupe. — Respondi olhando-o fixamente nos olhos. — Obrigada por ficar comigo e me ajudar.

Me aproximei o abraçando com força novamente e ele retribuiu me causando aquela sensação de conforto de novo. Eu gosto disso.
Reggie e eu nos afastamos, eu não queria, mas ele precisava voltar ao trabalho. Sei que meu pai não o demitiria se ele não voltasse, mas o Reggie é responsável, do jeito dele.

— Sempre que precisar! — Disse com calma. — Qualquer coisa, me liga. — Assenti com a cabeça e ele sorriu fraco dando um leve beijo na minha testa e se afastou.

Amor Por Entrega •Au Juke• (voltou)Onde histórias criam vida. Descubra agora